sexta-feira, 3 de outubro de 2025

PORTAL - GNA - UFOLOGIA - O APOCALIPSE DE JOEL - MARATONA APOCALIPSE - UFOLOGIA ESPIRITUAL CÓSMICA - GRUPO DE NATUREZA ALIENÍGENA - GNA

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Joel

Análise

Uma invasão de gafanhotos havia devastado a terra de


Judá. Quando Joel, filho de Petuel, meditava sobre essa cala-

midade, a Palavra do Senhor veio a ele. Joel se transformou


em um grande profeta, proclamando ao seu povo o que subja-

zia, envolvido por Deus, naquela catástrofe. O livro que traz o


seu nome registra o sermão de Joel nessa ocasião.


O profeta descreve a praga em termos de um exército hu-

mano que, locomovendo-se sempre, deixa para trás a terra


crestada (1.4-12; 2.2-10). Nesse ataque de insetos, Joel com-

preende que Deus estava operando. De fato, aquele era o exér-

cito de Deus (2.11), e o dia de sua invasão é o Dia do Senhor


- o dia do julgamento de Deus contra um povo pecaminoso


(1.15; 2.1,11). O profeta exorta o povo a arrepender-se, e es-

tende a esperança de que Deus suavizará e retirará o julga-

mento (1.14; 2.12-17).


Evidentemente o ministério de Joel foi mais bem sucedi-

do do que o de muitos de outros profetas, pois a condescen-

dência de Deus (2.18-27) indica que o povo se arrependeria.


“Mas o exército que vem do norte (isto é, os gafanhotos), eu

o removerei para longe de vós... Restituir-vos-ei os anos que

foram consumidos pelo gafanhoto migrador...” (2.20,25). Essa

é a certeza dada pelo profeta em nome de Deus.


O sermão de Joel, porém, ainda não estava terminado. Jul-

gamentos mais severos aguardavam o mundo que não queria


reconhecer a soberania de Deus nem aderir aos comuns pa-

drões éticos das nações pagãs (3.2b-8). Deus concederá gra-

ciosamente o Seu santo Espírito a todo o Seu povo (2.28,29),


mas as nações gentílicas serão julgadas e castigadas (3.1,2,9-

16). Dessa ira é que o povo de Deus será liberto (2.32). Então

Judá e Jerusalém tomar-se-ão maravilhosamente prósperos e

serão etemamente bem-aventurados com a presença divina

(3.18-21).

Nesses termos é que Joel expressou a esperança humana

e a promessa divina de que Deus, soberano em Seu mundo,


ainda fará com que Sua vontade seja feita na terra, assim como

é feita no céu. Os reinôs deste mundo se tomarão “de nosso


Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos sécu-

los" (Ap 11.15).


Autor


Sobre Joel, filho de Petuel, quase nada se conhece de de-

finido. Joel significa “o Senhor é Deus”, e era um nome he-

braico bem comum nos tempos do Antigo Testamento. As


muitas referências de Joel a Jerusalém (1.14; 2.1,15,32;

3.1,6,16,17,20,21) parecem indicar que ele nasceu nessa

cidade.

Não se pode precisar a data da praga de gafanhotos que

forma o pano de fundo desse livro. As autoridades diferem

muito em suas opiniões a respeito da data da obra, pois alguns


argumentam em favor de uma data antiga (talvez durante o rei-

nado de Joás, perto do término do nono século a.C); outros,


porém, preferem uma data pós-exílica. O fato de que a praga


de gafanhotos é chamada de “dia do Senhor” (frase essa em-

pregada em tempos posteriores para designar o dia do juízo fi-

nal) e o fato de que o livro foi colocado perto do início dos


Profetas Menores, parecem indicar que a data mais antiga é a

mais provável. A mensagem do livro não está na dependência

de sua data, e continua relevante para as atuais gerações.

Esboço

A PRAGA DE GAFANHOTOS E SUA REMOÇÃO, 1.1 — 2.27

Praga dos Gafanhotos, 1.1 -2 0

O Povo É Exortado ao Arrependimento, 2.1 -1 7

Deus se Apieda e Promete Alívio, 2.18-27

O FUTURO DIA DO SENHOR, 2.28— 3.21

O Espírito de Deus Será Derramado, 2.28-32

O Mgamento das Nações, 3.1 -1 7

Bênção sobre Israel após o Julgamento, 3.18-21


A carestia causada pelo gafanhoto

e pela seca

1

Palavra do S e n h o r que foi dirigida a

Joel, filho de Petuel.

2 Ouvi isto, vós, velhos, e escutai, todos


os habitantes da terra: Aconteceu isto em vos-

sos dias? Ou nos dias de vossos pais?0


3 Narrai isto a vossos filhos, e vossos fi-

1.2 o \\2 2


1.3 t>5l 78.4


1.4 cDt 28.38

lhos o façam a seus filhos, e os filhos destes,

à outra geração.b


4 O que deixou o gafanhoto cortador, co-

meu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o


migrador, comeu-o o gafanhoto devorador;


o que deixou o devorador, comeu-o o gafa-

nhoto destruidor.0


5 Ébrios, despertai-vos e chorai; uivai, to-

1.1 joel. O nome significa "Jeová é Deus". Pensa-se que este


profeta ministrou na época quando o rei Joás era menor de

idade, e Atalia era regente por usurpação (841-835 a.C.,

2 Rs 11.1-3). De uma grande invasão de locustas vista

pelo profeta, Joel conseguiu visualizar o que seria a invasão

pelos exércitos inimigos. Como acontece com muitos

profetas, a realidade atual e física e o futuro profético


descrevem-se com uma só linguagem (Os 2.3n).

1.4 Gafanhoto. Dos nove nomes usados para o gafanhoto no

texto hebraico do Antigo Testamento, quatro encontram-se


aqui; veja lv 11.22n. A Palestina teve experiências semelhan-

tes e igualmente terríveis como as descritas aqui nos anos


1915 e 1928.


1262


dos os qoe bebeis vinho, por causa do mosto,

porque está ele tirado da vossa boca.d

6 Porque veio um povo contra a minha

terra, poderoso e inumerável; os seus dentes

são dentes de leãoe, e ele tem os queixais de

uma leoa.


7 Fez de minha vide uma assolação, des-

troçou a minha figueira, tirou-lhe a casca, que


lançou por terra; os seus sarmentos se fizeram

brancos/

8 Lamenta com a virgem que, pelo marido

da sua mocidade, está cingida de pano de

saco.9

9 Cortada está da Casa do Senhor a

oferta de manjares e a libação; os sacerdotes,

ministros do Senhor, estão enlutados.h

10 O campo está assolado, e a terra, de

luto, porque o cereal está destruído, a vide se

secou, as olivas se murcharam.'


11 Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vi-

nhateiros, sobre o trigo e sobre a cevada, por-

que pereceu a messe do campo./


12 A vide se secou, a figueira se murchou,

a romeira também, e a palmeira e a macieira;

todas as árvores do campo se secaram, e já

não há alegria entre os filhos dos hom ens/

13 Cingi-vos de pano de saco e lamentai,

sacerdotes; uivai, ministros do altar; vinde,


ministros de meu Deus; passai a noite vesti-

dos de panos de saco; porque da casa de vosso


1.5 dis 32.10

1.6 eAp 9.8

1.7 Os 5.6

1.8aPv2.17;

Jr 3.4

1.9 6JI 1.13

1.10'Is 24.7;

Jl 24.12

1.117jr 14.3-4

1.12 *SI 4.7;

Jr 48.33

1.13'Jr 4.8

1.14 <"Lv 23.36;

2 0 20.3-4,13

1.15 "Is 13.6

1.16 °Dt 12.6-7

1.18 p Os 4.3

1.19 pSI 50.15;

Jl 2.3

1.20 rl Rs 17.7;

SI 104.21

2.1 JNmlO.5;

Jr 4.5;

Ob 15.1-48

Deus foi cortada a oferta de manjares e a

libação/

14 Promulgai um santo jejum, convocai

uma assembléia solene, congregai os anciãos,

todos os moradores desta terra, para a Casa do

Senhor, v o s s o Deus, e clamai ao Senhor.TM

15 Ah! Que dia! Porque o Dia do Senhor


está perto" e vem como assolação do Todo-

Poderoso.


16 Acaso, não está destruído o manti-

mento diante dos vossos olhos? E, da casa do


nosso Deus, a alegria e o regozijo?0

17 A semente mirrou debaixo dos seus


torrões, os celeiros foram assolados, os arma-

zéns, derribados, porque se perdeu o cereal.


18 Como geme o gado! As manadas de

bois estão sobremodo inquietas, porque não

têm pasto; também os rebanhos de ovelhas

estão perecendo.P

19 A ti, 6 Senhor, clamo, porque o fogo

consumiu os pastos do deserto, e a chama

abrasou todas as árvores do campo. 9

20 Também todos os animais do campo

bramam suspirantes por ti; porque os rios se

secaram, e o fogo devorou os pastos do

deserto/

2

Tocai a trombeta em Sião e dai voz de


rebate no meu santo monte; perturbem-

se todos os moradores da terra, porque o Dia


do Senhor vem, já está próximo;5

2 dia de escuridade e densas trevas, dia de


1.8 Marido. O jovem noivo com o qual a moça está compro-

metida por meio da família já tem o título de marido


(cf Mt 1.18).

1.9 Cortada. As nuvens de gafanhotos arruinaram a colheita,

interrompendo as ofertas diárias regulares (Êx 2 9 .4 -6 ;

Nm 15.5-7; 28.7-9).

1.14 Assembléia solene. Heb 'açãrâh, lit, "interrupção", da

raiz 'asar "encerrar", "deter", "reter". Era esta uma época

durante a qual o povo era constrangido a interromper todas

as suas atividades individuais a fim de atender ao interesse

religioso público.


1.15 Dia do Senhor. Desde as épocas mais antigas do pensa-

mento dos israelitas, havia uma expectativa da intervenção de


Deus de maneira dramática e visível, na vida deste mundo. A

idéia popular era de que Deus, naquele dia, submeteria as

nações da terra ao povo de Israel, mesmo que os israelitas não


estivessem cuidando de viver perto de Deus; mas Amós mos-

trou que a presença de Deus entre seu povo desobediente


seria um momento de julgamento (Am 5.18-20). Cf também

Is 2.12-13; Ez 13.5; Sf 1.7,14; Zc 14.1. A justiça e a soberania

de Deus também virão em julgamento sobre as nações, de

um modo geral, naquele dia: Is 13.6,9; Jr 46.10; Jl 2.31; 3.14.

No Novo Testamento, o sentido do Dia do Senhor revela-se

plenamente na doutrina da segunda vinda de Jesus Cristo


(1 Co 1.8; 5.5; Fp 1.6; 2.16). Esse dia, de qualquer modo,

significa socorro e justificação para os que pertencem a Deus,

e condenação para os que viverem afastados de Deus.

1.16 Mantimento. A palavra é 'õkhel, "comida", mas não se

refere somente à alimentação do povo. Refere-se, também,

ao sustento do templo, do culto religioso e dos sacrifícios,

conforme se vê em Ml 3.10 (onde a palavra "mantimento"

traduz o heb tereph, "presa", "comida").

1.19 Pastos do deserto. Quer dizer "campos não cultivados"

(Êx 3.2).

2.1 Trombeta. Heb shophar, da raiz shãphar, "ser agradável",


"brilhante"; era uma trombeta comprida de som doce e agra-

dável, diferente do qeren (que é uma palavra que significa


"chifre", o qual, normalmente, serve para se fabricar trombe-

tas). As trombetas de prata batida mencionadas em Nm 10.2


têm outro nome hebraico: haçôçerâh; e existia outro tipo para


o jubileu, chamado yôbhel, Lv 25.1 In. Terra. No Dia do Se-

nhor as demais nações serão julgadas bem como Israel.


2.2 Povo. Heb 'am, uma coletividade, um povo, um homem

comum, uma nação, aplicável neste caso às locustas, e aos

invasores que prenunciavam. Em 1.6, a palavra "povo" traduz

goy, que quer dizer "nação", "nação estrangeira" e, portanto,

"gentio", mas em Pv 30.25,26 aplica-se à raça, família ou

gênero das formigas e dos arganazes.


1263

nuvens e negridão! Como a alva por sobre os

montes, assim se difunde um povo grande e

poderoso, qual desde o tempo antigo nunca

houve, nem depois dele haverá pelos anos

adiante, de geração em geração.1

3 A frente dele vai fogo devorador, atrás,

chama que abrasa; diante dele, a terra é como

o jardim do Éden; mas, atrás dele, um deserto

assolado. Nada lhe escapa.“

4 A sua aparência é como a de cavalos; e,

como cavaleiros, assim correm.1'


5 Estrondeando como carros, vêm, sal-

tando pelos cimos dos montes, crepitando


como chamas de fogo que devoram o resto-

lho, como um povo poderoso posto em ordem


de combate.1“

6 Diante deles, tremem os povos; todos os

rostos empalidecem."

7 Correm como valentes; como homens

de guerra, sobem muros; e cada um vai no seu

caminho e não se desvia da sua fileira.

8 Não empurram uns aos outros; cada um

segue o seu rumo; arremetem contra lanças e

não se detêm no seu caminho.

9 Assaltam a cidade, correm pelos muros,

sobem às casas; pelas janelas entram como

ladrão.)'

10 Diante deles, treme a terra, e os céus se

abalam; o sol e a lua se escurecem2, e as

estrelas retiram o seu resplendor.

1 1 0 S e n h o r levanta a voz diante do seu

exército; porque muitíssimo grande é o seu

arraial; porque é poderoso quem executa as

suas ordens; sim, grande é o Dia do S e n h o r “

e mui terrível! Quem o poderá suportar?


2.2 tÊx 10.14;

Am 5.18,20

2.3 uGn 2.8;

111.19-20

2.4 v-Ap 97

2.5 "(4-5)

Ap 9.7-9

2.6 *Jr 8.21;

Na 2.10

2.9 y]r 9.21

2.10 r A p 8.12

2.11 oAp 6.17

2.12 6)r 4.1

2.13 cGn 37.34;

2Sm 1.11;

Jó 1.20; jn 4.2

2.14 4 Js 14.12;

2Sm 12.22;

2Rs 19.4; |I1.9,

13; ln 3.9;

Ag 2.19

2.15 ^Nm 10.3

2.16'Êx 19.10;

2 0 20.13;

Jl 1.14; 1 Co 7.5

2.17

9Êx 32.11-12;

SI 42.10;

Mq 7.10

2.18 7>Dt 32.36;

Zc 1.14

A misericórdia do SENHOR 2.19Í|I1.10

12 Ainda assim, agora mesmo, diz o

S e n h o r : Convertei-vos a mim de todo o

2.20/1x10.19;

Jr 1.14; Zc 14.8

vosso coração; e isso com jejuns, com choro

e com pranto.b


13 Rasgai o vosso coração, e não as vos-

sas vestes, e convertei-vos ao S e n h o r , v o s s o


Deus, porque ele é misericordioso, e compas-

sivo, e tardio em irar-se, e grande em benigni-

dade, e se arrepende do mal.c


14 Quem sabe se não se voltará, e se arre-

penderá, e deixará após si uma bênção, uma


oferta de manjares e libação para o S e n h o r ,

vosso Deus?d

15 Tocai a trombeta em Sião, promulgai

um santo jejum, proclamai uma assembléia

solene.e


16 Congregai o povo, santificai a congre-

gação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos e


os que mamam; saia o noivo da sua recâmara,

e a noiva, do seu aposento/

17 Chorem os sacerdotes, ministros do

S e n h o r , entre o pórtico e o altar, e orem:

Poupa o teu povo, ó S e n h o r , e não entregues

a tua herança ao opróbrio, para que as nações

façam escárnio dele. Por que hão de dizer

entre os povos: Onde está o seu Deus?9

18 Então, o Senhor se mostrou zeloso da

sua terra, compadeceu-se do seu povoh

19 e, respondendo, lhe disse: Eis que vos

envio o cereal, e o vinho, e o óleo, e deles

sereis fartos, e vos não entregarei mais ao

opróbrio entre as nações.'

20 Mas o exército que vem do Norte, eu o

removerei para longe de vós, lançá-lo-ei em


uma terra seca e deserta; lançarei a sua van-

guarda para o mar oriental, e a sua retaguarda,


para o mar ocidental; subirá o seu mau cheiro,


e subirá a sua podridão; porque agiu podero-

samente./


21 Não temas, ó terra, regozija-te e ale-

gra-te, porque o Senhor faz grandes coisas.


JOEL 2,21


2 .7 -9 Correr sobre os muros também é uma possibilidade


para invasores humanos, Já que os muros orientais eram lar-

gos como estradas (Ne 12.31 -38).


2.10 Treme a terra. Em Ap 8.12, João descreve o mesmo

evento; dá-nos alguns pormenores, e João fala-nos dos

outros.

2.11 Seu exército. Primariamente, refere-se às locustas que


obedecem ao plano divino; profeticamente, é a hoste do Se-

nhor a executar Seu julgamento sobre o mundo rebelde.


Comp a cena paralela descrita em Ap 19 e em Z c 4.

2.12 Agora.Um último apelo ao arrependimento antes do

castigo.

2.17 Onde está o seu Deus? C f os escarnecedores, em

SI 42.10.


2.19 Cereal... vinho... óleo. Estas palavras representam a to-

talidade do sustento alimentício: os amidos, as vitaminas e a


proteína, os produtos mais típicos da terra, produzindo a co-

mida, a bebida e o combustível (o óleo que também serve


como ungüento).

2.20 O exército que vem do Norte. A maior parte dos invasores


de Israel vieram, e virão, do Norte (cf Ez 38.6,15). Mar orien-

tal. O mar Morto (cf Ez 47.18). Mar ocidental. O Mediterrâ-

neo (cf Dt 11.24). Os gafanhotos que invadem a Palestina


são freqüentemente levados pelos ventos fortes; este versículo


descreve a maneira das invasões de gafanhotos, mas as dire-

ções se referem a movimentos humanos.


2.21 Terra. Heb 'a dhãmâh, o solo vermelho, do qual foi feito

o homem, heb ‘õdãm, que é o nome do primeiro homem,

Adão. Trata-se aqui do solo fértil invadido pelos gafanhotos,


1264


22 Não temais, animais do campo, porque

os pastos do deserto reverdecerão, porque o

arvoredo dará o seu fruto, a figueira e a vide

produzirão com vigor.*


23 Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, rego-

zijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele


vos dará em justa medida a chuva; fará des-

cer, como outrora, a chuva temporã e á se-

rôdia. 1


24 As eiras se encherão de trigo, e os laga-

res transbordarão de vinho e de óleo.


25 Restituir-vos-ei os anos que foram

consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo

destruidor e pelo cortador, o meu grande

exército que enviei contra vós outros.m


26 Comereis abundantemente, e vos farta-

reis, e louvareis o nome do Senhor, vosso


Deus, que se houve maravilhosamente con-

vosco; e o meu povo jamais será envergo-

nhado."


27 Sabereis que estou no meio de Israel e

que eu sou o Senhor, vosso Deus, e não há


outro; e o meu povo jamais será envergo-

nhado.0


2.22*111.18-20

2.23 'Lv 26.4;

Is 41.16; Zc 10.7

2.25 m|l 1.4

2.26 "Lv 26.5;

SI 22.26

2.27

°Lv 26.11-12;

Ez 37.26-28

2.28 Pis 44.3;

Zc 12.10;

At 2.17

2.29

<?1Co 12.13;

Cl 3.11

2.30 rMt 24.29;

Lc 21.11,25

2.31 sMt 24.29;

Mc 13.24-25;

Lc 21.25;

Ap 6.12-13

2.32 iRm 10.13

u (28-32)

At 2.17-21

3.1 >-|r 30.3

3.2 »-2Cr 20.26;

Ez 38.22;

Zc 14.2-4

Promessa do derramamento do Espírito

28 E acontecerá, depois, que derramarei o

meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos


e vossas filhas profetizarão, vossos velhos so-

nharão, e vossos jovens terão v isõ e s/


29 até sobre os servos e sobre as servas

derramarei o meu Espírito naqueles dias. o

30 Mostrarei prodígios no céu e na terra:

sangue, fogo e colunas de fum aça/

31 O sol se converterá em trevas5, e a

*Ob 11.1-48

3.4 yls 23.1-18;

Ez 26.1-28.26;

Am 1.9-10;

Zc 9.2-4;

Mt 11.21-22;

Lc 10.13-14

zls 14.29-31;

Jr 47.1-7;

Ez 25.15-17;

Am 1.6-8;

Sf 2.4-7;

Zc 9.5-7

lua, em sangue, antes que venha o grande e

terrível Dia do Senhor.


32 E acontecerá que todo aquele que invo-

car o nome do Senhorf será salvo; porque,


no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que

forem salvos, como o Senhor prometeu; e,

entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor

chamar.“

Os juízos de Deus sobre as nações inimigas

3

Eis que, naqueles dias e naquele tempo,

em que mudarei a sorte de Judá e de

Jerusalém,1'

2 congregarei todas as nações e as farei

descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em

juízo contra elas por causa do meu povo e da


minha herança, Israel, a quem elas espalha-

ram por entre os povos, repartindo a minha


terra entre si."'

3 Lançaram sortes sobre o meu povo, e

deram meninos por meretrizes, e venderam

meninas por vinho, que beberam/

4 Que tendes vós comigo, Tiro)', e Sidom,


e todas as regiões da Filístiaz? É isso vin-

gança que quereis contra mim? Se assim me


quereis vingar, farei, sem demora, cair sobre

a vossa cabeça a vossa vingança.

5 Visto que levastes a minha prata e o meu

ouro, e as minhas jóias preciosas metestes nos

vossos templos,

6 e vendestes os filhos de Judá e os filhos

de Jerusalém aos filhos dos gregos, para os

apartar para longe dos seus limites,

7 eis que eu os suscitarei do lugar para


já que a palavra "terra" no sentido de país, nação ou território

é 'ereç, em heb.


2.23 A chuva temporã e a serôdia. Havia sempre duas esta-

ções chuvosas na Palestina, a primeira em outubro, que pre-

parava a terra para o cultivo, e a segunda em abril, que dava


às plantas a força necessária para produzir frutos que amadu-

recem com o sol do verão. O contexto nos dá a entender que


Deus já havia interrompido esta seqüência, mas que a restau-

raria na época da volta dos israelitas à sua terra. Veja Lv 26.4;


Dt 11.14,17; 1 Rs 8.35,36.

2.28 Depois. A expressão heb 'aharê-khèn, refere-se à época

messiânica, e é equivalente a "nos últimos dias", conforme

se interpreta em At 2.17. Refere-se à vinda de Jesus Cristo

(cf 1.15n).

2.32 Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. A

plenitude do significado desta expressão vê-se no NT, onde

se lê que qualquer pessoa que crê no Senhor Jesus Cristo já

tem a salvação eterna (Rm 10.13; Jo 3.16). Os sobreviventes.

O verdadeiro remanescente de Israel; durante toda a história


deste povo tem havido aqueles que permaneceram fiéis ao

Senhor no meio da incredulidade nacional. Veja a promessa


maravilhosa de sobreviventes que se voltarão para o seu Mes-

sias, Jesus Cristo (Rm 11.26).


3.1 Naqueles dias. A época messiânica que se vislumbra no

futuro distante. Mudarei a sorte. A volta dos judeus, em


grande escala, para a Palestina pode ser um sinal da proximi-

dade da volta do Senhor à terra (Jr 29.14n).


3.2 Vale de josafá. A planície do Armagedom. O nome signi-

fica "jeová julgou", e só em Joel se emprega o mesmo para


descrever este vale (cf 3.12). Entrarei em juízo. A última guerra


mundial não mais sucederá para resolver quais nações ou ho-

mens dominarão a terra; será uma questão de julgamento


entre Deus e os homens. O resultado terminará com o domí-

nio de Jesus Cristo, plenamente homem e plenamente Deus


(cf 1 Co 15.25; 1 Tm 3.16).

3.4 As regiões da Filístia. As cinco cidades dos filisteus

(1 Sm 6.17) ficaram nas planícies no sudoeste da Palestina.


1265 JOEL 3.21


3.7 01s 43.5-6

3.8 6jr 6.20

3.9 c Is 8.9-10;

Ez 38.7

3.10 4 Is 2.4;

Mq 4.3

3.11 eSI 103.20;

|l 3.2

3.12'SI 96.13;

|l 3.2

3.13

9Ap 14.15-20;

19.15

3.14 »\\ 2.1

3.15 <JI 2.10

3.16 Mm 1.2

3.17 41s 35.8;

|l 2.27; Na 1.15;

Ap 21.27

3.18 'Nm 25.1;

Is 30.25;

Am 9.13;

Ap22.1

3.19 mis 19.1;

Ez 25.12;

Ob 10.1-48

3.20 "Am 9.15

3.21 o is 4.4;

1148.17


16 O S e n h o r brama de Siãof e se fará


ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra treme-

rão; mas o S e n h o r será o refugio do seu


povo e a fortaleza dos filhos de Israel.

17 Sabereis, assim, que eu sou o Senhor,

vosso Deus, que habito em Sião, meu santo

monte; e Jerusalém será santa; estranhos não

passarão mais por ela.*

A restauração de Israel

18 E há de ser que, naquele dia, os montes

destilarão mosto, e os outeiros manarão leite,

e todos os rios de Judá estarão cheios de

águas; sairá uma fonte da Casa do Senhor e

regará o vale de Sitim.'

19 O Egito se tomará uma desolação, e

Edom se fará um deserto abandonado, por

causa da violência que fizeram aos filhos de


Judá, em cuja terra derramaram sangue ino-

cente. m


20 Judá, porém, será habitada para sem-

pre, e Jerusalém, de geração em geração.n


21 Eu expiarei o sangue dos que não fo-

ram expiados, porque o Senhor habitará em


Sião.0


onde os vendestes e farei cair a vossa vin-

gança sobre a vossa própria cabeça.0


8 Venderei vossos filhos e vossas filhas

aos filhos de Judá, e estes, aos sabeus, a uma

nação remota, porque o Senhor o disse.h

9 Proclamai isto entre as nações: Apregoai


guerra santa e suscitai os valentes; cheguem-

se, subam todos os homens de guerra.0


10 Forjai espadas das vossas relhas de

aradod e lanças, das vossas podadeiras; diga

o fraco: Eu sou forte.

11 Apressai-vos, e vinde, todos os povos

em redor, e congregai-vos; para ali, ó

Senhor, faze descer os teus valentes.0

12 Levantem-se as nações e sigam para o

vale de Josafá; porque ali me assentarei para

julgar todas as nações em redor/

13 Lançai a foices, porque está madura a

seara; vinde, pisai, porque o lagar está cheio,


os seus compartimentos transbordam, por-

quanto a sua malícia é grande.


14 Multidões, multidões no vale dâ Deci-

são! Porque o Dia do Senhor está perto, no


vale da Decisão.h

15 O sol e a lua se escurecem, e as estrelas

retiram o seu resplendor.'

3.8 Sabeus. Comerciantes conhecidos (cf Ez 28.22), da terra

de Sabá, cuja rainha visitara ao rei Salomão (1 Rs 10.1-13).

3.9 Apregoai guerra santa. Esta é a vocação de Joel (3.2), de

Zacarias (Zc 14.2) e de João (Ap 19.19).

3.10 forjai espadas. As profecias de Is 2.4 e de Mq 4.3, o

inverso desta, só se podem cumprir depois de passar todas as


guerras e tribulações que se profetizam aqui e em tantos ou-

tros trechos da Bíblia. Só quando Cristo, o Príncipe da Paz,


reinar, poderá haver a paz final, e isto só depois de muitas

angústias (Lc 21.7-24).

3.11 Os teus valentes. As hostes do Senhor (cf 2.11 n).


3.13 Foice. Esta figura representa o povo pecaminoso como

videiras no vinhal, prontas para serem ceifadas (cf Ap 14.9).

3.14 Vale da Decisão. É o vale de Josafá (cf 3.2n), cena da


batalha final que decidirá quem governará o mundo, o Deus-

Homem Jesus Cristo, ou Satanás, através do homem do pe-

cado (cf 2 Ts 2.3,9).


3.17 Estranhos. As numerosas nações gentias que ocuparam

a cidade.

3.18 O vaie de Sitim. O vale profundo no qual se acha o mar

Morto.

3.19 Cf a profecia mais completa de Obadias (w 8-18).


O "Apocalipse de Joel" refere-se às profecias do Livro de Joel, que descreve um "Dia do Senhor" marcado por desastres naturais (como a praga de gafanhotos) e pelo derramamento do Espírito Santo sobre toda a humanidade, com visões, sonhos e profecias para todosO apóstolo Pedro identifica o cumprimento inicial dessa profecia no Dia de Pentecostes, no Novo Testamento. 


As predições do livro do Apocalipse que ainda não se cumpri- ram logo se ... ” Joel 1:10-12, 17-20. “Os cânticos do templo serão gritos de dor naquele ..


JOEL


Q j " - '


O Livro que Descreve o

Dia do Senhor


JOEL 3483


INTRODUÇÃO


Quanto ao significado do nome Joel, ver no Dicionário o artigo

Joel (Não o Profeta).

Esboço:

I. Caracterização Geral

II. Joel e a Autoria do Livro de Joel

III. Data

V. Pano de Fundo Histórico e Propósitos

V. Alguns Pontos Teológicos Distintos do Livro

VI. Esboço do Conteúdo

VII. Bibliografia

I. Caracterização Geral

Joel foi um profeta do reino de Judá, que alguns pensam ter

agido em cerca de 800 A.C., enquanto outros imaginam ser dos

tempos pós-exílicos. Mas, apesar de suas profecias terem sido

dirigidas especificamente ao reino do sul, Judá, a sua mensagem é

universal. Se aceitarmos a data mais antiga, então o seu ministério

se deu durante o reinado de Joás (II Crô. 22—24). Assim sendo, é

possível que tenha conhecido Elias, quando ainda era menino, e

por certo era contemporâneo de Eliseu. Joel escreveu uma


obra-prima poética, falando sobre a devastadora praga de gafa-

nhotos que havia assolado a Palestina. Todavia, seu poema profé-

tico envolve quatro mensagens centrais. Além da espantosa de-

vastação produzida pelos gafanhotos (símbolo da ira divina, além


de poder predizer outros juízos divinos), Joel também falou sobre a

frutificação renovada da terra, sob a condição de arrependimento;


0 dom do Espírito, nos últimos dias; e o julgamento final das na-

ções que tinham perseguido ou causado dano à nação de Israel.


Os estudiosos conservadores vêem sentidos escatológicos ainda

mais profundos em seus escritos, afirmando que eles se aplicam

ao final da nossa dispensação. De fato, o esquema profético de

Joel é o mais completo do Antigo Testamento, embora o autor nos


apresente esse esquema em largas pinceladas. Só o Novo Testa-

mento vai mais longe na abrangência de sua visão. Naturalmente,


em um livro pequeno como o de Joel, não há detalhes, que os

demais livros proféticos se encarregam de preencher. Não foi à toa


que Pedro, no primeiro sermão da igreja cristã, tenha citado direta-

mente somente Joel e Davi! Ver Atos 2.14-36.


Para alguns eruditos, o livro de Joel não foi escrito somente por

um autor; segundo eles, houve uma série de suplementos, da parte


de outros autores, que seriam nacionalistas e escatologistas militan-

tes. Esses acreditam que tudo o que se lê de Joel 3.1 em diante é


suplementar. Além disso, um editor jeovista (alguém que favorecia o

uso do nome divino Yahweh) teria feito alguns acréscimos nos caps.

1 e 2, procurando converter a descrição da praga de gafanhotos em

uma profecia sobre o dia do juízo divino. Nesse caso, Joel teria


originalmente narrado, com grande brilhantismo, a praga de gafa-

nhotos, que havia devastado campos, pomares e vinhedos, além de


haver convocado o povo de Judá ao jejum e à oração, para que a

devastação dos insetos terminasse. Finalmente, Joel teria registrado


o livramento que se havia seguido, mediante ações de graças. Usu-

almente, quando os eruditos vêem a mão de vários autores em um


livro, mormente se esse é pequeno, como o de Joel, eles se estri-

bam sobre meras razões subjetivas, escudando-se naquilo que este


ou aquele supõe que o autor sagrado deva ter escrito. E os argu-

mentos contrários são igualmente subjetivos, de tal modo que quase


sempre esses debates são inócuos, e não levam a nada. Os eruditos

conservadores, como é natural, não gostam de ver os livros da Bíblia

perturbados e manipulados, quase como se isso fosse contrário à

divina inspiração. Os estudiosos liberais, por sua vez, em seu afã por

sondar, examinar e entender pequenos detalhes, quase sempre se

acham capazes de encontrar mais de um autor em qualquer obra

escrita. Mas, se houve mesmo um só ou mais de um autor, em


qualquer livro da Bíblia, isso nada tem que ver com a sua

espiritualidade, e só deve tornar-se uma questão de debate se puder

aprimorar o nosso conhecimento acerca das qualidades históricas e

literárias da obra em discussão.

Na lista dos doze profetas menores, segundo o cânon hebreu,

Joel aparece em segundo lugar; mas, na Septuaginta (ver a respeito

no Dicionário), aparece em quarto lugar. O texto massorético exibe


os quatro capítulos tradicionais; mas as versões da Septuaginta tra-

zem três, combinando os capítulos 2 e 3 em 2.1-27,28-32. A Vulgata


Latina também segue esse arranjo.

A profecia de Joel parte da praga de gafanhotos, agravada por


seca e fome subseqüentes. Essa praga se assemelhava a um exérci-

to devastador, que atravessou, marchando, a região inteira da Pales-

tina. Isso levou o profeta a meditar em termos mais amplos, sobre o


juízo divino vindouro. Alguns estudiosos vêem aí uma predição sobre

os cativeiros assírio e babilónico, e, além disso, um quadro


escatológico sobre o futuro Dia do Senhor. Tal juízo requer arrepen-

dimento da parte dos homens, pelo que lemos: “Rasgai o vosso


coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos...’’ (2.13), o que


aponta para um autêntico arrependimento, e não para mero cerimoni-

al religioso. A lamentação também é requerida (1.14; 2.15). Os sa-

cerdotes deveriam tomar a liderança, conclamando o povo ao arre-

pendimento e à retidão de vida; porém, somente uma conversão


genuína será capaz de salvar, no dia da tribulação (2.12-17). Deus é

misericordioso com os penitentes (2.14).

O estilo de Joel é dramático e prende a atenção do leitor. Os


processos da natureza, bem como aqueles provocados pelos ho-

mens, estão sob o controle de Deus, de tal modo que, em todas as


vicissitudes da vida, a nossa responsabilidade primária é diante de

Deus. O juízo divino não consiste em mera vingança. Antes, é um

meio de produzir o bem, visando especificamente esse bem, embora

precise preencher o seu ofício retributivo. A salvação é prometida

aos humildes e aos arrependidos. É interessante observar que Pedro,

ao empregar as predições de Joel, convocou o povo judeu a

arrepender-se.

Se procurarmos por duas contribuições distintivas do livro de

Joel, poderemos apontar para sua ênfase sobre o Dia do Senhor e

sobre o derramamento do Espírito Santo sobre todo o povo de Deus.

O Novo Testamento ensina-nos que o cumprimento primário dessas


predições se deu no dia de Pentecostes (ver a respeito no Dicioná-

rio), dez dias após a ascensão do Senhor Jesus, conforme se vê no


segundo capítulo do livro de Atos. Mas o cumprimento maior espera

pelo próprio Dia do Senhor (ver também a respeito no Dicionário),


aquela série de acontecimentos que culminará com o segundo ad-

vento de Cristo e o estabelecimento do reino milenar de nosso Se-

nhor, Jesus Cristo.


II. Joel e a Autoria do Livro de Joel

1. Joel. Praticamente nada conhecemos a respeito de Joel, e as

próprias tradições não nos ajudam muito. Sabemos que ele atuou

como profeta no reino do sul, Judá, e que seu livro era listado

como o segundo dos profetas menores. O nome de seu pai era


Petuel (Joel 1.1; Atos 2.16). Ele vivia em Judá, talvez em Jerusa-

lém. A data de seu ministério é disputada. Alguns o situam tão


cedo quanto 800 A.C., pelo que ele seria contemporâneo do rei


Uzias e de profetas como Amós e Isaías, tendo talvez até conhe-

cido Elias e Eliseu. A obscuridade de Joel tem mesmo feito al-

guns eruditos opinar que sua realidade histórica é duvidosa.


2. Autoria. Temos aqui um problema de integridade. Em outras pa-

lavras, uma pessoa só escreveu o livro inteiro, ou, em sua forma


presente, o livro é uma compilação? Isso é mais bem tratado na

primeira seção, Caracterização Geral.

III. Data


As datas atribuídas ao livro de Joel variam muito. Alguns o situ-

am pouco depois da divisão de Israel em dois reinos: Israel e Judá,


3484 JOEL

ou seja, algum tempo depois de 932 A.C. Outros pensam que Joel

escreveu no tempo de Malaquias, em cerca de 400 A.C., ou mesmo


mais tarde. Se a praga de gafanhotos teve por intuito advertir, meta-

foricamente, sobre as invasões assíria e babilónica, com os subse-

quentes dois cativeiros, então o livro é de origem pré-exílica, talvez


nos dias de Joás, rei de Judá, que reinou em cerca de 835—832 A.C.

Argumentos em Favor da Data Mais Antiga:

1. O estilo e a atitude geral do livro são diferentes dos livros de Ageu,

Zacarias e Malaquias, profetas pós-exílicos. Sua linguagem e estilo

pertencem mais ao período da literatura clássica dos hebreus.

2. Joel parece paralelo ao livro de Amós, e este último parece ter feito

uso de certas idéias de Joel, como Joel 3.16 (em Amós 1.2) e Joel

3.18 (em Amós 9.13).

3. Os adversários de Israel, no livro de Joel, são os fenícios, filisteus,


egípcios e idumeus (3.4), e não os assírios e babilônios, que asse-

diaram Israel e Judá bem mais tarde.


4. A posição de Joel, como o segundo livro da lista dos profetas

menores (embora quarto, na Septuaginta), indica uma data mais

antiga do livro.

5. Joel 1.1—2.7 é similar às profecias de Jeremias, sobretudo as de

Isaías (4.2,3).

6. Joel não faz nenhuma alusão aos assírios e babilônios, o que


parece inconcebível caso ele tivesse vivido quando essas potênci-

as estavam levantando-se ameaçadoras. Se o cativeiro assírio e o


cativeiro babilónico já tivessem ocorrido, é difícil imaginar por que

ele não teria tecido nenhum comentário a respeito. E se certos

trechos de Joel, de acordo com alguns, seriam referências a esses

cativeiros, então deve-se responder que são trechos proféticos

preditivos e não históricos, como ocorre Osé. 6.11 e Miq. 1.16.

Argumentos em Favor da Data Mais Recente:


1. Joel 3.1 é uma clara referência ao cativeiro babilónico, se partir-

mos da idéia de que temos aí um informe histórico, e não uma


profecia preditiva.

2. Os eruditos encontram mais de vinte paralelos literários com os

profetas posteriores, como Malaquias e Obadias, contradizendo

os pontos 2 e 5, anteriores. As fontes informativas que temos

investigado não listam esses alegados paralelos, porém devemos

supor que eles sejam satisfatórios, para alguns estudiosos, como


evidências. Todavia, isso enfraquece bastante o argumento, po-

dendo até mesmo invalidá-lo.


3. A descrição de Joel sobre a adoração religiosa parece refletir um


país unido, e não dividido, e isso situaria o livro, quanto ao tem-

po, após o retorno de Judá do cativeiro babilónico. Não há alu-

sões à adoração idólatra nos lugares altos etc., o que fez parte


importante da história de Judá, antes do cativeiro. Nenhuma men-

ção é feita ao reino do norte, provavelmente porque ele não mais


existia. Judá, agora, era Israel; as circunstâncias que prevaleci-

am após o exílio babilónico, assim como o retorno de Judá,


transparecem no fato de que “Judá” e “Israel” são nomes usados

como sinônimos (2.27; 3.2,16,20).


4. A expressão de Joel, “opróbrio, para que as nações façam escár-

nio deie” (2.17,19), é típica dos tempos pós-exílicos.


5. Os “muros” referidos em 2.9 talvez sejam as muralhas restaura-

das por Neemias, em Jerusalém, em 444 A.C.


6. Os gregos são mencionados, mas não como o poder mundial do-

minante (3.6). O predomínio grego só ocorreu após Alexandre, o


Grande (336-323 A.C.).


7. Sidom ainda haveria de ser julgada (3.4), mas isso não aconte-

ceu senão quando Artaxerxes III realizou o julgamento, vendendo


os sidônios à escravidão, em cerca de 345 A.C.

8. Várias palavras hebraicas são de uso tardio, como “ministros”

(1.9,13; 2.17); “lanças” (2.8); “vanguarda” e “retaguarda” (2.20); o

pronome pessoal “eu”, que Joel dá como ani, mas que o hebraico

mais antigo dizia anoki. Ver Joel 2.27; 3.10,17.


9. A ênfase escatológica é similar àquela dos profetas posteriores,

isto é, Ezequiel, Sofonias, Zacarias e Malaquias.

Datas Anteriores e Posteriores. Alguns estudiosos afirmam que a

porção original do livro de Joel reflete o período pré-exílico (1.1—

2.27), mas o restante do livro é de origem pós-exílica. Essa teoria


poderia explicar os vários argumentos que defendem as datas anteri-

ores e posteriores para o livro.


Na verdade, não há como solucionar o problema da data do livro

de Joel, nem a ausência dessa informação prejudica, em sentido

algum, a tremenda mensagem divina que o livro nos oferece.

IV. Pano de Fundo Histórico e Propósito

A grande praga de gafanhotos e o julgamento divino, ou dia do

juízo, simbolizado por aqueia praga, foram o que deu origem a este

livro. Grandes pragas de gafanhotos ocorriam periodicamente, no

Oriente Próximo, até onde a história é capaz de registrar, pelo que é


impossível identificar qualquer praga particular, como aquela mencio-

nada por Joel. Se este livro foi escrito em tempos pré-exílicos, em


antecipação ao castigo das nações de Israel e de Judá pelos assírios

e babilônios, respectivamente, então esse foi um dos motivos da

composição do livro. O motivo imediato dos oráculos de Joel foi o

incidente da severa praga de gafanhotos. Todavia, uma coisa não

podemos esquecer: Joel antevia um julgamento divino final, no dia do

Senhor. E alguns eruditos vinculam as profecias de Joel ao

Armagedom (ver a respeito no Dicionário), através da invasão da

Palestina por parte de potências gentílicas do norte (Joel 2.1-10). A


destruição desses exércitos invasores aparece em Joel 2.11. O arre-

pendimento da nação de Israel, no fim, é visto em Joel 2.12-17.


Também há menção à infusão ou derramamento do Espírito, em

bases mundiais, em Joel 2.12-17, nos últimos dias (o que para nós

ainda parece futuro). Todavia, devemos entender que, para Pedro, o

início do cristianismo já marcava os “últimos dias” (ver Atos 2.16,17).

O retorno do Senhor Jesus ao mundo (a parousis, consultar sobre

esse termo no Dicionário) é visto em Joel 2.30-32, e o recolhimento

do disperso povo de Israel, em sua própria terra, em Joel 3.1-16. Em

seguida, aparecem as bênçãos do reino milenar (Joel 3.17-21).


Quantos desses informes são realmente proféticos, e quanto os cris-

tãos têm lido nessas predições, continuará sendo motivo de debates,


até que os acontecimentos preditos realmente aconteçam. Natural-

mente, o livro faz do arrependimento a condição sine qua non para


alguém estar espiritualmente preparado para aqueles momentosos

acontecimentos finais.

V. Alguns Pontos Teológicos Distintos do Livro

1. Se admitirmos que o livro de Joel contém predições sobre os

últimos dias desta dispensação, então a mensagem dele é crucial

para que possamos formar um completo esquema escatológico.

“É notável que Joel, tendo surgido no começo mesmo da profecia

escrita (836 A.C.), seja o livro que nos fornece a visão mais

completa da consumação de toda a profecia escrita” (SCO, in

loc.) As observações feitas por Joel naturalmente dependem, em

grande parte, da data em que o livro foi composto e, em segundo

lugar, da aplicação correta das predições em questão. Se Joel só

falava sobre uma praga de gafanhotos e sobre a necessidade de


Israel se arrepender, em face dessa praga, então o livro é ridicu-

lamente destituído de importância!


2. A posição exclusiva dada à nação de Israel, na economia divina, é


muito enfatizada. Joel afunila ainda mais o esboço de sua aten-

ção: somente um remanescente, dentro do povo de Israel, será


salvo, e não a casa inteira de Israel (2.32). Naturalmente, essa

visão é menos abrangente que a de uma restauração universal

de todas as coisas, como a que se vê em Atos 3.20,21 e Efé.

1.9,10. Joel vai até onde Paulo também foi (ver Rom. 11.26), pois

ambos acreditavam na conversão final de todos os escolhidos

dentre o povo de Israel.


JOEL 3485


3. O derramamento universal do Espírito Santo aparece em Joel

2.28,29. Os cristãos primitivos aplicavam isso ao Pentecostes e a

seus resultados, conforme se vê em Atos 2.16 ss., mas não

exclusivamente a eles, porque o restante do Novo Testamento

prevê um derramamento muito maior e cabal do Espírito Santo,

durante o período da Grande Tribulação, com uma colheita de

almas inigualável em toda a história do mundo: “Depois destas

cousas vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar,

de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do

trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com


palmas nas mãos, e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nos-

so Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a


salvação” (Apo. 7.9,10).

4. Uma figura messiânica todo-importante não figura no livro de

Joel.


5. Joel via claramente como o propósito e as obras de Deus acom-

panham e influenciam os processos históricos no mundo, uma


visão teísta, em contraste com a posição do deísmo. Ver no

Dicionário sobre o Teísmo e sobre o Deísmo.

6. O Dia do Senhor. “As duas grandes contribuições de Joel à religião


bíblica encontram-se em sua ênfase no Dia do Senhor e no derra-

mamento do Espírito de Deus sobre todos os povos’’ (AM). Quanto


a referências sobre o Dia do Senhor, ver Joel 1.15; 2.1,11,31; 3.14.

Ver no Dicionário o artigo separado sobre o Dia do Senhor

VI. Esboço do Conteúdo

I. O Dia do Senhor Exemplificado (1.1-20)

1. O profeta (1.1)

2. A praga de gafanhotos (1.2-7)

3. O arrependimento de um povo aflito (1.8-20)

II. O Dia do Senhor nas Profecias Bíblicas (2.1-32)

1. Os exércitos invasores (2.1-10)

2. O exército do Senhor no Armagedom (2.11)

3. O remanescente penitente (2.18-29)

4. Sinais da vinda do Senhor (2.30-32)

III. O Julgamento das Nações (3.1-19)

1. A restauração de Israel (3.1)

2. O julgamento das nações (3.2,3)

3. Condenação da Fenícia e da Filístia (3.4-8)

4. Edom e Egito desolados (3.17-19)

IV. As Bênçãos do Milênio (3.20,21)

1. Judá é restaurada e perpetuada (3.20)

2. O Senhor sobre Seu trono, em Sião (3.21)


VII. Bibliografia

AM G HARR IIB PF PU SCO

Ao Leitor

O leitor sério, antes de lançar-se ao estudo deste livro, lerá a

Introdução, que trata de assuntos importantes como: caracterização

geral; Joel e a autoria do livro de Joel; data; pano de fundo histórico;

propósitos; alguns pontos teológicos distintos do livro. Os profetas


são classificados, cronologicamente, de acordo com o esquema se-

guinte: pré-exílicos; exílicos e pós-exílicos. Há controvérsia sobre a


questão no que diz respeito a Joel, o que discuto amplamente na

introdução, seções I e III. Uma poderosa nação (1.6) haveria de

atacar, Alguns estudiosos dizem que estão em pauta os assírios,

mas outros falam nos babilônios. Certos eruditos, porém, pensam

que a referência seja geral e fale de ambos os poderes. A grande

praga de gafanhotos (Joel 1.1 - 2.27) pode ser uma metáfora sobre

um ou mais povos invasores. Ou então está em foco uma. praga

literal de gafanhotos, tão gigantesca que ocupou larga porção do

livro. Mais provavelmente a praga foi literal, porém tornou-se símbolo

de “hordas humanas” em um ataque.

Há certo número de empréstimos ou alusões às mensagens dos

profetas que ministram próximo à época do cativeiro babilónico, o


que parece situar as profecias de Joel dentro desse período de tem-

po. A praga de gafanhotos foi tomada como terrível advertência de


coisas ainda piores que estavam por vir. Não foi necessário nenhum

prodigioso salto mental para reconhecer que o advento do Dia do

Senhor foi ordenado de antemão por eventos da própria época do

profeta. Portanto, Joel 2.28 e 3.21 abordam especificamente essa

questão.


Ver o gráfico dos profetas de Israel e Judá, apresentado na intro-

dução ao livro de Oséias. Ver também no Dicionário os artigos gerais


chamados Profecia, Profetas e Dom da Profecia.

As catástrofes descritas foram, obviamente, concebidas como


vindas sobre um povo pecaminoso. A mente dos hebreus não ad-

mitia o acaso. Se havia algum sofrimento, é porque havia algum


pecado. Essa era uma resposta simplista para o Problema do Mal

(ver a respeito no Dicionário — por que os homens sofrem e por

que sofrem como sofrem?). A Lei Moral da Colheita segundo a

Semeadura é uma das respostas para esse problema. Ver sobre

esse título no Dicionário.


JOEL 3487


EXPOSIÇÃO

C ap ítu lo Um

A Grande Praga de Gafanhotos e a Seca (1.1 - 2.27)

Sobrescrito (1.1)

1.1

Palavra do Senhor, que foi dirigida a Joel. Nada sabemos, virtualmente,

sobre o profeta Joel. Não existem notas históricas que nos digam alguma coisa

sobre sua família e sua vida pessoal, nem mesmo sobre as condições de seu


ministério. Somos informados que seu pai se chamava Petuel, mas ele é igual-

mente desconhecido. Joel (Yahweh é Deus) é nome comum nas páginas do


Antigo Testamento, batizando treze homens diferentes. Ver sobre Joel (Não o

Profeta). Quanto ao Joel deste livro, ver a seção II da Introdução.

Inspiração divina é reivindicada para as profecias que se seguem. Yahweh

revelou coisas importantes a Joel, que Judá tinha de saber. E Joel foi o vaso

escolhido para essas revelações. Ele foi um dos Profetas Menores, ou seja,

daqueles que escreveram menos material que profetas como Isaias Jeremias,

Ezequiel e Daniel. Esses quatro são chamados Profetas Maiores, por causa da

extensão de material que escreveram. Ver no Dicionário os verbetes chamados

Profetas Maiores e Profetas Menores.

No cânon das Escrituras hebraicas, Joel aparece em segundo lugar. Na

Septuaginta, o livro de Joel ocupa o quarto lugar. Na Bíblia hebraica, os capítulos

são quatro, mas na Septuaginta há apenas três capítulos. Na Septuaginta são


combinados os capítulos 2 e 3. Foi esse o esquema seguido pelas versões subse-

qüentes. Os eruditos judeus chamavam os Profetas Menores de Livro dos Doze e,


nos rolos, eles são agrupados formando um único volume.

Lamentação Geral por Causa da Praga de Gafanhotos e da Seca (1.2-20)

1.2

Ouvi isto, vós, velhos. O profeta Joel apelou para todos quantos viviam na


Terra Prometida (Judá) e pediu que eles percebessem o caráter ímpar do desas-

tre (vs. 2) que lhes tinha sobrevindo — a grande praga dos gafanhotos. E passou


a fazê-los entender que a praga simbolizava algo muito pior que estava vindo

contra eles, por causa da sua idolatria-adultério-apostasia. Os gafanhotos tinham


varrido a Terra Prometida, destruindo foda a vegetação visível. A agricultura esta-

va arruinada, a seca tinha chegado, e o povo morria de fome. Esse desastre


falava do ataque dos babilônios (alguns eruditos, porém, falam dos assírios e

babilônios) e, dali, deu um salto para o Dia do Senhor, no fim da atual história

humana. Estão em foco os idosos, os anciãos e os líderes. Eram esses os que

deviam prestar atenção ao que havia acontecido, pois era responsabilidade deles

dirigir a nação naquele período de crise. “A introdução [ao livro de Joel] aponta

para a natureza espantosa do portento: não tinha exemplo anterior; foi causa de


grande consternação; seria relembrado em muitos comentários admirados subse-

quentes; nesse portento tornava-se evidente a mão de Deus” (Ellicott, in loc.). Não


obstante, simbolizava coisas muito piores que estavam perto de ocorrer.


Quanto aos “anciãos” como figuras-chaves no sistema governamental e judi-

cial de Israel-Judá, ver I Sam. 30.26-31; II Sam. 19.11 -15; II Reis 23.1; Pro. 31.23;


Jer. 26.17 e Lam. 5.12,14.

1.3

Narrai isto a vossos filhos. As pessoas de mais idade em Judá contariam o

‘fenômeno” a seus filhos; então estes contariam esses sucessos a seus filhos

etc., de modo que todas as gerações subseqüentes saberiam da questão e dela

derivariam instruções. Havia em tudo aqui terrível magnitude, que jamais poderia

ser esquecida. Ver no Dicionário o artigo detalhado e informativo intitulado Praga

de Gafanhotos, que serve de ilustração.


“Tanto no vs. 3 como no vs. 4, foi feito uso da anadiplose, ou seja, a repeti-

ção da última palavra de uma cláusula no começo da cláusula seguinte, para


transmitir a sucessão de gerações no vs. 3, e os enxames e mais enxames de

gafanhotos no vs. 4” (John A. Thompson, in loc.).

“As Escrituras reconhecem com total seriedade a realidade do mal. O abismo

entre o desespero e a fé não é ultrapassado mediante a ignorância dos fatos

sombrios da vida humana. Esse abismo só é vencido quando as tribulações da

humanidade são vistas, antes de tudo, como conseqüência da queda humana”

(Norman F. Langford, in loc.). Naturalmente, o Problema do Mal (ver a respeito no

Dicionário) não é assim tão facilmente solucionado. Por que os homens sofrem, e

por que sofrem como sofrem? Ver a discussão sobre isso no artigo mencionado.

1.4

O que deixou o gafanhoto cortador comeu-o o gafanhoto migrador. “Os

eruditos têm procurado combinar as interpretações literal e apocalíptica sobre os

gafanhotos. O Joel original, de conformidade com Bewer, descrevia gafanhotos

literais, mas um editor posterior os interpretou como exércitos escatológicos e

agentes do julgamento. R. H. Pfeiffer vê insetos literais neste primeiro capítulo do

livro, mas como criaturas apocalípticas em alguns elementos do capítulo 2. É


verdade que algumas frases escatológicas são usadas para apontar os julgamen-

tos infligidos pelos gafanhotos, mas os próprio gafanhotos, no capítulo 2, podem


ser interpretados como insetos literais, pintados com vívidas comparações e exa-

geros poéticos” (John A. Thompson, na Introdução ao livro). Mas note os leitor


que bem no trecho de Joel 1.6 temos a Idéia projetada de que uma nação invaso-

ra é retratada pelos gafanhotos invasores. Alguns estudiosos, entretanto, insistem


que a palavra “povo” ali empregada significa os gafanhotos, e não um exército de

homens.

O Antigo Testamento tem nove vocábulos para denominar os “gafanhotos”, e


o vs. 4 deste capítulo contém quatro desses termos. Mediante tão grande varieda-

de no vocabulário, o profeta projetou um quadro espantoso sobre a praga: ela


seria maciça e variegada.

Temos neste versículo os seguintes termos hebraicos: gazam (o gafanhoto


cortador); ‘arbeh (o gafanhoto migrador, que fala de seu vasto poder de destrui-

ção); yeieq (o gafanhoto devorador) e hasil (o gafanhoto destruidor). Talvez esses


nomes também indiquem os quatro estágios da vida de um gafanhoto, a saber, o


estágio da larva; o estágio do gafanhoto voador adulto; o gafanhoto que deposita-

va ovos para aumentar a multidão dos gafanhotos; e, novamente, o estágio larval,


que renova o temível ciclo da vida de um gafanhoto. Mas alguns problemas

acompanham essa interpretação, a qual parece ser um exagerado refinamento do

texto. Outro refinamento exagerado é o que vê o número quatro como referência

às quatro invasões estrangeiras de Israel, a dos assírios, a dos babilônios, a dos

macedônios e a dos romanos. A multiplicação de termos enfatiza a temível e


devastadora natureza da praga. Cumpre-nos entender que esse desastre suce-

deu por causa do pecado. A mente dos hebreus não admitia coisa alguma causa-

da pelo mero acaso. Ver as notas expositivas sobre o vs. 11.


1.5


Ébrios, despertai-vos, e chorai. Alguns judeus dormiam quando o desas-

tre os atingiu; outros estavam embriagados. O profeta os convidou a despertar e


chorar a fim de contemplarem o que estava acontecendo e uivarem em deses-

pero. A praga de gafanhotos destruiu eficazmente toda a agricultura, de modo


que não havia mais uvas para o fabrico do vinho, e os beberrões morreriam de

sede. Mas todo o povo de Judá passaria fome. O vinho em excesso foi cortado,

mas também foi cortada toda a origem da própria vida. Os intemperados seriam

os primeiros a queixar-se de que o prazer deles lhes fora arrebatado, mas o

país inteiro pôs-se subitamente a lamentar. Até o próprio mosto (o vinho novo,

que ainda não havia fermentado devidamente) se perderia, e todo o vinho

antigo que tivesse sido guardado em breve seria consumido. Em 1915, uma

praga de gafanhotos fez dobrar o preço do vinho na Palestina (“Jerusalem's

Locust Plague”, National Geographic Magazine, John D. Whiting, XXVIII, 1915),

mas a praga dos dias de Joel parou a própria compra do vinho, pois nada havia

a ser comprado. “... é um fato bem conhecido que a ruína das vinhas, por parte

dos gafanhotos, impede a vindima por vários anos subseqüentes" (Adam Clarke,

in loc.).

1.6

Porque veio um povo contra a minha terra. Poderiamos ter aqui várias

coisas, conforme se vê nos pontos seguintes:

1. Um uso metafórico, onde a invasão dos gafanhotos é comparada a um povo,

devido a seu grande número.

2. Ou pode estar em vista um uso literal: os gafanhotos eram tão numerosos

que sua invasão se comparava a um grande exército, enviado por um povo

poderoso.

3. Ou as duas coisas podem estar em vista: o enxame literal dos gafanhotos

simbolizada a invasão dos babilônios, que se daria ainda no futuro.


O uso se repete em Joel 2.2, com as mesmas possibilidades de interpreta-

ção. As hordas eram fortes e compunham um exército numerosíssimo. Ver Joel


2.2,5,11. A força deles se traduzia sob a forma de atos destruidores, pois seus

dentes eram como os dos leões. Entre seus dentes estavam as presas dos leões,

que aumentavam seu temível poder de destruição. Certa praga de gafanhotos

ocorrida no mar Vermelho foi calculada em mais de 20 bilhões de insetos. O artigo

Praga de Gafanhotos, no Dicionário, ilustra a questão com detalhes interessantes.


Cf. este versículo com Apo. 10.8, onde encontramos a mesma metáfora. É prová-

vel que Plínio estivesse exagerando ao se queixar de que grande massa de


gafanhotos chegou a roer as ombreiras das portas. Cf. Pro. 30.25,26, onde as

formigas e os arganazes são comparados a “povos”.


PROFETAS MAIORES


Alguns estudiosos têm objetado a chamarem-se os profetas de maiores e menores, como

se isso exaltasse a alguns e aviltasse a outros. No entanto, esses adjetivos tencionam


indicar somente o volume de suas produções literárias. Tradicionalmente, os profetas maio-

res são Isaías, Jeremias e Ezequiel. A expressão não diz respeito à qualidade de suas


obras, como se maiores significasse melhores, e menores, piores. Os estudiosos liberais

salientam que esses termos são artificiais, porquanto o livro de Isaías (segundo pensam)

seria uma obra composta por vários autores, enquanto a qualidade do livro de Ezequiel não

pode comparar-se com a daqueles outros profetas.


PROFETAS MENORES


Esta classificação cabe aos doze livros proféticos relativamente pequenos que fazem parte

do Antigo Testamento. O fato de eles serem chamados menores não significa que os seus

autores tenham sido homens de importância secundária, mas apenas que os rolos que

deixaram escritos não são muito volumosos. Os doze livros dos Profetas Menores são:

Amós, Oséias, Miquéias, Sofonias, Naum, Habacuque, Ageu, Zacarias, Obadias, Malaquias,

Joel e Jonas. Os estudiosos judeus deram um título alternativo a essa coletânea: Livro dos

Doze. Na forma de rolos, geralmente, eles eram escritos em um único volume.

CRONOLOGIA DOS PROFETAS MENORES


Uma Interpretação Outra Interpretação

Joel 837-800 A.C. 430 A.C.

Jonas 825-782 A.C. 450 A.C.

Amós 810-785 A.C. 750 A.C.

Oséias 782-725 A.C. 750 A.C.

Miquéias 740-695 A.C. 700 A.C.

Naum 640-630 A.C. 620 A.C.

Sofonias 640-610 A.C. 650 A.C.

Habacuque 609-598 A.C. 600 A.C.

Obadias 586-583 A.C. 440 A.C.

Ageu 520 A.C. 500 A.C.

Zacarias 520-518 A.C. 500 A.C.

Malaquias 433-425 A.C. 400 A.C.


Observações: 1. As datas de diversos destes livros são disputadas. 2. Ver as Introduções

de cada um, onde apresento discurso sobre os problemas envolvidos.


JOEL 3489


1.7

Fez da minha vide uma assolação. Aqueles insetos ferozes e vorazes nada

poupavam, desfolhando as vinhas e tornando-as inúteis; rachando as figueiras e

deixando-as infrutíferas; e até expondo o branco por baixo da casca. A marcha da


destruição é em favor da sobrevivência, porquanto o número dos insetos aumen-

tara de tal maneira que “invasões estrangeiras” se tornaram necessárias. Mas o


que é vida para os gafanhotos, é morte para os homens, plantas e animais. “As

vinhas e figueiras, as plantas frutíferas mais comuns na Palestina, eram

freqüentemente mencionadas nessa ordem nas páginas da Bíblia. Cf. Osé. 2.12.

Fotografias tiradas na Palestina, em 1915, mostram as vinhas e as figueiras

desnudadas de folhas e do cerne branco (ver o artigo sobre isso, identificado no

vs. 5). Durante tais pragas, algumas figueiras são desnudadas de sua cobertura

externa, pois os gafanhotos roem as pequenas gavinhas, espalhando pedacinhos

de cerne branco no chão. Note o leitor que é usada a aliteração no começo de

ambas as linhas do versículo: sam... leshammah, ‘foi deixada assolada’; e hasoph

hasaphah, ‘foi desnudada”’ (John A. Thompson, in loc.).

Minha vide. Assim falou Yahweh porque Israel-Judá era Sua possessão,

Sua herança e Seu povo. Ele tinha chamado seu filho para fora do Egito (ver Êxo.

4.22,23). Ver também Deu. 7.26,29.

1.8

Lamenta como a virgem. A dama continuava virgem, porque o homem de

quem eia ficou noiva foi morto ou morreu de alguma enfermidades, e eles não

puderam casar-se. Por isso ela se cobriu de pano de saco (ver a respeito no


Dicionário), uma veste apropriada para seu estado de lamentação. Ver no Dicio-

nário o artigo chamado Lamentação, quanto a costumes sobre essa questão.


israel-Judá sob sentido algum era uma virgem, pois estava cheio de pecados e

corrupções. Mas eles tiveram de lamentar de maneira profunda, como faz uma

virgem, quando privada de seu marido potencial, mediante algum acontecimento

ridículo. Quanto ao pano de saco, ver também o vs. 13 deste capítulo, bem como

Amós 8.10. As leis dos hebreus consideravam uma mulher noiva como uma

esposa, pois, naqueles dias, os noivados inevitavelmente levavam ao casamento,

a menos que algo de drástico interviesse. Ver Deu. 22.23,24 e Mat. 1.19. Os

noivados eram obrigatórios pela lei de Moisés, o que hoje em dia, como é óbvio,

não acontece, na maioria dos lugares. Para fazer a ilustração tornar-se mais

exata, EHicott, in loc., viu essa virgem perder o marido potencial mediante a má

conduta, ficando assim privada do que lhe pertencia por direito.

A virgem. No hebraico a palavra correspondente é bethulah, que seria mais

bem traduzida (de acordo com pessoas que supostamente conhecem o hebraico)

por “mulher jovem”. Nesse caso, a dama em questão já se tinha casado, mas

perdera o jovem marido, um acontecimento terrível só de contar, quanto mais na

experiência diária. O termo hebraico bethulah vem de uma palavra que significa


“separada", provavelmente referindo-se à reclusão em que vivia uma mulher sol-

teira, a qual, segundo se esperava, devia ser virgem. Mas a palavra hebraica


pode significar “virgem”, “mulher jovem”, “donzela” ou “noiva”.

1.9

Cortada está da casa do Senhor a oferta de manjares e a libação. A fome

que se seguiu à praga dos gafanhotos foi tão severa que as oferendas diárias

(pela manhã e à tarde) e até as ofertas de cereais tiveram de ser suspensas, por

causa da escassez de produtos vegetais e animais. Rituais regulares no templo


eram importantes para Joel e seus contemporâneos, e os sacerdotes que efetua-

vam as cerimônias começaram a lamentar. A “casa do Senhor” foi fechada, para


consternação de todos. I Macabeus 1.20-64 diz-nos como os judeus piedosos se


horrorizaram diante da ordem de Antíoco Epifânio para serem suspensos os sacri-

fícios, no ano de 168 A. C. A mesma coisa aconteceu novamente no ano 70 D. C.,


quando os romanos atacaram a cidade de Jerusalém, conforme Josefo diz em


Guerras dos Judeus Vl.2.1. O presente versículo pode antecipar a violenta sus-

pensão dos sacrifícios e ordenanças causada pelo ataque e subsequente cativei-

ro dos babilônios.


1.10

O campo está assolado, e a terra de luto. Este versículo continua os

detalhes sobre como a praga de gafanhotos causou a suspensão do sistema

de sacrifícios no templo. Os sacrifícios diários eram realizados com duas

ovelhas acompanhadas pelas ofertas de cereal e pelas libações de azeite e

vinho (ver Êxo. 29.38-42; Núm. 28.3-8). Todos esses produtos tornaram-se

escassos, e o povo estava morrendo. As ordenanças regulares do templo


foram descontinuadas porque não havia mais o bastante para comer e perma-

necer vivo, quanto menos para sacrificar. O uso das palavras “secar-se” e


“murchar” (vss. 10,12,17,20) indica que a praga maldita ou surgiu em cena com


uma seca severa, ou foi seguida por uma seca severa pouco tempo depois. Note

o leitor a aliteração existente na frase “o campo está assolado” (no hebraico,

shuddadh sadeheh). Os principais produtos agrícolas eram o cereal, o vinho e o

azeite, geralmente são listados nessa ordem no Antigo Testamento. Ver Deu.

7.13. Em 1845, uma praga de gafanhotos atacou o Líbano, e uma testemunha

ocular do evento escreveu: “Vi, debaixo de meus olhos, não somente uma grande

vinha, tão recentemente carregada de uvas, mas também inteiros campos de trigo

desaparecerem como mágica” (W. M. Thompson, The Land and the Book, pág.

418).

As oferendas de cereais continham farinha de trigo e azeite misturados (a

minhah; Núm. 28.5) e as libações (a nesek), incluindo o vinho (ver Êxo. 29.40;

Núm. 28.7). Ver no Dicionário o detalhado artigo chamado Sacrifícios e Ofertas.

1.11

Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vinhateiros. Os que cuidavam do solo

recebem ordens para sentir-se confundidos e lamentar. Desaparecera da terra o

cereal, não somente o trigo, mas também até a humilde cevada, consumida por

pessoas de classes mais pobres e pelos animais. A mente judaica piedosa teria

atribuído tal catástrofe aos pecados do povo. Para eles, nada acontecia por mero

acaso, e Yahweh era o controlador das atividades dos homens, pois governava

sobre coisas boas e coisas más. O teísmo bíblico (ver a respeito no Dicionário)

ensina que o Criador continua presente com Sua criação, recompensando ou


punindo, operando em consonância com a lei moral, intervindo quando as condi-

ções requerem Sua presença. Em contraste, o deísmo (ver também no Dicionário)


ensina que a força criadora (pessoal ou impessoal) abandonou Sua criação aos


cuidados das leis naturais. Ver também, no Dicionário, o verbete chamado Sobe-

rania de Deus.


Este versículo contém um jogo de palavras: os lavradores (no hebraico,

hobhish) são confundidos ou envergonhados porque o azeite se ressecara (vs.


10, onde é usada uma palavra quase igual, hobhish). E a palavra “envergonhar-

se” quase certamente implica que o pecado era concebido como a causa da


calamidade. A alegria da colheita se havia perdido. Ver Sal. 4.7. Ver também Sal.

104.15 quanto ao vinho que alegra o coração dos homens e quanto ao azeite que

faz o rosto deles brilhar. Ambas as necessidades e deleites se haviam perdido.

1.12

A vide se secou, a figueira se murchou. Além das plantas e árvores que

produziam os principais produtos (como a oliveira), outras espécies vegetais, de

importância secundária, como a figueira, a romeira, a palmeira, a macieira e

quaisquer outras que o leitor possa imaginar, foram igualmente aniquiladas. Isso

quer dizer que o povo de Judá não podia, igualmente, apelar para esses produtos

secundários. A devastação tinha sido generalizada, tal como os pecados do povo

eram generalizados. A alegria do bem-estar tinha chegado ao fim, e agora, em


lugar disso, havia simplesmente a luta pela sobrevivência. Israel sempre foi, es-

sencialmente, uma nação agrícola, mesmo em tempos de abundância, pelo que


aquilo que afetara os produtos da terra, afetou radicalmente, por semelhante

modo, toda a vida da nação. As riquezas do mar tinham sido, em sua maior parte,

negligenciadas pelos judeus, que era um povo que vivia à beira-mar, mas não um

povo marítimo. Havia negócios, mas em sua maior parte baseados em produtos

agrícolas. A colheita era um tempo de regozijo. Agora, porém, não havia nem

colheita nem alegria. O castigo nacional fustigara a nação de Judá.


A palavra “secar'’ mostra que a seca tinha ocorrido antes da praga de gafa-

nhotos ou pouco depois. Ver as notas expositivas sobre o vs. 10.


1.13


Cingi-vos de pano de saco e lamentai, sacerdotes. O sistema de sacrifíci-

os tinha falhado no templo. O sacerdócio e seus auxiliares receberam a recomen-

dação de lamentar por esse motivo, vestindo-se de pano de saco e realizando


outros atos que demonstrassem a tristeza deles. Eles deveriam manter-se acor-

dados a noite inteira, em lamentação e choro. Nenhum tipo de oferenda poderia


ser feita a Yahweh, nem os sacrifícios de animais ou as oferendas de cereais que

acompanhavam aqueles sacrifícios, e nem mesmo as libações de vinho. Este

versículo, pois, repete a mensagem do vs. 9, com exceção de que agora o

sacerdócio é especificamente mencionado. Devemos entender, pelo destaque

dado aos sacerdotes, que eles foram os líderes no pecado, além de serem os

líderes do culto. A mente dos hebreus não teria aceitado tais calamidades como

se tudo fosse obra do acaso. Tinha de haver razões divinas por trás daquilo tudo.

A lei moral de Yahweh os pesara na balança, e os achara em falta. Ver as notas

expositivas sobre o vs. 11.

“Não há distinção de pessoas quando o julgamento sobrevém à humanidade.

O indivíduo respeitável sofre juntamente com aquele que é abertamente culpado.

As pessoas simples perecem juntamente com aqueles que são justificados. Cada


indivíduo é conclamado a participar do castigo coletivo das nações, e os indivídu-

os não podem esperar ser exceções” (Norman F. Langford, in loc.). Por que os


3490 JOEL

homens sofrem, e por que sofrem conforme sofrem? Ver no Dicionário o artigo

denominado Problema do Mal, que discute essa quesfão.

Uma resposta comum ao problema do sofrimento é que os homens colhem

aquilo que semeiam (ver Gál. 6.7,8). Essa é uma das respostas, mas apenas uma


abordagem do problema, porquanto existem muitos exemplos notáveis de sofri-

mentos que parecem ser caóticos, e não mera vingança ou retribuição justa. O


livro de Jó ilustra o fato de que existem mistérios na questão do sofrimento, e que

a lei da colheita segundo a semeadura não dá um quatro completo do problema.

Os que acreditam na teoria da reencarnação espalham a semeadura e a colheita

ao longo de muitas vidas, mas isso também não soluciona o problema, embora


seja uma interessante extensão da idéia de “obter o que se deu". Ver na Enciclo-

pédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o detalhado artigo chamado Reencarnação.


Dizer-se “a vontade de Deus” é uma resposta verdadeira para o problema do


sofrimento, mas uma declaração geral demais para servir de solução. Então des-

tacamos que os homens continuam vivos após a morte, e isso realmente ajuda a


suavizar o problema, posto que não nos fornece luz alguma sobre casos particula-

res de sofrimentos que parecem ultrapassar qualquer razão e rima.


1.14


Promulgai um santo jejum. Um clamor dirigido a Yahweh, em solene as-

sembléia, onde todos estivessem jejuando, com a presença dos anciãos e repre-

sentantes de todas as classes de pessoas, seria uma tentativa de fazer Yahweh


intervir e ajudar Seu povo a continuar vivo. Esperava-se que assim a praga e a

seca fossem descontinuadas. O jejum era sinal de penitência nacional (ver I Sam.


7.6). Algumas vezes, as calamidades são advertências nacionais que dizem: “Coi-

sas piores vêm aí” (ver Amós 4.6-9). Ver no Dicionário o artigo intitulado Jejum,


quanto a detalhes. Telhas esmaltadas, encontradas em Assur, que datam dos

dias de Sargão II (722 - 705 A. C.), retratam a intercessão feita a uma divindade

assíria, para que parasse uma praga de gafanhotos. “O ponto focal de todos os

nossos problemas, de acordo com o ponto de vista bíblico, é o pecado humano"

(Norman F. Langford, in loc.). Ver as notas sobre o vs. 13. Cf. este versículo com

Nee. 9.1,2 e Jon. 3.5. As atitudes precisavam ser acompanhadas pelos atos

correspondentes (ver Joel 2.12-17). Ver também Joel 2.15 quanto a um paralelo

bem próximo.

1.15

Ah! que dia! porque o dia do Senhor está perto. É provável que esteja em

aqui foco o escatológico dia do Senhor, preanunciado pela calamidade nacional

da praga dos gafanhotos e da seca. Pode estar subentendido o cativeiro babilónico

como símbolo de coisas piores por vir. Ver no Dicionário os artigos chamados Dia

do Senhor e Cativeiro Babilónico. Cf. este versículo com Joel 2.1,11,31; 3.14; e

ver também Amós 5.18,20. Eze. 30.2 é quase idêntico, e Sof. 1.7,14 são versículos

similares. Note o leitor a aliteração — koçhodh mishshadday — “destruição do

Destruidor”’. Driver traduziu isso como “um domínio do Dominador”. “Destruição”

(no hebraico, sod] é palavra relacionada a sadad (destruir), que é similar, quanto

ao som, a Sadday (o Todo-poderoso). Ver Gên. 17.1. A maneira de grafar as

palavras varia por meio da transliteração. Ver no Dicionário o artigo denominado

Soberania de Deus.

1.15

Acaso não está destruído o mantimento diante dos vossos olhos? Todo

o alimento fora cortado, e isso afetou os rituais da casa de Deus, que era suprida

pelos animais usuais do sacrifício, e pelo vinho e pelo cereal, conforme já vimos


nos vss. 9-11,13 deste capítulo. Essas calamidades ocorreram diante dos própri-

os olhos do povo, o que transformou em lamentação a alegria e o regozijo. Os


sacrifícios e as festividades eram dias de alegria (ver Deu. 12.7). Por ocasião da

apresentação das primícias (ver Deu. 26.10), ou na festa das semanas (ver Deu.


16.11), ou na festa dos tabernáculos (ver Deu. 16.14,15), havia regozijo generali-

zado. Agora generalizada lamentação tomava conta de tudo. Ver no Dicionário o


verbete intitulado Sacrifícios e Ofertas. Os vss. 16-18 dão uma descrição detalha-

da das consequências da praga. A seca, adicionada à praga, quase causou o fim


de Judá.

1.17

A semente mirrou debaixo dos seus torrões. Este versículo fala em seca.

A semente mirra por falta de água. Os torrões tornam-se secos e impenetráveis.

Mas os armazéns ficam desolados porque não há colheitas; os silos se arruinam


porque não há cereal para enchê-los. Por isso acabam em mau estado e negli-

genciados. A Septuaginta também fala na consternação dos animais domestica-

dos, em que “as novilhas saltam em seus estábulos”; mas essa tradução depende


de emendas que não são convincentes. O vs. 18 fala sobre a inquietude dos

animais domesticados. A podridão substitui a germinação, pelo que “desolação”

era a palavra do dia.


1.18

Como geme o gado! Os animais domesticados, como o gado vacum, ovino e


caprino, animais comumente usados nos sacrifícios e considerados limpos (portan-

to, próprios para consumo), estavam morrendo de fome, perplexos e gemendo, para


então se deitarem e morrerem. Eles vagueavam, procurando água e pastagem e,

não achando nada, deitavam-se para esperar o fim. Os animais, parte da criação de

Deus, compartilhavam da sorte dos homens, um ponto de vista bíblico comum

acerca de toda a natureza, tanto nas bênçãos como nas maldições (ver Gên. 3.17,18;

Sof. 1.2,3; Jer. 12.4). Esse é um ponto de vista biblico que tem ganhado muito


terreno no pensamento moderno, em que o ecossistema é tão importante. A ecolo-

gia é a divisão da biologia que aborda as relações entre os organismos e seu meio


ambiente. O grego por trás dessa palavra é oikos, “casa”, e logia, “estudo”.

1.19

O fogo consumiu... a chama abrasou... Fogo e chamas são metáforas

comuns para indicar a seca severa e o calor (ver Jer. 9.10; Amós 7.4), mas nos

tempos de seca incêndios literais tornam-se comuns. A terra ficava escorchada e

transformava-se em um deserto. O povo estava acostumado a usar o fogo para

tentar destruir os gafanhotos, mas, conforme geralmente acontece, o fogo se

transformou em um incêndio fora de controle. Tanto o ataque do exército babilónico

como o Dia do Senhor podem ser antecipados por meio dessas descrições.

1.20

Também todos os animais do campo bramam. Até os animais do campo

oram a Yahweh, quando estão aflitos. Os rios haviam secado; os poços, idem;


não caíam chuvas; não havia orvalho durante a noite; os pastos do campo esta-

vam totalmente destruídos. O oceano é a fonte de toda a água. Essa água se


deposita nos lagos, nos rios e nas fontes, mas a menos que venham nuvens do

oceano os mananciais de água não serão renovados. O sol faz evaporar a água

dos oceanos; e assim se formam as nuvens; os ventos impelem essas nuvens por

toda a terra; outras forças naturais, incluindo a gravidade, fazem a água cair do

céu à terra. Em tempos de seca, os sistemas da natureza desmoronam e isso

torna os homens e os animais, bem como toda a vegetação, vítimas de um sol

sem misericórdia que queima e não traz água do oceano para a formação de


nuvens. O pecado perturba os sistemas da natureza, pelo que a oração é conce-

bida como o modo de trazer chuvas. Yahweh é o Poder por trás dos sistemas da


natureza, transformando o mal em bem. Até as feras buscam alívio da parte de

Deus (ver Sal. 104.21). Cf. Jer. 14.5,6. A maior parte das correntes de águas da

Palestina se seca periodicamente. Mas em tempos de seca severa, até os rios

que usualmente são permanentes o ano inteiro tornam-se rios sazonais.


C ap ítu lo D ois

A Praga dos Gafanhotos Avisa sobre o Dia do Senhor (2.1-11)


Essa praga ê uma ameaça sobre três pontos: 1. A praga literal dos gafanho-

tos; 2. uma previsão sobre o ataque dos babilônios e sobre o cativeiro conseqüen-

te; 3. uma advertência sobre o escatológico Dia do Senhor, que é o assunto


principal da seção à nossa frente. Ver no Dicionário o verbete chamado Dia do

Senhor, quanto a detalhes. Os profetas de Deus sempre retrataram o Dia do


Senhor como uma data não muito distante e seguindo julgamentos menos inten-

sos, sem nenhum grande intervalo de tempo.


“Se o capitulo 1 salienta a destruição causada pelos gafanhotos, esta seção

dá maior atenção à descrição dos próprios gafanhotos. No capítulo 1, o sofrimento

é principalmente agrícola e pastoral. Agora, porém, a cidade é atacada. Essa é a

usual sucessão de eventos que se segue a uma praga de gafanhotos. O aviso

escatológico, que já havia soado em Joel 1.15, é por diversas vezes repetido (ver

Joel 2.1,2,10,11)” (John A. Thompson, in loc.).

2.1

Tocai a trombeta em Sião. Os sacerdotes de Israel foram orientados a

soprar a trombeta de aviso em Sião, o quartel-general do yahwismo. As colinas

em derredor deveriam ouvir o alarma e a palavra soaria por todo o país. Os

habitantes estremeceriam diante da mensagem trazida pelos ventos. A trombeta

como que dizia, claramente: “O dia do Senhor está chegando. Está próximo”. Os

gafanhotos eram apenas indicadores preliminares de coisas piores que viriam. A

idolatria-adultério-apostasia do povo clamava por uma justa retribuição, e isso não

demoraria a acontecer. Por conseguinte, haveria um golpe com três socos: a

praga, o ataque do exército babilónico e o Dia do Senhor, o golpe divino

escatológico contra toda a humanidade. A visão do profeta condensou todas as

três coisas em um único pacote, como se acontecessem todas quase juntas.


JOEL 3491


Se o exército referido em Joel 2.1-11 é escatológico, então esta seção pode

ser comparada a Dan. 11.40 e Zac. 14.2. Ver também Joel 2.20 e 3.9,13.

A trombeta. Esta trombeta era feita de chifre de carneiro, soprada pelo atalaia

ou por um sacerdote, a fim de avisar os alarmas. O perigo era anunciado pela

trombeta (ver Jer. 4.5,6; Eze. 33.2-6), mas também em ocasiões festivas e feriados.

O sonido da trombeta chegaria ao “santo monte” (cf. Sal. 2.6; 3.4; 15.1; 24.3; 78.54;

Dan. 9.16,20; Oba. 16; Sof. 3.11). Está em vista o monte do templo de Jerusalém.

Ver no Dicionário os artigos chamados Trombeta e Sião, quanto a detalhes.

2.2


Dia de escuridade e densas trevas. Para enfatizar a melancolia da situa-

ção, quando vier o grande ataque divino, há quatro palavras que são sinônimos


virtuais: escuridade, trevas, nuvens e negridão! As trevas se espalharão pelas

montanhas como um grande exército destruidor que avança (como uma praga de


gafanhotos). Seria como um povo grande e inumerável. Alguns intérpretes conti-

nuam a ver aqui o ataque literal dos gafanhotos, mas é melhor ver o múltiplo


ataque que menciono na introdução à seção e no vs. 1. Quanto ao poderoso

exército, cf. Joel 2.25 e Apo, 9.7-10. Os dispensacionalistas vêem aqui uma

menção à batalha do Armagedom; mas interpretações tão específicas podem ser

apenas um exagero. Uma grande praga de gafanhotos, com bilhões de criaturas

literais, pode apagar o sol, dando um quadro das trevas, como o descrito neste

versículo. A alvorada fica escurecida pela massa de gafanhotos que se aproxima,

pelo que a noite continua, a despeito do sol que já desponta no horizonte. C. S.

Jarvis descreveu o avanço de uma horda de gafanhotos, perto do monte Sinai,

como “uma inundação lenta mas constante de um dilúvio escuro” (Three Deserts,

pág. 223). Ver o artigo do Dicionário denominado Praga de Gafanhotos, que

apresenta abundância de material ilustrativo.

2.3

À frente dele vai fogo devorador. O fogo devorador corria à frente das


hordas, e quando passava tudo estava em chamas. Antes que as hordas atacas-

sem, o lugar era como o jardim do Éden, mas depois que elas passavam um


deserto desolado era tudo quanto restava. Coisa alguma escapava ao ataque,


nem homens, nem animais, vegetação alguma. O fogo era adicionado aos gafa-

nhotos e à seca (ver Joel 1.19). Os gafanhotos desnudavam tudo de sua folha-

gem, e o interior se parecia como se um fogo tivesse crestado tudo, consumindo


todas as coisas. Cf. com Gên. 2.8,9, o jardim do Éden em toda a sua glória e

frutificação. Mas depois de a praga haver passado por um lugar, o Éden se

parecia com um melancólico Sinai. Como é óbvio, o pecado é a razão disso, a Lei

de Deus que fora quebrada, enviando assim uma maldição contra o povo. “A

realidade por trás dessa figura é o efeito devastador de um enorme exército

invasor (ver Deu. 28.49-51; Isa. 1.7; Jer. 5.17...). As palavras “nada lhe escapa”

pode aludir a Êxo. 10.5,15" (Robert B. Chisholm, Jr., in loc.).

2.4


A sua aparência é como a de cavalos. Um gafanhoto efetivamente asse-

melha-se a um cavalo em miniatura, especialmente a cabeça. Isso se reflete em


línguas modernas, como no alemão, Heupferd, ou no italiano, oavaletta. Além

disso, a velocidade dos gafanhotos, seu avanço ordeiro e seu poder de destruição


fazem lembrar a ação de um exército no qual os cavalos desempenhavam impor-

tante papel nos tempos antigos. O salto de um cavalo é comparado ao salto de


um gafanhoto, em Jó 38.20. O trecho de Apo. 9.7 obviamente baseia-se nesta

passagem. Os gafanhotos sobrenaturais do tempo do fim são comparados a


cavalos de guerra. Os escritores árabes identificavam o gafanhoto com dez ani-

mais diferentes: 1. a cabeça, com o cavalo; 2. os olhos, com o elefante; 3. o


pescoço, com o touro; 4. os chifres, com o veado; 5. o peito, com o leão; 6. o

ventre, com o escorpião; 7. as asas, com a águia; 8. as coxas, com o camelo; 9.

os pés, com a avestruz; 10. a cauda, com a serpente. Isso faz do gafanhoto uma

besta realmente temível.

2.5

Estrondeando como carros, vêm. O estrépito das asas dos gafanhotos se

parecia com o estrondo produzido pelas rodas de muitas carruagens. Ademais, os

gafanhotos são insetos muito vívidos, que saltam sobre as montanhas como as

chamas de um incêndio pulam de um arbusto ou árvore para outro, voando por

sobre obstáculos, saltando por cima de riachos, sem nunca errar o alvo. Em

suma, são como um exército poderoso ordenado para a batalha (vs. 2). As vítimas

dos gafanhotos são impotentes diante das hordas. Coisa alguma pode impedir o

avanço deles. Cf. Apo. 9.7,9. Os gafanhotos parecem-se com chamas sopradas

pelo vento. Eles possuem poder em si mesmos e são impulsionados por um

poder que vem atrás deles. Isso se assemelha aos julgamentos de Yahweh, que

eles representam.


2.6


Diante deles tremem os povos. As vítimas empalidecem enquanto contem-

plam, impotentes, o avanço das tropas. Entram em pânico e se angustiam. O


observador de um ataque de gafanhotos na Palestina, em 1928, fala do espanto e

da angústia de um povo, enquanto observava tudo ser consumido por aqueles


insetos em tão breve tempo, deixando para trás total desolação. Foi “um espetá-

culo terrível ver o avanço devastador e incansável de um imenso enxame de


jovens gafanhotos que se arrastavam. As pessoas os enfrentavam com um espíri-

to de desespero e desamparo” (G. E. Brodkin, The Locust Invasion of Palestine


During 1928).

Cf. este versículo com Isa. 26.17; Jer. 4.31; Miq. 4.10; Êxo. 15.14; Deu. 2.25;

Sal. 77.16; 97.4; Isa. 13.8 e Hab. 3.10.

2.7


Correm como valentes, como homens de guerra sobem muros. Os gafa-

nhotos agem como se fossem guerreiros: caminham contra o inimigo com temível


resolução; escalam muralhas e ultrapassam todos os obstáculos; continuam mar-

chando e não se desviam de suas fileiras. Em 1915, uma testemunha ocular


relatou como os gafanhotos subiram pelas muralhas de Jerusalém (ver em Joel

1.5 as referências a Whiting, que escreveu um artigo sobre esse evento). Thompson,

em sua obra The Land and the Book (pág. 416), fornece uma vívida descrição: “O

número deles era estonteante; a face inteira da montanha enegreceu com eles.


Eles chegaram como se fossem um dilúvio vivo. Cavamos trincheiras e acende-

mos fogueiras, e batemos neles e os queimamos aos montões. Mas o esforço foi


totalmente inútil”.

2.8


Não empurram uns aos outros; cada um segue o seu rumo. Os gafanho-

tos são tão disciplinados que não se empurram uns aos outros, apesar de seu


número extraordinário. Cada um deles tem seu próprio caminho para avançar.

Cada quai cuida de seus próprios negócios, mas eles são multo unidos em seu

único propósito — a destruição. Caem sobre obstáculos como um exército que

avança e deve enfrentar inúmeros obstáculos, mas não se fere nem é forçado a

estacar. Eles mergulham sobre as defesas e invadem as cidades e os lares.

Talvez o capítulo 10 do livro de Êxodo estivesse na mente do autor, quando ele

fez esta descrição. Eles se derramam sobre as rochas, paredes, valetas, cercas,

riachos e chamas. O dia deles é chegado, e eles o aproveitam ao máximo. A

sobrevivência deles depende de sua capacidade de vencer qualquer obstáculo.

2.9

Assaltam a cidade, correm pelos muros, sobem às casas. Os gafanhotos


chegam saltando e escorregando, correndo ao longo dos topos dos muros, subin-

do pelas paredes das casas, atravessando janelas como fazem os ladrões, quan-

do revolvem praticar o que é errado. Cf. Isa. 33.4, que compara os gafanhotos e


atacantes humanos. Cf. a oitava praga do Egito, em Êxo. 10.6. Whiting (ver Joel


1.5) descreveu como eles entravam até em pequenas fendas nas paredes, jane-

las e portas. Eles invadiam salas, para espanto das pessoas que estavam no


interior das casas. Cf. Jer. 9.21: “Porque a morte subiu pelas nossas janelas, e

entrou em nossos palácios”.

Afirmou Plínio: “Eles comerão inteiramente qualquer coisa, e até do outro

lado das portas das casas” (História Nat. 1.11, cap. 29). “Isso vimos ser feito por

eles. Não somente voando, mas se arrastando pelas paredes e entrando nas

casas pelas janelas” (Teodoreto, in loc.).

2.10

Diante deles treme a terra e os céus se abalam. O autor sacro volta-se agora

para as descrições cosmológicas a fim de aumentar o terror de suas descrições.

Tais descrições nos lembram Yahweh, em seus céus, quem era a verdadeira Fonte

da angústia, pois Ele estava punindo um povo desviado. O teísmo bíblico ensina


que o Criador não abandonou Sua criação, mas antes nela intervém, recompensan-

do e punindo, em consonância com as leis morais. Ver no Dicionário o verbete


chamado Teismo. Gafanhotos em avanço não fazem a terra estremecer, nem escu-

recem o sol e a lua, nem retiram a luz das estrelas. Os vss. 10 e 11 “dão uma


interpretação teológica e escatológica da invasão dos gafanhotos. Alguns elementos

baseiam-se nas descrições comuns sobre o dia do Senhor e são aqui transferidos,

por analogia, para a praga dos gafanhotos, por ser essa, igualmente, uma visitação

divina e um precursor daquele julgamento final” (John A. Thompson, in loc.). Ver as

descrições sobre as teofanias de Yahweh como guerreiro, em Juí. 5.4; Sal. 18.7;

77.18; Isa. 13.13; Joel 3.16. Quanto ao obscurecimento dos corpos celestes, ver

Joel 2.30 e 3.15, e cf. Isa. 13.10; Eze. 32.7; Zac. 14.6,7. “Sinais nos céus serão

manifestados no dia do julgamento” (Ellicott, in loc.)."... expressões poéticas que

salientam a consternação e a agonia universaiá' (Adam Clarke, in loc.).


3492 JOEL

2.11

O Senhor levanta a sua voz diante do seu exército. Este versículo é uma


descrição sobre o Dia do Senhor (vs. 1). Yahweh é o General do exército atacan-

te. Ele é quem brada o grito de batalha. O Seu poder está por trás da destruição.


Quanto a essa voz, cf. Joel 3.16 e Isa. 30.30. Ver também Sal. 18.13 e 68.33.

Quanto ao vento de Deus, ver Sal. 148.3.0 dia do julgamento divino será grande

e terrível (ver o vs. 31 e Mal. 4.5). Nenhum ser vivo pode resistir (ver Mal. 3.2). A

pergunta retórica espera uma resposta negativa: “Quem pode resistir diante do


ataque do Senhor? Quem pode sobreviver?”. Não haveria sobreviventes. “Nin-

guém é um encerramento apropriado para o relato que se segue sobre o sofri-

mentos das plantas, dos animais e do povo de ambos os paises (capitulo 1) e da


cidade (2.1-9)’’ (John A. Thompson, in loc.).

Chamado ao Arrependimento Nacional (2.12-17)

2.12

Convertei-vos a mim de todo o vosso coração. A despeito da natureza

drástica da descrição, o arrependimento ainda seria possível e poderia evitar as

calamidades profetizadas. A oração é mais forte que a profecia. O arrependimento

também é mais forte que a profecia. O Livro da Oração Comum, da Igreja Anglicana,

emprega essa passagem na celebração da Quarta-feira de Cinzas. E, de fato,

trata-se de um pequeno clássico sobre o arrependimento, do ponto de vista do

Antigo Testamento. Ver no Dicionário o verbete chamado Arrependimento.

Deveria haver um coração sincero que foi removido de sua rebeldia por um

estado de graça receptiva. Deveria haver os sinais comuns de jejum, choro e

lamentação. Aquele que perambulava voltou para casa. Ver sobre Coração, em

Pro. 4.23 quanto a essa metáfora. Cf. esta passagem com Joel 1.9,13,14. São

feitos dois apelos ao arrependimento: vss. 12-14 e vss. 15-17. A sobrevivência e


prosperidade subseqüente, material e espiritual, são os principais motivos. Pode-

ria a praga dos gafanhotos ser evitada pelo arrependimento? Poderia, mas não


houve arrependimento. Poderia o ataque armado dos babilônios e o cativeiro


subseqüente ter sido evitado pelo arrependimento? Poderia, mas não houve arre-

pendimento. Poderia o Dia do Senhor ser evitado mediante o arrependimento?


Poderia, mas não haverá arrependimento.

2.13

Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes. O ato de rasgar as

vestes era sinal comum de arrependimento e/ou consternação. Ver no Dicionário

o artigo chamado Vestimentas, Rasgar das. Mas o rasgar eficaz seria o rasgar de

um coração contrito. Deve haver um arrependimento que chega ao nível da alma,

e que não fica a roçar ao longo da superfície do corpo. A alma precisava “retornar”

a Yahweh-Elohim, o Deus eterno e Todo-poderoso, pois Dele é que Judá se

desviara, em sua idolatria-adultério-apostasia. Yahweh está de braços abertos,

esperando que o filho pródigo venha a Ele, pois Deus é cheio de misericórdia e

amor, e é lento em irar-se. Deus mostra-se abundante em amor constante, e

muda de idéia quanto a destruir, quando o pecador se volta para Ele. Quanto ao

arrependimento de Deus, ver Êxo. 32.14, onde dou notas expositivas sobre essa

estranha questão. Ver no Dicionário o verbete chamado Amor, que é o maior

poder do mundo, tanto de hoje quanto de qualquer época. O apelo eloqüente ao

arrependimento, no vs. 13, recebe um toque musical na obra Elias, de Mendelssohn.

Cf. este versiculo com Jon. 4.2, que é bastante parecido. Quanto_ ao coração

contrito, ver Sal. 51.17. Provavelmente esta passagem depende de Êxo. 34.6.

O Deus irado é facilmente aplacado pelo coração contrito, que o pecador

apresenta quando pelo humildemente o perdão de suas ofensas. Ver Jer. 26.3,13,19

e Jon. 3.10. “O homem pode responder à calamidade com o arrependimento, e


Deus pode remover graciosamente a aflição. O homem estará tratando com Al-

guém que sabe como demonstrar misericórdia” (Norman F. Langford, in loc.). O


julgamento é um dedo da amorosa mão de Deus. Opera o bem, e o bem pode

substituir o julgamento. Deus era aquele que tinha julgado, e Ele é aquele que

pode remover o julgamento. Ele age em harmonia com Sua lei moral. É isso o que


governa a Lei Morai da Colheita segundo a Semeadura (ver a respeito no Dicioná-

rio). “Uma bondade exuberante é conferida aos que se voltam para Ele” (Adam


Clarke, in loc.).

2.14

Quem sabe se não se voltará e se arrependerá...? Quando o homem se

volta para Deus (vss. 12 e 13), Deus se volta para o homem (Jon. 3.9). Isso

levantou a esperança de que as ameaças de calamidade poderiam ser revertidas

e de que, quando Deus se voltasse para Judá, o resultado seria uma bênção. O

cereal e o vinho seriam novamente produzidos pela provisão de Deus, e assim

seriam reiniciados os sacrifícios diários do templo, juntamente com as festividades

regulares. Ver esses itens como bênçãos da parte de Deus, em Deu. 7.13. O

povo teria abundância de alimentos para comer, e a vida espiritual da nação de


Judá se reiniciaria. O passado seria perdoado, à luz de um novo dia. “Quem

sabe...?," perguntou o profeta, levando em conta a Soberania de Deus (ver a

respeito no Dicionário). Cf. esse pensamento com II Sam. 12.22 e Jon. 3.9. Havia

vivida esperança de que as coisas enveredariam por esse caminho (ver Mal. 3.7).

Uma volta para melhor, no campo de agricultura, estabeleceria o palco para o

fluxo do favor divino. A maldição seria descontinuada (ver Deu. 28.38-42). Cf. este

versículo com Joel 1.9,13.

2.15

Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum. Este versículo

repete, essencialmente, a mensagem do vs. 1, onde ofereço a exposição. Haveria

de ocorrer uma mudança devido ao jejum e à assembléia soiene através da qual

os homens endireitariam sua situação diante de Deus. A trombeta do vs. 1 tinha

feito soar o aviso, convocando o povo de Judá ao arrependimento nacional. Isso,

por sua vez, repete a mensagem dos vss. 12-13. “Visto que o assaltante não era


nem a natureza nem a sorte, havia possibilidade de livramento. Os homens podi-

am responder à calamidade com o arrependimento, e Deus graciosamente remo-

veria a aflição. Os homens estariam tratando com Alguém que sabia mostrar


misericórdia” (Norman F. Langford, in loc.). Quanto ao uso da trombeta na convo-

cação das assembléias religiosas, ver Lev. 26.9 e Sai. 81.3. Ver também Núm.


10.2,3 e 8.10. Ver em Joel 1.14 um paralelo bem próximo deste versículo.

2.16

Congregai o povo, santificai a congregação. A assembléia solene seria

presidida pelos sacerdotes. A convocação fora universal. Os líderes da nação

tiveram de fazer-se presentes, e isso era extensível até às crianças. As mães

teriam de comparecer com crianças que ainda estivessem mamando. O noivo,

que estava isento de certos deveres, incluindo do serviço militar, não poderia


ausentar-se (ver Deu. 24.5). Sua noiva também tinha obrigação de fazer-se pre-

sente. A universalidade da assembléia demonstraria a sinceridade do povo, e


talvez Yahweh, ao ver essas coisas, revertesse o curso das calamidades.

Saia... a noiva do seu aposento. Isto é, de seu leito nupcial. A raiz hebraica

significa “cobertura”, uma alusão ao baldaquino que era armado sobre o leito dos

recém-casados, para escondê-los da visão daqueles que eventualmente fossem

tentados a espiar pelo buraco da fechadura.

2.17

Entre o pórtico e o altar. Ver I Reis 6.3 e II Crô. 4.1. Era o átrio interior dos

sacerdotes. Em seus lugares, poder-se-ia encontrá-los a chorar, com o coração

contrito, arrependido e buscando a face de Yahweh, na esperança de fazê-Lo


mudar de idéia quanto ap julgamento e reverter as calamidades. Quanto ao “arre-

pendimento divino”, ver Êxo. 32.14. Certas coisas específicas seriam incluídas em


sua oração de arrependimento, a saber: 1. Que os pobres fossem poupados dos

terrores das pragas e dos ataques dos estrangeiros. 2. Que a herança de Deus

não fosse entregue para sofrer os opróbrios dos pagãos. Cf. Jer. 24.9 e Sal.

44.13,14. Quanto a Israel como a herança de Deus, ver Deu. 4.20; 9.26,29; Sal.

28.9; 33.12; 78.62,71; 79.1; 94.14; Miq. 7.14,18. 3. Que o próprio Yahweh não se

tornaria sujeito ao escárnio e às piadas dos pagãos, que diriam: “Onde está o

Deus de Israel? Ele deve estar ausente, e nada vê. Ou então, se Deus vê, não

cuida de Seu povo”. Quanto a esse sentimento, cf. Miq. 7.10 e Sal. 79.10. Se os

pagãos viessem a “governar” Israei, então eles blasfemariam de Deus dessa

maneira. Portanto, isso teria de ser impedido pelo favor divino, que se seguiria ao

arrependimento.

“Não permitas, por amor a Ti mesmo, que os pagãos zombem do Deus de

Israel, como se Ele fosse incapaz de salvar o Seu povo. Esse sentimento se

derivou de Sal. 79.10 e 115.2” (Fausset, in loc). Note o leitor que é aqui suspensa


toda a menção aos gafanhotos, e que a invasão por parte dos estrangeiros (espe-

cificamente os babilônios) é vista como a tragédia maior. Naturalmente, isso tam-

bém alonga os olhos para o Dia do Senhor, o mais terrivel dos dias (ver Joel 2.1).


O altar. “Não está em pauta o altar do incenso, que ficava no lugar santo, mas

o altar das ofertas queimadas, onde os sacerdotes se punham para realizar seus

serviços. Isso, naquele tempo, foi abandonado, pelo que os sacerdotes usavam seu

tempo e seu lugar para se arrependerem e chorarem” (John Gill, in loc).

Promessas do Fim das Calamidades e da Restauração (2.18-27)

2.18

Então o Senhor se mostrou zeloso da sua terra. Yahweh notou aquela

assembléia solene (ver Joel 2.15), bem como o arrependimento sincero dos


sacerdotes em seu próprio favor e em favor do povo em geral (vs. 17). Por-

tanto, Deus voltou a ser um Deus zeloso e decidiu lutar em favor de Seu


JOEL 3493


povo. Quanto à idéia de um Deus zeloso, ver as notas expositivas sobre Deu.

4.24; 5.9; 6.15 e 32.16,21. “Este versículo marca um ponto importante no


argumento do livro de Joel. Descreve a reação divina (vs. 18) ao arrependi-

mento da nação e registra as palavras de consolo do Senhor ao Seu povo


(vss. 19-27). Os efeitos da praga de gafanhotos (capítulo 1) são revertidos

(ver Joel 2.25) e a invasão ameaçada (ver os vss. 1-11) é suspensa (vs. 20)”

(Robert B. Chisholm, Jr., in loc.).

O Deus de amor e misericórdia demonstrou misericórdia e amor constante ao

povo de Judá, vindo ao encontro do filho pródigo, que retornava a ele, pelo

caminho, e oferecendo-lhe completa restauração. Os juízos divinos, dedos da

amorosa mão de Deus, são restauradores, e não meramente retributivos. Cf. Isa.

65.24.

Temos aqui “a resposta graciosa de Deus, que promete a remissão da praga

(vss. 20 e 25); a volta da fertilidade (vss. 19,21-24); e a restauração do pacto (vss.

26 e 27)” (Oxford Annotated Bible, comentando o vs. 18).

2.19

Eis que vos envio o cereal, e o vinho, e o óleo. Os produtos agrícolas que

foram destruídos pela praga do gafanhoto e pela seca que a acompanhou seriam

restaurados quando Deus voltasse a demonstrar favor para com o Seu povo.

Além disso, Ele retirou o opróbrio deles entre as nações (vs. 17), porquanto

tornar-se-á evidente que Ele estava abençoando o Seu povo, a quem exaltara

acima de todos os outros.

Note o leitor os três produtos agrícolas básicos que tinham sido destruídos

pela praga de gafanhotos e pela seca: o cereal, o vinho e o azeite (cf. Joel 1.10).


Os produtos secundários também tinham sido obliterados, conforme somos infor-

mados em Joel 1.12. Israel era uma nação agrícola, pelo que esses produtos


eram sua linha de vida. Agora não haveria mais vergonha, porquanto eles colheri-

am o que haviam semeado (vss. 26-27). A provisão era ampla, correspondendo


ao arrependimento sincero deles (vss. 16-17).

2.20

Mas o exército que vem de norte, eu o removerei para longe de vós. O

inimigo do norte (a Babilônia; ver Jer, 1.14; 3.18; 6.1 e outros) teria de retornar,


impelido pelo mesmo poder que havia restaurado a agricultura. Alguns estudio-

sos, porém, vêem aqui os gafanhotos, e supõem que um grande vento fora envia-

do para mandá-los ao deserto. O mar Oriental é o mar Morto, e o mar Ocidental é


o mar Mediterrâneo. Os ventos espalhariam as feras por uma vasta área, distan-

tes de áreas férteis. Ver Eze. 47.18 e Deu. 11.24, quanto aos dois mares assim


chamados. Jerônimo, comentando sobre este versículo, diz-nos que, em seus

dias, uma praga de gafanhotos foi dispersa exatamente dessa maneira, pelos

ventos. Whiting, em seu artigo sobre a praga na Palestina, em 1915, diz algo

semelhante. Grandes massas de insetos morreram perto do mar Morto, e o mau

cheiro, de tão pútrido e vil, era insuportável. Quanto a esse artigo, ver as notas

expositivas sobre Joel 1.5.

2.21

Não temas, ó terra, regozija-te e alegra-te. A convocação para o consolo,

neste versículo, vem de Yahweh, que prometeu grandes coisas e cumpriu Suas

promessas. O temor seria substituído pelo regozijo e pela celebração jubilosa. À

terra que lamentava seria dado um tempo significativo de triunfo. Yahweh é um

Deus que faz grandes coisas em favor de Seu povo (cf. Sal. 126.2,3). As grandes


coisas são a concessão de condições que revertem a maldição anterior: a agricul-

tura é restaurada; os inimigos de Israel são forçados a retroceder; a reprimenda


de Israel entre as nações é eliminada; de modo geral, as misericórdias de Deus

tornaram-se um grande tema para o cântico deles.

As misericórdias de Deus! Que tema para meu cântico!

Oh, eu jamais poderia terminar de contá-las.

São mais que as estrelas na cúpula celeste,

Ou que as areias na praia batida pelas ondas do mar.

(T. 0. Chisholm)


2.22


Não temais, animais do campo. Os animais do campo também participa-

vam da agonia, pois toda a natureza estava unida na calamidade, conforme


vemos em Joe. 1.18 e 20. Esses animais podiam parar os seus gemidos e lançar


fora o seu temor, pois Deus também cuidará deles, conforme Jon. 4.11 demons-

tra. Em lugar de um deserto produzido pelos gafanhotos e pela seca, aparecerão


pastos verdejantes. E então, uma vez mais, as árvores darão seus frutos apropri-

ados, e tanto os homens como os animais terão acesso a eles. A figueira e a


videira voltarão a frutificar, ou seja, os produtos agrícolas primários e secundários


serão novamente produzidos em abundância. Assim sendo, tudo quanto fora ata-

cado no capítulo 1, é restaurado neste ponto do capítulo 2. O profeta dedicou


tempo para enumerar as coisas individuais, nessa restauração, tal como fez ao


descrever sua destruição, a fim de mostrar que a restauração divina fora comple-

ta, em nada falhando, além de ser abundante, da mesma maneira que a destrui-

ção tinha sido total. Encontramos algo semelhante na história do Egito. A esteia


íanis do faraó Tarharga (688-663 A. C.) louva os deuses por terem protegido um

campo dos ataques dos gafanhotos, de forma que houve grande colheita. Cf. este

versículo com Zac. 8.12.

2.23

Alegrai-vos, pois, filhos de Sião. Os filhos de Sião (Judá), juntamente

com os animais e a vegetação, terão razões para alegrar-se. Yahweh-Elohim


(o Deus eterno e Todo-poderoso) é o Benfeitor deles de maneira toda especi-

al. Os gafanhotos tinham sido soprados para longe pelo vento, e então chu-

vas abundantes chegaram e acabaram com a seca. Ver no Dicionário o artigo


chamado Chuvas Anteriores e Posteriores, quanto a detalhes. As chuvas


prepararam o solo para o plantio e ajudaram o crescimento das plantas, ga-

rantindo uma colheita abundante. As coisas foram assim normalizadas e as


calamidades cessaram. As primeira chuvas chegaram para vindicar o povo,

ou seja, para mostrar que suas esperanças eram justas, que sua confiança

em Deus quanto à justificação tinha razão de ser. O arrependimento deles

(vss. 16 e 17) estava justificado, e o opróbrio deles entre as nações (vs. 17)

fora removido. Diz a tradução da NCV: “Ele fará o que é certo”. A NIV tem

uma tradução possível, dizendo “retidão”, em lugar de “vindicação”: "... o


outono chove em retidão”. O Targum diz: “mestre da retidão”, e alguns erudi-

tos pensam que esta é uma referência ao Messias, a fonte das bênçãos de


Israel. Outros relacionam essa declaração a um profeta ou mais profetas, mas

essa interpretação está fora de lugar neste contexto, embora o termo hebraico

moreh possa ser assim traduzido. O vocábulo outono também pode significar

mestre. Cf. Sal. 84.6.

2.24

As eiras se encherão de trigo. Os cereais, um produto principal do campo,

encheriam as eiras, e o vinho (outro produto principal) encheria os lagares. Essas

mercadorias também faziam parte dos sacrifícios e oferendas do templo (Joel

1.9), pelo que seriam restaurados os ritos do templo, diante da normalização da


agricultura. “A fome referida em Joel 1.10-12,17 seria substituída, em cada parti-

cularidade, pela abundância. Até hoje, na Palestina, os grãos são empilhados ao


ar livre, nas eiras, conforme se vê em Rute 3.7. Os lagares eram escavados na

rocha, para recolher o vinho e o azeite que escorriam das prensas” (John A.

Thompson, in loc.).

Por misericórdias tão grandes, como poderei agradecer,

Por misericórdias tão constantes e seguras?

Eu O amarei; eu O servirei, com tudo quanto tenho,

Enquanto minha vida perdurar.


(T. O. Chisholm)


2.25

Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos. Cf. este versículo com


Joel 1.4, onde temos quatro nomes aplicados aos gafanhotos, cada qual pro-

vendo uma idéia diferente sobre a natureza desses animais ou sobre seus


poderes de destruição. Os nomes não aparecem na mesma ordem, mas isso

não tem significação. Este versículo sumaria os vss. 19-24. Os efeitos deixados

pelos gafanhotos serão completamente revertidos. Yahweh “devolveria" a Israel

os anos perdidos na dor, como se isso fosse uma obrigação divina e moral de

um pai a seus filhos. Ele enviara a praga, pelo que tinha a obrigação, por Sua

própria vontade e propósito, de restaurar tudo quanto havia sido destruído.

Essa seria a reação de Yahweh ao arrependimento sincero dos vss. 16-17. “Eu

vos devolverei os anos perdidos na tribulação” (NCV). É assim que opera a

graça de Deus. Deus se obriga pelo Seu amor, e não pela bondade que

porventura houver nos homens. Ver no Dicionário o artigo Amor quanto a úteis

citações. Ele enviara um grande exército destruidor, pelo que também enviaria

uma bênção sem limites.

2.26

Comereis abundantemente e vos fartareis. A fome pertencia ao período de

teste. Agora chegara o tempo da abundância. Não haveria falha ou racionamento.

Cada indivíduo poderia comer sua rica porção e ficar satisfeito, enquanto antes

ele padecia fome. E, por isso, louvaria o nome de Yahweh, seu Deus, o Poder

(Elohim) que fizera bem todas as coisas.


3494 JOEL

Por todo o caminho meu Salvador me guia!

Que terei de pedir além disso?

Posso duvidar de Sua terna misericórdia

Que, por toda a minha vida, foi o meu guia?


(Fanny J. Crosby)

Essa tem sido a minha canção através de anos intermináveis — Ele faz bem


todas as coisas. O povo desobediente foi envergonhado por causa de seus peca-

dos, e por isso a praga caiu sobre eles, antes de mais nada. E então, uma vez


restaurados, eles não terão mais razão para sentir-se envergonhados.


O nome do Senhor vosso Deus. Cf. Deu. 4.35,39. A relação de pacto foi reafirma-

da. Ver sobre Pacto Abraâmico em Gên. 15.18, e sobre Pacto Mosaico na introdução a


Êxo. 19. Cf. Jer. 3.16,17 e Apo. 21.3. Alguns estudiosos pensam que este versículo é

escatológico e olham para a era do reino de Deus. Cf. este versículo com Sal. 22.26.

2.27


Sabereis que estou no meio de Israel. Este versículo reforça a idéia princi-

pal do vs. 26. Yahweh-Elohim é o Deus universal, mas, para o povo em pacto


com Ele, é especialmente Deus, Senhor, Guia e Benfeitor. Para eles não existe

nenhum outro Deus (ver Isa. 45.5,6,18). Essa é uma resposta eficaz para as

zombarias dos pagãos no vs, 17: “Onde está o seu Deus?”. Cf. Êxo. 6.7, onde se

originou a expressão deste versículo. Ver também Êxo. 16.12. Quanto ao fato de

que não existe outro Deus, ver também Deu. 4.35,39. Tradições e promessas

mais antigas foram reafirmadas para o povo do tempo de Joel.

Eis o tabernáculo de Deus com os homens.

Deus habitará com eles. Eles serão povos de

Deus e Deus mesmo estará com eles.


(Apocalipse 21.3)

As Bênçãos Futuras de Israel; o Julgamento das Nações (2.28-3.21)

O Derramamento do Espírito (2.28-29)

2.28

E acontecerá depois que derramarei o meu Espírito. O grande dia do Reino

de Deus será anunciado pelo derramamento do Espírito e por outros grandes sinais.

Se as promessas, no livro de Joel, foram feitas ao povo de Israel, os cristãos não

hesitaram em apropriar-se delas, crendo que o Pentecoste foi o cumprimento (pelo

menos preliminar) do que é dito aqui. Ver Atos 2.16. Os eruditos supõem que

tenhamos aqui uma instância notória de acomodação (ver a respeito no Dicionário),

onde o significado central da profecia é desprezado e aplicado a alguma outra coisa.

Pedro expandiu a profecia de Joel para incluir não-judeus (ver Atos 2.39), e isso

naturalmente se deve a uma compreensão mais profunda das questões espirituais,

derivada das revelações mais elevadas do cristianismo. Nada existe de errado, seja

como for, ao vermos duplo significado na profecia: um que se aplica à igreja, e outro


que se aplica a Israel. Naturalmente, a humanidade é beneficiada por essas realida-

des espirituais, pelo que estas promessas são universais.


“O simbolismo do derramamento (ver Eze. 39.29; Isa. 32.15) por nos fazer

lembrar da doação de chuvas abundantes (vs. 23). Uma das principais funções do

Espírito de Deus é iluminar a profecia, quer se trate de uma declaração estática

(ver I Sam. 10.6,10), quer se trate da mensagem de instrução divina, advertência

ou predição (ver II Crô. 20.14 e 24.20). Deus promete aqui cumprir o desejo

expresso por Moisés no sentido de que todo o povo do Senhor se compusesse de

profetas, pela influência do Espírito (ver Núm. 11.29)” (John A. Thompson, in loc.).

Vossos filhos e vossas filhas. Esta frase tornou-se parte da discussão, na

igreja, a respeito do lugar e da função apropriada das mulheres. Contrastar com I

Cor. 14.34.0 truque dos filósofos de permitir que as mulheres profetizem, exceto

em cultos de adoração formais, não consegue impor nenhuma reconciliação. Nem

é importante reconciliar este versículo e Atos 2.16 com o versículo escrito pelo

apóstolo Paulo aos coríntios. Quanto a minhas opiniões sobre essa questão, ver a

exposição sobre I Cor. 14.34, no Novo Testamento Interpretado.

Vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões. No livro de Daniel,

os sonhos e as visões espirituais não são distinguidos. Joel dá aos homens

idosos uma função profética menor nos sonhos, e aos jovens, mais fortes, visões

espirituais. Ver no Dicionário os artigos chamados Sonhos e Visões. Seja como

for, o ministério profético é vindicado. Esse ministério tinha duas manifestações

válidas, embora, como é óbvio, existam sonhos e visões meramente psíquicos, e


não espirituais, e então sonhos e visões que não têm nenhum significado espiritu-

al, embora os homens lhes atribuam grande importância. O natural, o verdadeiro e


o falso andam juntos e permitem que um homem de discernimento nos diga quais

diferenças existem entre essas três categorias.

“É evidente que o Pentecoste cristão, embora extraordinário, não corresponde

plenamente ao que foi predito por Joel” (Robert B. Chisholm, Jr., in loc).


Cf. este versículo com Gál. 3.28. Em última análise, a espiritualidade ultra-

passa questões de distinção entre os sexos e as raças, embora, ao longo do


caminho, costumes culturais possam impedir esse avanço inevitável. Ver as notas

expositivas sobre este versículo no Novo Testamento Interpretado. O avanço


espiritual acompanha o processo histórico. Alguns homens preferem a estagna-

ção, por amor ao conforto mental. Até mesmo no próprio Novo Testamento encon-

tramos o processo histórico em operação, com um correspondente progresso


espiritual. O Novo Testamento, entretanto, não tem por finalidade estagnar o


processo. A verdade é uma aventura em progresso, e não um código fixo, confor-

me é a lei de Moisés. Mas os homens continuam tentando contê-lo em suas


declarações e credos doutrinários. Credos humanos, declarações doutrinárias e

interpretações não podem aprisionar a verdade. Como podemos imaginar que o

infinito possa ser contido e suprimido por nossos credos?

2.29

Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito. Até os

escravos e escravas haverão de profetizar, pelo poder de Deus. O profeta prossegue

com essa “falta de distinção” na doutrina, antecipando o sentimento de Gál. 3.28. “Os

escravos, que são os mais degradados e desprezados entre os homens, ao se tomarem

servos de Deus, são Seus libertos (ver I Cor. 7.22; Gál. 3.28 e Col. 3.16)” (Fausset, in

loc). Nem Joel nem Fausset previram o fim da escravidão universal, outra obra do amor

de Deus, mas puseram as operações do Espírito dentro das fileiras dos escravos. Ver no

Dicionário o verbete intitulado Escravo, Escravidão. Nas sinagogas, um escravo do sexo

masculino podia ler a lei em voz alta, mas não uma judia! I Cor. 14.34 é um reflexo

histórico dessa espécie de atitude. A espiritualidade ultrapassou tais restrições. Isso não

desculpa abusos loucos que são praticados na igreja hoje em dia.

Sinais do Dia do Senhor; o Livramento dos Fiéis (2.30-32)

2.30-31

Mostrarei prodígios no céu e na terra. Nestas palavras, passamos do dia de


Pentecoste e entramos no dia escatológico. Esta pequena seção fala sobre os julga-

mentos que deverão anteceder a era do Reino de Deus e farão parte do Dia do


Senhor (ver a respeito no Dicionário). Haverá temíveis fenômenos apocalípticos nos


céus e na terra. Talvez esses sinais estejam relacionados à guerra, onde encontra-

mos sangue, fogo e colunas de fumaça. O mais provável, porém, é que sejam


acontecimentos sobrenaturais, conforme se vê no livro de Apocalipse, no Novo Tes-

tamento. Os vss. 30-31 também são citados em Atos 2.19-20, mas ali Pedro não


tenta interpretar as declarações. Cf. Joel 2.10 e 3.15. Tais fenômenos significarão a

condenação dos inimigos de Deus, mas serão medidas necessárias para assegurar o

livramento de Seu povo. Ver Mat. 24.29-31; Mar. 13.24-27; Luc. 21.25-28. As coisas

ditas sobre o sol e a lua não podem ser literalmente verdadeiras. O sol não se

apagará; e a lua não se transformará em sangue; mas mediante tais termos devemos

entender acontecimentos cósmicos terríveis. Isso nos faz relembrar das pragas do

Egito, mas algo ainda mais radical do que aquilo deve estar em pauta. E inútil

tentarmos ser específicos aqui, com interpretações naturais ou sobrenaturais das

palavras. O grande e terrível dia do Senhor se comporá, pelo menos em parte, de tais

acontecimentos; mais do que isso ocorrerá, entretanto, durante o julgamento dos

homens, por meio do rearranjo da ordem social, e poderosas obras haverá em favor

dos remidos, ou seja, coisas pertinentes ao reino de Deus e à era eterna. Cf. Mal. 4.5.

2.32

E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será

salvo. Os fiéis, os que tiveram o coração bem disposto e as condições para

invocarem o nome de Yahweh, esses serão libertados dos terríveis fenômenos e

receberão a graça divina da redenção. O monte Sião e Jerusalém são destacados

como lugares da manifestação dos poderes remidores de Deus. Yahweh chama

aqui os sobreviventes do terror ao Seu quartei-general. O profeta Joel, no entanto,


não recebeu a visão maior da redenção mundial que alguns dos profetas recebe-

ram, e que se tornou tão comum como a posição do Novo Testamento. Ver Efé.


1.9,10 explicado no Novo Testamento Interpretado quanto às dimensões maiores

dessa doutrina. Pedro empregou a primeira parte deste versículo (ver Atos 2.21),

que fala da fé e da salvação espiritual. Paulo (em Rom. 10.13) citou a promessa

de Joel e a aplicou ao princípio da salvação pela fé, para todos os povos de todas

as épocas. A eleição divina — “aqueles que o Senhor chamar” — é referida por


Pedro em Atos 2.39. Portanto, vemos a ação do livre-arbítrio humano ao aproxi-

mar-se de Deus, e a eleição divina a trabalhar em conjunto com esse livre-arbítrio,


sendo que as duas coisas mostram a verdade inteira da questão, embora não

possamos reconciliar os dois elementos aparentemente contraditórios. Ver no

Dicionário os verbetes intitulados Livre-arbítrio e Eleição.


SONHOS

Consulte o artigo sobre Sonhos no Dicionário

A tradição hebraica-cristã sempre deu um lugar muito importante aos sonhos como um

possível modo de orientação divina.

Sonhos bíblicos — alguns exemplos: Gênesis 28.12; Gênesis 31.10-13; Gênesis 40.5;

Gênesis 41.7; Juízes 7.13,15; I Reis 3.5; Jer. 23.28; Daniel 2.3; 4.5; 7.1; Mateus 1.20; 2.12;

27.19; Atos 2.17 (citando Joel 2.28)

Joel (citado em Atos 2.17) equaciona sonhos espirituais à profecia. O islamismo considera

sonhar um dos ofícios proféticos quando esses sonhos são direcionados por Deus e

apresentados através de homens merecedores.

O Smithsonian Institute publicou um artigo no qual somos informados de que temos entre

30 e 50 sonhos por noite. Literal ou simbolicamente, nosso futuro sem dúvida está todo

contido neles, mesmo no que diz respeito às coisas mais banais.

A função dos sonhos demonstra a naturalidade do fenômeno psíquico. Todos nós somos

psíquicos, tendo a capacidade de prever o futuro enquanto dormimos.


Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão;

vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões.


Joel 2.28


Modos de Orientação divina

A tradição hebraica lista esses quatro tipos principais:

1. Profetas e suas visões

2. Sonhos

3. Urim e Tumim

4. Bath kol, a voz divina


OS CICLOS DOS SONHOS


Ciclos de sono da 90 minutos cada

RMO’s (rápidos movimentos dos olhos) ocupam uma parte,

de cada Ciclo.

Nos períodos de RMO, a pessoa sonha. Os períodos de

RMO duram mais tempo enquanto a noite progride.

MINUTOS 90 180 270 360 450


GRÁFICO DOS CICLOS DOS SONHOS


ALGUNS FATOS SOBRE SONHOS


A maioria dos sonhos é realização de um desejo para compensar uma condição não ideal

na vida real.

Alguns sonhos são ético-morais e dão instrução para a correção de erros.

Alguns sonhos procuram resolver traumas e ansiedades, inventando cenários que sugerem

planos para escapar aos sofrimentos.

Alguns sonhos são psicossomáticos, advertindo-nos sobre condições patológicas no corpo.

Alguns sonhos são psíquicos, como aqueles que empregam a telepatia ou que podem

prever o futuro (precognição).

Alguns sonhos são espirituais e dão instrução para melhorar nossa espiritualidade. Este tipo

de sono faz parte da nossa herança espiritual.


3498 JOEL


C ap ítu lo Três

Deus Promete Julgar os Opressores de Israel (3.1-3)


Joel deixa para outros profetas as visões concernentes à salvação e restau-

ração dos gentios. Ele termina seu livro proferindo condenação contra os opresso-

res do povo de Israel e deixa a questão nesse pé. Com uma tirada incansável, ele


derruba todos os adversários de Israel e, até onde lhe dizia respeito, esse foi o fim

da questão. Sua visão foi limitada quanto aos detalhes, até mesmo diante dos

padrões do Antigo Testamento; mas o que ele tinha para dizer tornou-se parte de

nosso estoque de conhecimentos proféticos. Grandes provas haverão de sobrevir

às nações no vale de Josafá, chamado vale da decisão no vs. 14. Cf. Jer. 25.31.

3.1


Eis que naqueles dias, e naquele tempo. Embora Yahweh venha a restau-

rar a fortuna de Israel, Ele realizará paralelamente uma obra terrível entre as


nações gentílicas. As palavras “naqueles dias” apontam para o “tempo da restau-

ração de Israel”. Alguns limitam a mensagem deste livro ao retorno de Judá do


cativeiro babilónico, mas isso expressa uma opinião muito estreita, embora as

palavras literais possam significar somente isso. Cf. este versículo com Jer. 33.15;

50.4,20. Cf. também Deu. 30.3. No Novo Testamento temos a passagem de Rom.

11.26, que diz: “E assim todo o Israel será salvo”.

Alguns intérpretes vêem aqui a esperança da restauração tanto para a nação

norte (Israel) do cativeiro assírio, quanto para a nação sul (Judá) do cativeiro


babilónico, mas esse parecer fica aquém do esquema escatológico que este capitu-

lo concebe. As palavras “naqueles dias” têm sido cristianizadas por alguns eruditos


para significar “a dispensação do evangelho”, mas isso está fora de lugar aqui. Ver

no Dicionário o verbete denominado Restauração de israei, quanto a detalhes.

3.2

Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá. Em

contraste com as bênçãos sobrevindas a Israel, temos as maldições que caem

sobre os povos gentílicos. Deus reunirá todas as nações (ver Sof. 3.8) no temível

vaie de Josafá, onde elas enfrentarão singular agonia. Essa é a única referência a

tal lugar na Bíblia, e o profeta não ofereceu nenhuma explicação. Isso faz os

intérpretes conjecturar: 1. O termo não se refere a nenhum lugar específico, mas


é um nome inventado para o vale da decisão (vs. 14). Josafá foi escolhido mera-

mente por causa de seu significado; “Yahweh julgou”. 2. Tanto a tradição cristã


quanto a tradição islâmica associam o nome com o vale do Cedrom, localizado

entre Jerusalém e o monte das Oliveiras. 3. Essa idéia é refinada por alguns

estudiosos, que supõem que um grande terremoto formará um vale que, no futuro,

será chamado vale de Josafá. Supostamente, para formar esse vale, o terremoto

rachará em dois o monte das Oliveiras, mas isso soa para mim como exagerado

refinamento. 4. Ou temos nesse nome uma forma alternativa do nome Armagedom

(ver a respeito no Dicionário). Estou conjecturando que a primeira dessas quatro

interpretações é a correta.

Seja como for, naquele lugar, Yahweh entrará em julgamento (Revised


Standard Version) contra todos os povos que maltrataram Israel, guerrearam con-

tra eles e os espalharam a lugares longínquos da terra. A alusão é aos cativeiros


assírio e babilónico, mas a referência é geral e não deve ser limitada a uma ou

duas instâncias de perseguição. Cf. Jer. 52.28-30. Tanto os assírios quanto os

babilônios dividiram a Terra Prometida visando seu próprio benefício, e enviaram

estrangeiros para lá, a fim de habitar no espaço disponível. Além disso, houve a

dispersão romana, iniciada em 132 D. C. por ordens de Adriano, que esvaziou o

país de judeus.

3.3

Lançaram sortes sobre o meu povo. Povos cativos e prisioneiros de guerra

tradicionalmente eram maltratados por seus captores. Israel sofreu repetidamente

tais ultrajes. As pessoas lançavam sortes para dividir as terras que tinham tomado

à força, como se essas lhes pertencessem; eles vendiam os preciosos filhos de

Israel para comprar prostitutas; e vendiam meninas pequenas em troca de vinho.

Desse modo, os filhos e as filhas foram levados para uma escravatura sem

misericórdia, para serem usados como se fossem mera propriedade. Este versículo

fala da intensa crueldade e barbaridade humana, a ausência total de bondade, a

desumanidade do homem contra o homem, o que tem manchado toda a história.

O pequeno valor dado a meninos pequenos, pelos seus captores, é ilustrado

mediante a leitura da versão Peshitta. Eles eram vendidos não para comprar

alguma prostituta, mas somente para alugá-la por uma única experiência; “deram

meninos por meretrizes". “A tão miseráveis circunstâncias foram reduzidos os

pobres judeus, em seu cativeiro, a ponto de seus filhos serem vendidos por seus


opressores, tanto meninos quanto meninas, para os mais baixos propósitos” (Adam

Clarke, in loc.).

Sortes sobre o meu povo. “Não somente por causa de suas terras, mas

igualmente por causa de suas pessoas: quantos cativos cada soldado conseguia

arranjar. Noventa e sete mil foram levados cativos pelos romanos, conforme diz

Josefo (Guerras, 1.6, cap. 9. sec. 3).

Pecados e Punições de Tiro, Sidom e Filístia (3.4-8)

3.4


Que tendes vós comigo, Tiro e Sidom..,, Filístia? Quanto aos povos men-

cionados (ver os artigos sobre cada povo, no Dicionário), as cidades fenícias


estavam envolvidas no comércio escravagista, em que os judeus eram compra-

dos e vendidos (vs. 6), mas essa era apenas uma dentre suas muitas infrações


contra a humanidade. Naturalmente, os judeus, quando combatiam uns contra os

outros (como a nação do norte contra a nação do sul, ou de fações contra facções


dentro dessas duas nações), ou quando conquistavam outros povos, eram culpa-

dos das mesmas brutalidades, o que significa que os gentios não tinham monopó-

lio do pecado. ‘Tiro e Sidom e todas as regiões da Filístia! Que tendes contra


mim? Estais a punir-Me por causa de alguma coisa que fiz? Então farei rapida-

mente contra vós aquilo que tendes feito contra Mim” (NCV). Este versículo mos-

tra a proximidade entre Yahweh e Seu povo, conforme se aprende em Joel


2.23,26,27. Israel era filho de Yahweh (ver Êxo. 4.22). Os fenícios controlavam os

mares e muitas rotas comerciais, e havia opressão econômica. Os filisteus se

fizeram inimigos de Israel desde o princípio, tornando-se culpados de muitas

atrocidades. Ver Amós 1.6,9 quanto a um paralelo próximo do presente versículo

e onde é dada uma lista dos crimes mais óbvios.

Com severa ironia, Yahweh adverte-os dizendo que a chamada vingança

seria um tiro pela culatra contra eles. Cf. Isa. 58.18 e Oba. 15. Ver também o vs.

7, logo adiante, neste mesmo capítulo.

3.5


Visto que levastes a minha prata e o meu ouro. Este versículo fala primei-

ramente sobre a exploração econômica e em segundo lugar sobre os ataques


diretos, mediante os quais as riquezas de Israel foram tomadas pelos fenícios. Os

tesouros, neste caso, não eram especificamente do templo, o principal depósito


de valores de Judá, pois os fenícios nunca conseguiram saquear o templo. Deve-

mos compreender o país como um todo, bem como seus recursos financeiros. Por


outra parte, os filisteus tinham uma longa história de saques de Israel. Ver Juí.

13.1; I Sam. 5.1; II Crô. 21.17. Os filisteus tomavam dos bens dos israelitas e os


colocavam em seus templos, os quais eram depósitos comuns para receber coi-

sas saqueadas. Ver I Sam. 5.2; 31.10. Foram os babilônios que saquearam o


templo de Jerusalém (ver Jer. 52.13,17 ss.).

3.6

E vendestes os filhos de Judá e os filhos de Jerusalém. Os fenícios


transportavam escravos hebreus aos portos do mar Mediterrâneo e a outras na-

ções que estavam ativas no tráfico de escravos. Amós também acusou os fenícios


e os filisteus de ocupar-se desse negócio vergonhoso (ver Joel 1.6,9), que incluía

escravos judeus como parte do comércio entre a Grécia e Tiro. Os fenícios desde


há muito dedicavam-se a esse negócio, pelo que há uma referência essa ativida-

des na obra de Homero, Odisséia XIV.297; XV.482-484. Ver Heródoto, Hist.


1.1.11.54. A referência específica aqui pode ser aos eventos que se seguiram ao

cativeiro babilónico, que produziu um número razoavelmente grande de escravos

a serem oferecidos no mercado.

3.7

Eis que eu suscitarei do lugar para onde os vendestes. Yahweh-Elohim

não deixou as coisas ficar como estavam. Ele despertou Seus filhos, que estavam

escravizados, para voltar à Terra Prometida (vs. 1), a fim de, por meio deles e

inteiramente à parte deles, tirar vingança daqueles homens maus. Haveria um

temível julgamento contra aqueles homens, o que repete a idéia do vs. 4. Chegará

o tempo em que Israel obterá ascendência sobre os seus inimigos (ver Isa. 41.11,12;

Amós 9.12; Oba. 15-21; Miq. 7.16,17; Sof. 2.6,7). Alexandre devolveu a liberdade

a muitos judeus, conforme diz Josefo em sua obra Guerras iii.9.2. Essa foi uma

medida preliminar. Yahweh levaria essa questão à fruição.

3.8


Venderei vossos filhos e vossas filhas aos filhos de Judá. Os que nego-

ciavam com escravos sofreriam conforme a Lex Talionis (retribuição conforme a


gravidade do crime cometido; ver a respeito no Dicionário). Visto que eles tinham


JOEL 3499


vendido crianças judias como escravas, usando-as como sua propriedade (vs. 3),

o mesmo aconteceria a seus filhos. Os judeus tornar-se-iam ativos nos negócios


escravagistas e venderiam crianças gentílicas aos sabeus. Esse povo era co-

nhecido por seu ativo comércio escravagista (ver I Reis 10.2; Eze. 27.22,23). Seba,


a terra deles, ficava no extremo sul da Arábia (ver Jer. 6.20). Assim aconteceria por

força do decreto divino (ver Oba. 18). Diodoro Sículo XIV.45 diz especificamente

que sidônios foram vendidos como escravos por Artaxerxes III, em 345 A. C. O

Ànábasis de Alexandre, H.24,27, de Ariano, afirma que os tírios e o povo de Gaza

foram vendidos por Alexandre, o Grande (332 A. C.). Temos aí uma justiça retributiva,

outra instância da Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura (ver a respeito no

Dicionário). Diz o Targum: “Pois pela palavra de Yahweh foi assim decretado”.

As Nações São Convocadas para a Batalha Final (3.9-11)

3.9

Proclamai isto entre as nações. “A guerra santa entre os guerreiros do

Senhor e todas as nações ao redor (cf. Eze. 38 e 39)” (Oxford Annotated Bible,


comentando sobre este versículo). Os arautos de Yahweh anunciaram a mensa-

gem em palavras altissonantes, curtas e claras. Eles tiveram de preparar-se (san-

tificar) para a guerra. Essa preparação geralmente era feita pelos povos antigos


mediante ritos religiosos e súplicas dirigidas aos deuses. Cf. I Sam. 7.8,9. A

mesma palavra hebraica é usada para a instituição de festas e jejuns religiosos

(ver Joel 1.14 e 2.15). Além disso, eles tinham de aproximar-se dos lugares da


matança, de onde muitos milhares não retornariam. Todas as nações se envolve-

riam, visto que seria efetuada cobrança universal. Cf. Isa. 34.2; Oba. 15 e Zac.


14.2. A cena é a do Armagedom (ver a respeito no Dicionário), embora não seja

chamada por esse nome.

3.10

Forjai espadas das vossas relhas de arado. As instruções dadas aqui são

o oposto exato daquelas dadas em Isa. 2.4 e Miq. 4.3, onde instrumentos de

guerra são transformados em instrumentos agrícolas, porquanto o reino de Deus

(o milênio) trará a paz quando a guerra não mais existir. Para que haja armas em

número suficiente para a grande batalha, instrumentos agrícolas terão de ser

transformados em instrumentos de morte, a espada e a lança. Homens fracos


subitamente se tornarão guerreiros, porquanto muitas serão as vítimas que tom-

barão no campo de batalha. Haverá muito de matar ou ser morto. A palavra de


ordem do dia será “congregai-vos!” (vs. 11; cf. Zac. 12.9).

“A sorte que envolveu os ímpios, por muitas e muitas vezes na história, aponta

para o significado desta profecia. Certamente acontece que as mesas são viradas

de cabeça para baixo, de tal maneira que aqueles que vivem da espada morrerão


por meio dela, e nações que atacaram outras nações perecerão. As nações encon-

trarão a armadilha na qual cairão no vale da decisão” (Norman F. Langford, in loc.).


3.11

Apressai-vos, e vinde, todos os povos em redor. As forças dos ímpios

reunir-se-ão no campo da matança. As forças de Yahweh se encontrarão ali, pois

o mesmo decreto requer ambas as coisas. É a vontade de Yahweh que deverá ter

cumprimento, porquanto Ele intervém nas atividades dos homens e das nações.

Ver no Dicionário o verbete chamado Teísmo. Os povos de todas as nações se

reunirão, vindos de todas as direções. Para enfrentar essa horda, uma poderosa


força de Yahweh chegará correndo. Seus fortes soldados (NCV) estarão presen-

tes, também chamados de “teus valentes”, havendo nisso uma possível referência


ao envolvimento de poderes angelicais. “... vindos de todas as partes da terra

para o vale de Josafá, ou Armagedom (ver Apo. 16.14,16)” (John Gill, in loc.).

Kimchi e Aben Ezra fazem dos anjos que ali acorrem os destruidores, como foi o

caso do exército de Senaqueribe (ver II Reis 19.35-37).

O Julgamento Final (3.12-16a)

3.12

Levantem-se as nações, e sigam para o vale de Josafá. Quanto a notas

expositivas sobre as várias interpretações do vale de Josafá, ver o vs. 2. Esse

vale é o equivalente à tradicional doutrina do Armagedom (ver a respeito no

Dicionário). A decisão final será tomada. Os ímpios cairão no esquecimento. Um

Novo Dia raiará entre a fumaça e os escombros. Yahweh faz agora o convite fatal

que Ele confiara primeiramente a seus mensageiros (vs. 9). Sua vontade será

cumprida. A iniqüidade tinha de ser detida em algum ponto da história. Não podia

continuar para sempre. Era necessário haver um dia final de prestação de contas.

O lugar tinha de ficar cheio com os cadáveres dos mortos (Sal. 110.6). As nações

terão de ser julgadas. Terão de sofrer uma reprimenda final (ver Isa. 2.4). Ver

também Miq. 43,11-13; Sof. 3.15-19; Zac. 12.9; Mal. 4.1-3.


3.13

Lançai a foice, porque está madura a seara. A matança que terá lugar é

agora comparada à colheita e ao pisar das uvas, figuras apocalípticas comuns.

Haverá uma colheita: a foice cortará o cereal; as uvas serão pisadas no lagar, e o

suco delas escorrerá e encherá as tinas que não podem conter todo o suco, pelo

que transbordam. Assim como a iniqüidade era “grande", também a matança fará

com que o sangue dos réprobos inunde o campo de batalha. Cf. Isa. 17.5 e Apo.


14.15 ss., trechos que, sem dúvida, dependem do presente versículo. Os guerrei-

ros santos executarão a sentença, e ela terá de ser cumprida. A paciência divina


ter-se-á esgotado. O dia da consumação chegará. Os intérpretes literalistas vêem

aqui guerreiros celestiais, exércitos angelicais, conforme sugiro nas notas expositivas

sobre o vs. 11. “Esses versículos (12 e 13) indicam claramente que o julgamento

mencionado neste capítulo realmente assumirá a forma de guerra divina contra os

inimigos de Israel. Portanto, o desabafo aqui descrito deve ser equiparado à batalha


do Armagedom (cf. Apo. 14,14-20; 16.16; 19.11-21), e não ao julgamento das na-

ções profetizado em Mat. 25.31-46" (Robert B. Chisholm, Jr„ in loc.).


3.14

Multidões, multidões no vale da decisão! O Dia do Senhor, a catástrofe no

vale de Josafá, a batalha de Armagedom, são todos uma e a mesma coisa.

Devemos entender que naquele dia o vale da decisão ficará repleto de multidões.

O Dia do Senhor decidirá os destinos eternos ali. Será um dia grande e temível,

de julgamento e dor. Ver sobre esse título no Dicionário. A repetição, “multidões,


multidões” subentende um número tão grande que será impossível qualquer cômpu-

to. Será a batalha para terminar todas as batalhas, para resolver todas as questões


de certo e errado. Haverá vingança; as contas serão ajustadas. Essas multidões

serão reunidas para condenação de destruição. O veredicto divino será executado.

Há em tudo isso uma inescapável finalidade. Poderes sobre-humanos realizarão a

obra de destruição. O texto diz que Deus fará essa obra sozinho, sem a ajuda dos

exércitos humanos. “Por tentador que seja interpretar isso como uma referência às

decisões que os homens têm de tomar em tempos de crise, tal interpretação não é

uma exegese sã aqui. A referência nestes versículos é à decisão de Deus... os

ímpios serão apanhados na armadilha no vale da decisão. Um poder superior ao

homem terá derrubado os ímpios” (Norman F. Langford, in loc.).

3.15

O sol e a lua se escurecem. Haverá acontecimentos cósmicos, conforme

vemos em Joel 2.10 e 31, onde ofereço as notas expositivas. Será um dia de


trevas totais, pois o sol, a lua e as estrelas negarão sua luz aos homens. Natural-

mente, essas são figuras simbólicas, mas falam de acontecimentos temíveis e


totalmente sem precedente, que haverão de alcançar homens pecaminosos, que

têm rejeitado todos os apelos ao arrependimento.

3.16a

O Senhor brama de Sião, e se fará ouvir de Jerusalém. O Dia do Senhor

terá início por ser a mais horrenda das noites (vs. 15), na qual Yahweh rugirá em

Sião e sairá como um leão para despedaçar os inimigos do bem e pôr um ponto

final neles. Sua voz soará poderosa em Jerusalém. Todos os poderes dos céus e

da terra serão abalados pela Sua voz, figura simbólica que também aparece em

Joel 2.10,11. A voz de Yahweh será um estrondeante clamor de batalha que

anunciará o fim do mal. Cf. Apo. 16.16,18 e também Eze. 38.18-22; Jer. 25.30;

Amós 1.2 e 3.8. Cf. essa figura com a voz estrondeante de Yahweh, em Sal.

18.13 e Hab. 3.10,11.

As Bênçãos de Judá (3.16b-21)

3.16b

Mas o Senhor será o refúgio do seu povo. A matança da batalha de

Armagedom nada deixará das nações gentílicas, mas das cinzas e da destruição

Israel se soerguerá como a fênix. Há esperança para Israel, e nenhum estrangeiro

jamais atravessará novamente a cidade de Jerusalém (vs. 17), ou seja, ninguém a

violará em sentido algum. O Senhor será o refúgio de Israel no temível dia da


batalha de Armagedom, tal como é expresso também em Sal. 61.3. Ver no Dicio-

nário o artigo chamado Refúgio, bem como notas expositivas adicionais em Sal.


46.1. Yahweh será a fortaleza e defesa de Israel naquele tempo, quando nenhum

poder na terra poderia deter as nações reunidas (vs. 11). Desse modo, haverá

intervenção sobrenatural. O teísmo bíblico ensina que o Criador também intervém

em Sua criação, recompensando e punindo, em consonância com as leis morais

de Deus. Essa idéia deve ser contrastada com o deísmo, que ensina que a força

criadora (pessoal ou impessoal) abandonou Sua criação aos cuidados das leis

naturais. Ver sobre ambos os termos no Dicionário. Quanto ao vocábulo fortaleza,

cf. Sal. 9.9; 18.2; 27.1; 37.39; 43.2 e 144.3.


3500 JOEL

3.17

Sabereis assim que eu sou o Senhor vosso Deus. Israel aprenderá a

excelente e encorajadora lição de que Yahweh é Elohim, o Poder que pode fazer

e realmente faz tudo por Seu povo. Ele faz Seu quartel-general na colina de Sião

e ali manifesta Sua presença. Jerusalém será santificada por essa presença, e o


povo que ali estará vivendo deve corresponder a essa santidade com sua santida-

de imitativa, sempre imperfeita, mas sempre crescente. Os estrangeiros, que com


tanta violência violaram Jerusalém, nunca mais terão oportunidade de repetir esse

ato. Uma Nova Ordem será estabelecida na era do Reino. Cf. esse sentimento

com Isa. 52.1 e Zac. 14.21. Em Apo. 21.27 e 22.14,15, a base para a exclusão


será puramente espiritual e ética. A iniquidade causara imenso caos. Mas chega-

rá o fim da iniquidade. “Estrangeiros serão aqueles que, até ali, oprimiram Israel.


Eles eram como as manchas e as rugas que enfeiavam a noiva, a Igreja de Deus"

(Ellicott, in loc.).

Joel deixou os povos gentílicos abandonados, enquanto outros profetas vêem


para os gentios, igualmente, uma restauração final. Ver Isa. 42.6; 49.6.0 conheci-

mento do Senhor, como Seu poder transformador, será universal (ver Isa. 11.9,10).


Ver o artigo geral chamado Restauração, na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e

Filosoíia.

3.18

E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto. Condições


Vigentes no Reino. Cada detalhe de geografia produzirá sua contribuição apropri-

ada para o bem-estar do povo. Portanto, encontramos aqui uma série de figuras


que personalizam as características geográficas da Terra Prometida. Os montes

produzirão mosto (cf. Amós 9.13). As colinas fluirão leite (ver Amós 9.13). Ver a

expressão comum “fluir com leite e mel”, em Êxo. 3.8. Os rios de Judá, secos a

maior parte do ano, fluirão com águas abundantes, e não conhecerão estação

seca (ver Isa. 30.25; Eze. 47.1-12; Zac. 14.8; Enoque 26, 28 e 30). Haverá águas


vivas. Cf. Apo. 22.1,2. Quanto às torrentes messiânicas de bênçãos, provavel-

mente sugeridas pelas águas de Siloé, ver Isa. 8.6 e Sal. 46.4.


Também uma fonfe fluirá do Trono de Yahweh, no templo de Jerusalém. Ver

Eze. 47.1, onde temos a mesma imagem do Templo Ideal. Ver também Zac. 14.8

e Apo. 22.1, que repousa diretamente sobre o texto presente. As águas ali serão

tão abundantes quanto as águas do inteiro vale de Sitim, cujas regiões inferiores

normalmente são secas. Pode estar em vista o wadi en-Nar, onde árvores como a

acácia são encontradas até hoje. Sitim significa “acácia”. “O vale das acácias

provavelmente é a porção do vale do Cedrom que corre através do deserto árido

do mar Morto (cf. Eze. 47.8)” (Robert B. Chisholm, in loc.).

3.19

O Egito se tornará uma desolação. Em contraste com Israel, o que restar das

potências gentílicas após a destruição da batalha do Armagedom (vss. 12 ss.), será


deixado desolado. O Egito e Edom, inimigos perenes de Israel, representam neste

versículo as nações gentílicas. Joel deixou de ver a restauração para qualquer outro

povo além de Israel e, assim sendo, ficou aquém da visão de outros profetas. Ver as

notas expositivas sobre o vs. 17. O Egito será deixado como uma terra desolada e

infértil (cf. Eze. 29.8). Edom tornar-se-á um deserto estéril (ver Eze. 35.3,4; 7.14,15).

Esse será o julgamento das nações por terem oprimido Israel, uma instância das

operações da lei da colheita segundo a semeadura (ver Gál. 6.7,8). Essas nações

tornaram-se culpadas dos mais horrendos crimes, incluindo crimes de sangue. Ver I

Reis 14.25,26; II Reis 23.29 (o Egito está aqui envolvido). Ver Oba. 1-21 quanto ao

caso de Edom. A segurança de Israel será garantida pelo rearranjo as potências

nacionais. Jerusalém será habitada para sempre (ver Eze. 37.25; Amós 9.15; Zac.

14.11). Não haverá mais cativos nem desgraças.

3.20

Judá, porém, será habitado para sempre. A perpetuidade da nação de


Israel, tanto de seus habitantes quanto de suas bênçãos, é prometida a Jerusa-

lém. O tempo da opressão estrangeira finalmente terminará. Israel será levantado


como cabeça das nações. Um Novo Dia raiará, com uma Nova Ordem. O Messias

é poderoso e reina poderosamente. “Jerusalém, a cidade glorificada por Deus,

será eterna” (John A. Thompson, in loc.).

Plantá-los-ei na sua terra, e, dessa terra que lhes dei,

já não serão arrancados, diz o Senhor teu Deus.

(Amós 9.15)


3.21


Eu expiarei o sangue dos que não foram expiados. Este versículo combi-

na a condenação dos povos gentílicos com a glória de Israel, os primeiros por


causa de seus muitos abusos contra Israel, incluindo crimes de sangue; e os

segundos porque o povo de Israel, arrependido, voltou-se para Deus, e agora

estava no plano divino para glorificar aquela nação. No encerramento de seu livro,

o profeta, de maneira mui característica (cf. Joel 1.20 e 2.27), repete os temas

principais do livro: a necessidade de os culpados impenitentes sofrerem a justa


vingança divina; a necessidade de Seu povo ser vindicado como nação; a presen-

ça de Sião para garantir a exaltação de Israel. Vemos a afirmação da presença do


Senhor em Sião, em Joel 3.17. Esse fato, acima de todos os outros, é uma

garantia da glória futura de Israel, descrita nos vss. 17-21 do presente capítulo.

O nome da cidade desde aquele dia será: O Senhor está ali.

(Ezequiel 48.35)

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