Ezequiel Introdução e comentário John B. Taylor ם SÉRIE CULTURA BÍBLICA VIDA NOVA INDICE PREFÁCIO GERAL 5 PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM PORTUGUÉS 8 PREFÁCIO DO AUTOR ABREVIATURAS PRINCIPAIS INTRODUÇÃO O Livro de Ezequiel Ezequiel, o Homem Fundo Histórico A Mensagem de Ezequiel Texto ANÁLISE 9 10 13 13 20 28 38 44 47 COMENTÁRIO. 50 PREFÁCIO DA EDIÇÃO EM PORTUGUES Todo estudioso da Bíblia sente a falta de bons e profundos comentários em portugués. A quase totalidade das obras que existem entre nós peca pela superficialidade, tentando tratar o texto bíblico em poucas linhas. A Série Cultura Bíblica vem remediar esta lamentável situação sem que peque, de outro lado, por usar de linguagem técnica e de demasiada atenção a detalhes. Os Comentários que fazem parte desta coleção Cultura Bíblica são ao mesmo tempo compreensíveis e singelos. De leitura agradável, seu conteúdo é de fácil assimilação. As referências a outros comentaristas e as notas de rodapé são reduzidas ao mínimo. Mas nem por isso são superficiais. Reúnem o melhor da perícia evangélica (ortodoxa) atual. O texto denso de observações esclarecedoras. é Trata-se de obra cuja característica principal é a de ser mais exegética que homilética. Mesmo assim, as observações não são de teor acadêmico. E muito menos são debates infindáveis sobre minúcias do texto. São de grande utilidade na compreensão exata do texto e proporcionam assim o preparo do caminho para a pregação. Cada Comentário consta de duas partes: uma introdução que situa o livro bíblico no espaço e no tempo e um estudo profundo do texto a partir dos grandes temas do próprio livro. A primeira trata as questões críticas quanto ao livro e ao texto. Examina-se as questões de destinatários, data e lugar de composição, autoria, bem como ocasião e propósito. A segunda analisa o texto do livro seção por seção. Atenção especial é dada às palavras-chave e a partir delas procura compreender e interpretar o próprio texto. Há bastante "carne" раra mastigar nestes comentários. Esta série sobre o V.T. deverá constar de 24 livros de perto de 200 páginas cada. Os editores, Edições Vida Nova e Mundo Cristão, têm programado a publicação de, pelo menos, dois livros por ano. Com preços moderados para cada exemplar, o leitor, ao completar a coleção, terá um excelente e profundo comentário sobre todo o V.T. Pretendemos, assim, ajudar os leitores de língua portuguesa a compreender o que o texto vétero-testamentário de fato diz e o que significa. Se conseguirmos alcançar este propósito seremos gratos a Deus e ficaremos contentes porque este trabalho não terá sido em vão. Richard J. Sturz PREFACIO DO AUTOR Os comentários podem ser divididos em duas classes. Alguns têm a intenção de ajudar os leitores da Bíblia a compreender melhor as partes que léem. Os outros têm a intenção de ajudar as mesmas pessoas a atacar as partes que, doutra forma, negligenciariam. O presente comentário tem a intenção de se classificar nesta segunda categoria. Para aqueles que lutaram confiantemente com os problemas das visões de Ezequiel, e que podem passar horas felizes deslindando o cumprimento das suas profecias, estas páginas têm pouco para oferecer. Mas aqueles que não fizeram mais do que folhear tentativamente seus quarenta e oito capítulos serão encorajados, espero eu, a aventurar-se mais. Visando o benefício deles, procurei evitar tecnicalidades indevidas e, mesmo quando achei necessário referir-me ao hebraico original, procurei tornar meus comentários claros e de fácil leitura, de modo que o próprio leigo total nunca se sentirá perplexo. Meu sucesso será julgado, portanto, não pelo número de pessoas que lêem este livro, mas, sim, pelo número delas que leiam também Ezequiel. e Estou muito grato ao Professor D. J. Wiseman pelo seu encorajamento pessoal bem como por várias sugestões e melhorias que fez; ao Rev. Arthur Cundall por ter feito um exame cuidadoso do manuscrito indicado inexatidões que eu talvez nunca tivesse percebido; e ao Sr. Alan Millard pela sua ajuda no preparo da tabela cronológica na Introdução. Devo, também, meus agradecimentos à Sra. Valerie Everitt e à Sra. Joy Hills por sua ajuda inestimável em datilografar o manuscrito. Acima de tudo, gostaria de expressar minha gratidão à minha esposa aos meus filhos, que, com boa vontade, fizeram sacrifícios a fim de que este livro pudesse ser escrito, e que me encorajaram mais do que posso dizer. Domingo de Páscoa, 1969 e 9 John B. Taylor ABREVIATURAS PRINCIPAIS Ac. ANEP ANET ARA ARC ARI AV BA BASOR Bertholet BJRL Acadiano The Ancient Near East in Pictures de J. B. Pritchard, 1954. Ancient Near Eastern Texts relating to the Old Testament² de J. B. Pritchard, 1955. Almeida Revista e Atualizada Almeida Revista e Corrigida Archaelogy and the Religion of Israel³ de W. F. Albright, 1953. Versão Inglesa Autorizada da Bíblia ("Rei Tiago") Biblical Archaelogist Bulletin of the American Schools of Oriental Research Hesekiel de A. Bertholet (Handbuch zum Alten Testament), 1936 Bulletin of the John Rylands Library Beihefte zur Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft BZAW Cooke A Critical and Exegetical Commentary on the Book of Ezekiel de G. A. Cooke (International Critical Commentary), 1936. Cornill Davidson Das Buch des Propheten Ezechiel de C. Cornill, 1886 The Book of the Prophet Ezekiel de A. B. Davidson (Cambridge Bible for Schools and Colleges), 1892. de Vaux Ancient Israel: Its Life and Institutions de Roland de Vaux, Tr. ing. 1961. DOTT Documents from Old Testament Times editado por D. Winton Thomas, 1958. EB Encyclopaedia Biblica editada por T. K. Cheyne e J. S. Black, 1899-1903. Eissfeldt The Old Testament, an Introduction de Otto Eissfeldt, Trad. ing. 1965. Ellison ET Ezekiel, The Man and his Message, de H. L. Ellisoń, 1956. Expository Times. EVV Versões em Ingles (empregado quando AV, RV e RSV con10 cordam entre si) Fohrer Ezechiel, de G. Fohrer (Handbuch zum alten Testament), 1955 GK HDB Hebrew Grammar2 de W. Genesius, E. Kautsch e А. E. Cowley, 1910. Hasting's Dictionary of the Bible Hengstenberg Commentary on Ezekiel, de E. W. Hengstenberg, Trad. ing. 1869. Herntrich Hitzig Howie HUCA IB IDB BJ JBL JSS JTS Keil Kliefoth Klostermann Knox Koehler Ezechielprobleme, de V. Herntrich, 1932. Der Prophet Ezechiel, de F. Hitzig, 1847 Ezekiel, Daniel, de C. G. Howie (Layman's Bible Commentaries), 1961. Hebrew Union College Annual. The Interpreter's Bible, Vol. 6. The Book of Ezekiel. Introdução e Exegese de H. G. May; Exposição de E. L. Allen, 1956. The Interpreter's Dicionary of the Bible, em quatro volumes, 1962. Bíblia de Jerusalém, 1980. Journal of Biblical Literature. Journal of Semitic Studies. Journal of Theological Studies. Biblical Commentary on the Prophecies of Ezekiel, de C. F. Keil, Trad. ing. sem data (2 vols.). Das Buch Ezechiels, de Th. Kliefoth, 1864-5. Studien und Kritiken, de A. Klostermann, 1877. The Holy Bible2 traduzida por Ronald Knox, 1956. Lexicon in Veteris Testamenti Libros, de L. Koehler e W. Baumgartner, 1953. Kraetzschmar Das Buch Ezechiel, de R. Kraetzschmar (Handkommentar zum Alten Testament), 1900. Lat. LXX May mg. Moffatt MS NDB A Versão Latina Antiga. A septuaginta (versão grega pré-crista do Antigo Testamento). Ver IB. margem. A New Translation of the Bible, de James Moffatt, 1935. manuscrito. O Novo Dicionário da Biblia, editado por J. D. Douglas, 11 RSV RV Skinner Stalker Sir. OTMS PEFQ Peake 1962. Edições Vida Nova. The Old Testament and Modern Study, editado por H. H. Rowley, 1951. Palestine Exploration Fund Quarterly Statement. Peake's Commentary on the Bible, editado por Matthew Black e H. H. Rowley, 1962. Seção sobre Ezequiel de J. Muilenburg. American Revised Standard Version, 1952. English Revised Version, 1885. The Book of Ezekiel, de John Skinner (The Expositor's Bible), 1895 (2 vols.). Ezekiel, de D. M. G. Stalker (Torch Bible Commentaries), 1968. Versão Siríaca. TB Talmude da Babilônia. TM Texto Massorético. Toy Ezekiel, de C. H. Toy (Polychrome Bible), 1899. VT Vetus Testamentum. ZAW Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenchaft. Zimmerli Ezechiel, de W. Zimmerli (Biblischer Kommentar: Altes Testament), a partir de 1955. 12 INTRODUÇÃO I. O LIVRO DE EZEQUIEL Para a maior parte dos leitores da Bíblia, Ezequiel é quase um livro selado. O conhecimento que têm dele vai pouco além da sua visão misteriosa do carro-trono de Deus, com suas rodas dentro de rodas, e a visão do vale de ossos secos. Fora disto, o livro dele é tão proibitivo no seu tamanho quanto o próprio profeta na complexidade da sua personalidade. Na sua estrutura, porém, senão no seu pensamento e na sua linguagem, o livro de Ezequiel tem uma simplicidade básica, e seu arcabouço bem-organizado faz com que seja de fácil análise. Depois da visão inicial, em que Ezequiel vê a majestade de Deus nas planícies da Babilônia, e recebe sua chamada para ser profeta à casa de Israel (1-3), segue-se uma longa série de mensagens, algumas das quais simbolicamente encenadas, mas a maioria em forma oral, prevendo e justificando a intenção de Deus de castigar a cidade santa de Jerusalém e seus habitantes com destruição e morte (4-24). Depois, à altura da metade do livro, quando a queda de Jerusalém é representada como tendo ocorrido (embora a notícia ainda não tivesse chegado até os exilados), a atenção do leitor é desviada para as nações em derredor de Israel, e o julgamento divino contra elas é pronunciado numa série de oráculos (25-32). Nesta altura, o leitor já está preparado para a surpresa estarrecedora da notícia da destruição de Jerusalém, e 32:21 registra a declaração do fugitivo: "Caiu a cidade!" Já, porém, está raiando uma nova era, e uma nova mensagem está nos lábios de Ezequiel. Com uma comissão renovada e uma promessa de que Deus está para restaurar Seu povo à sua própria terra, sob uma liderança piedosa mediante um tipo de ressurreição nacional (33-37), Ezequiel passa então a descrever, em termos 13 INTRODUÇÃO apocalípticos, o triunfo final do povo de Deus sobre as hordas invasoras provenientes do norte (38, 39). O livro termina, conforme começou, com uma visão intrincada, não, desta vez, do carro-trono do Senhor avançando por sobre os ermos vazios da Babilônia, mas, sim, da nova Jerusalém com o átrio e santuário interior do seu templo, onde Deus habitaria entre Seu povo para sempre (4048). Não é surpreendente, portanto, que a maioria dos comentaristas mais antigos considerasse Ezequiel livre da fragmentação literária imposta, pelos críticos, às profecias de Isaías, Jeremias e a alguns dos doze profetas menores. A introdução de A. B. Davidson ao seu comentário sobre Ezequiel (1892) começou com um veredito freqüentemente citado: ,О Livro de Ezequiel é mais simples e mais perspícuo na sua disposição do que qualquer outro dos grandes livros proféticos. Foi, provavelmente, registrado por escrito na parte posterior da vida do profeta, e, diferentemente das profecias de Isaías, que foram pronunciadas esparsamente, foi publica1 do na sua forma completa de uma só vez. Vinte anos mais tarde, G. B. Gray ainda pôde tirar a conclusão de que "nenhum outro livro do Antigo Testamento é distinguido por marcas tão decisivas de unidade de autoria e integridade quanto este."2 Já na época em que McFadyen escreveu sua Introduction to the Old Testament (edição de 1932), porém, teve de empregar linguagem mais cautelosa: "Temos em Ezequiel a rara satisfação de estudar uma profecia cuidadosamente elaborada cuja autenticidade tem sido, até recentemente, praticamente indisputada."3 A frase "até recentemente" refere-se à obra de estudiosos tais como Kraetzschmar, Hölscher, C. C. Torrey e James Smith. Antes, porém, de considerarmos os pontos de vista destes, façamos um resumo breve dos argumentos sobre os quais tem sido baseado o conceito tradicional da unidade de Ezequiel. Há seis razões principais para atribuir o livro a um único autor, o profeta Ezequiel. 1. O livro tem uma estrutura equilibrada, conforme já observamos, e este arranjo lógico estende-se do capítulo 1 até o capítulo 48. Não há interrupções na continuidade da profecia, a não ser onde (como no caso dos oráculos contra as nações, 25-32), isto é feito para produzir um efeito deliberado. A única parte que poderia ser facilmente separada do restante, 1. Davidson, pág. ix (grifos meus). 2. G. B. Gray, A Critical Introduction to the Old Testament, (1913), pág. 198. 3. McFadyen, pág. 187. 14 EZEQUIEL a visão do novo templo (40-48), parece formar um equilíbrio nítido com a visão de abertura dos capítulos 1-3, e é melhor considerá-la uma conclusão apropriada para a totalidade, embora seja manifestamente de data algo posterior (cf. 40: 1). 2. A mensagem do livro tem uma consistência interna que se encaixa com o equilíbrio estrutural. O ponto central é a queda de Jerusalém e a destruição do Templo. Esta é anunciada em 24: 21ss. e é relatada em 33:21. Desde o capítulo 1 até 24, a mensagem de Ezequiel é de destruição e denúncia: é um atalaia colocado para advertir o povo de que esta é a conseqüência inevitável dos pecados da nação. Mas desde o capítulo 33 até 48, embora ainda se considere um atalaia com uma mensagem de retribuição e responsabilidade individuais, seu tom é de encorajamento e de restauração. Antes de 587 a.C., seu tema era que a deportação de 597 а.С., da qual ele mesmo foi uma das vítimas, certamente não era o fim do castigo de Deus aplicado ao Seu povo: coisa pior estava para vir, e os exilados deviam estar prontos para enfrentá-la. Depois de vir esta coisa, e o pior ter acontecido, Deus agiria para reedificar e restaurar Seu povo Israel, uma vez disciplinado. 3. O livro revela notável unidade de estilo e de linguagem. Isto se deve, em grande medida, à fraseologia repeticiosa usada no decorrer do livro. May4 dá uma lista de nada menos que 47 frases tipicamente ezequielianas, que aparecem periodicamente nas suas páginas, e muitas destas são peculiares a este profeta. Isto, naturalmente, nada comprova acerca da autoria propriamente dita, porque um redator poderia facilmente ter colhido frases típicas de Ezequiel, encaixando-as na matéria adicional que incorporava, mas é forte evidência em prol da unidade e da coerência do livro na sua etapa final, e sugere que o redator da obra acabada, se não foi o próprio Ezequiel, identificava-se estreitamente com o ponto de vista e as crenças de Ezequiel. 4. O livro tem uma clara seqüência cronológica, com datas aparecendo em 1:1, 2; 8:1; 20:1; 24: 1; 26:1; 29: 1; 30: 20; 31: 1; 32: 1, 17; 33:21; 40: 1. Nenhum outro profeta maior tem esta progressão lógica de datas, e somente Ageu e Zacarias, entre os profetas menores, oferecem um padrão comparável.5 5. Diferentemente de Isaías, Jeremias, Oséias, Amós e Zacarias, to4. IB, págs. 50-51. 5. A cronologia de Ezequiel é estudada mais detalhadamente na seção III da Introdução, abaixo, pág. 36. 15 INTRODUÇÃO dos os quais combinam matéria na primeira e na terceira pessoa do singular, aspecto este que é usualmente considerado um sinal seguro de compilação editorial, Ezequiel é escrito de forma auto-biográfica do começo ao fim. A única exceção é a introdução dupla (1:2, 3), que dá uma impressão muito forte de ser a explicação, feita por um redator, do versículo de abertura que certamente precisava dalgum tipo de interpretação para seus leitores (ver o Comentário, pág. 51). Mas esta é a única ocorrência deste tipo. 6. O retrato do caráter e da personalidade de Ezequiel parece consistente por todo o livro; há a mesma sinceridade, a mesma excentricidade, o mesmo apego sacerdotal ao simbolismo, a mesma preocupação fastidiosa com detalhes, o mesmo senso da majestade e da transcendência de Deus. A despeito destas evidências, nunca faltou um pequeno número de críticos céticos acerca da unidade de Ezequiel. A declaração de Josefo, de que Ezequiel nos deixou dois livros, não deve ser forçada a carregar uma parcela grande demais da culpa disto. Há um século, Ewald distinguiu dois elementos em Ezequiel, sendo que o primeiro representava oráculos proféticos falados, e o último era a produção literária de um profeta escritor. Não achava, no entanto, que esta divisão exigisse que a unidade do livro fosse abandonada. Alguns anos mais tarde, Kraetzschmar argumentou fortemente contra a unidade literária pelo motivo de ter conseguido detectar numerosas inconsistências no texto, repetições e versões paralelas, que o levaram a postular duas recensões do livro, uma na primeira pessoa e uma na terceira pessoa. A fraqueza da conclusão de Kraetzschmar era que as únicas passagens na terceira pessoa eram 1: 3 e 24: 24 (onde Javé diz: "Assim vos servirá Ezequiel de sinal"), e não é surpreendente que recebeu pouco apoio para sua teoria. Estudiosos tais como Her7 rmann, que viram a validade das evidências de Kraetzschmar mas que rejeitaram sua conclusão, preferiram a estimativa mais conservadora de Ezequiel como sendo uma unidade compilada pela própria mão do profeta, mas com acréscimos editoriais posteriores. No mesmo ano em que Herrmann produziu seu comentário sobre 6. Antigüidades, x.5.I: "... Ezequiel também, que foi a primeira pessoa que escreveu, e deixou por escrito dois livros, a respeito destes eventos" (tradução de W. Whiston). 7. Ezechielstudien (Beitrage zur Wissenschaft vom Alten Testament, 1908) e Ezechiel (Kommentar zum Alten Testament, 1924), ambos de J. Herrmann. 16 um estudo8 EZEQUIEL Ezequiel, no entanto, Gustav Holscher publicou que inverteu seus próprios pontos de vista conservadores de dez anos antes, e sujeitou o livro de Ezequiel àquilo que Rowley descreveu como sendo "o desmembramento mais dramático que já sofreu."10 Tomou como ponto de partida a crença de que Ezequiel era um poeta e, portanto, é improvável que ele tivesse escrito muitas das passagens de prosa no livro. Além disto, cortou as passagens poéticas que não seguiam a métrica que ele considerava característica de Ezequiel. Saíram, também, as passagens em que havia simbolismo misturado com fatos concretos, porque argumentava que um verdadeiro poeta não faria tal coisa. Ainda mais arbitrário foi seu ponto de vista de que a doutrina da responsabilidade individual devia ser pós-exílica, de modo que estas passagens, também, tiveram de ser relegadas a redatores. O resultado desta análise drástica foi que Ezequiel, o profeta, ficou com apenas 170 versículos de um total de 1.273 contidos no livro que recebeu seu nome. Embora as conclusões de Hölscher fossem revolucionárias, sua metodologia não era original (Duhm tratara o livro de Jeremias de modo bem semelhante em 190311) e não demorou muito para um estudioso norte-americano, W. A. Irvin, chegar a conclusões semelhantes através de um raciocínio diferente.12 Irwin começou com um estudo detalhado de Ezequiel 15, e deduziu disto que havia uma discrepância entre o oráculo propriamente dito e sua interpretação, que não passava de puro mal-entendimento. A interpretação, portanto, não poderia ser a obra de Ezequiel. Aplicando este princípio ao restànte do livro, deixou Ezequiel com cerca de 250 versículos genuínos, ou seja: apenas uma quinta parte do livro. Por mais radicais que estas avaliações possam ser, parecem conservadoras em comparação com o ponto de vista de C. C. Torrey, 13 que excluiu totalmente o profeta Ezequiel. Para ele, Ezequiel era um personagem fictício, inventado originalmente c. de 230 a.C., por um autor 8. G. Hölscher, Hesekiel, der Dichter und das Buch (1924). 9. G. Hölscher, Die Profeten (1914), págs. 298ss. 10. O ensaio de H. H. Rowley, "The Book of Ezekiel in Modern Study", BJRL, XXXVI, 1953-54, págs. 146-150 (agora mais fácil de adquirir no seu livro: Men of God: Studies in Old Testament History and Prophecy, 1963), do qual esta citação é tirada, é um panorama admirável da literatura extensiva sobre Ezequiel que pode apenas ser ligeiramente mencionada nesta Introdução. 11. B. Duhm, Das Buch Jeremia übersetzt (1903). 12. W. A. Irwin, The Problem ofEzekiel (1943). 13. С. С. Torrey, Pseudo-Ezekiel and the Original Prophecy (1930).
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