JONAS - O PROFETA ENVIADO AO POVO DE NINIVE. EM NOSSOS DIAS, A CADA DIA O SINAL DIVINO RECAI SOBRE AS NOSSAS HUMANIDADES. - GNA
Jonas | |
|---|---|
| Profeta Jonas, no teto da Capela Sistina, por Michelangelo | |
| Nascimento | século IX EC |
| Morte | século VIII EC[1] |
| Progenitores | Pai: Amitai |
| Veneração por | Judaísmo Cristianismo Islamismo |
| Principal templo | Tomba de Jonas (destruída), Mossul, Iraque |
| Festa litúrgica | 21 de setembro (Catolicismo Romano)[2] |
Jonas[a], segundo a Bíblia Hebraica, foi um profeta do norte do reino de Israel que viveu por volta do século VIII a.C. Ele é a figura central do livro de Jonas, no qual é chamado por Deus para viajar até Nínive e alertar seus moradores do iminente castigo divino por causa dos inúmeros pecados do povo. Em vez disso, Jonas decide por embarcar em um navio com destino a Társis. Preso em uma tempestade, ele ordena que a tripulação do navio o jogue ao mar, e após isto, acaba sendo engolido por um peixe gigante. Três dias depois, Jonas concorda em ir a Nínive, e então o peixe o vomita na praia. Jonas convence com sucesso toda a cidade de Nínive a se arrepender, mas espera fora da cidade na expectativa de sua destruição. Deus protege Jonas do sol com uma planta, mas depois envia um verme para fazer com que ela murche. Quando Jonas reclama do calor amargo, Deus o repreende.
No judaísmo, a história de Jonas representa o ensino de teshuvá, que é a capacidade de se arrepender e ser perdoado por Deus. No Novo Testamento, Jesus se denomina "maior que Jonas" e promete aos fariseus "o sinal de Jonas", que é a sua ressurreição. Os primeiros intérpretes cristãos viram Jonas como uma tipologia para Jesus. Mais tarde, durante a Reforma Protestante, Jonas passou a ser visto como um arquétipo do "judeu invejoso". Jonas é considerado um profeta no Islã e a narrativa bíblica de Jonas é repetida, com algumas diferenças notáveis, no Alcorão. Em sua maioria, os principais estudiosos da Bíblia consideram o Livro de Jonas como fictício e frequentemente afirmam que ele é parcialmente satírico,[3] mas que o caráter de Jonas pode ter sido baseado no profeta histórico com o mesmo nome mencionado no Segundo Livro dos Reis.[4][5]
Embora a palavra "baleia" seja frequentemente utilizada nas versões em português da história de Jonas, o texto hebraico na verdade usa a frase dag gadol, que significa "peixe gigante". Nos séculos XVII e início do XVIII, as espécies de peixes que engoliram Jonas foram objeto de especulação para os naturalistas, que interpretaram a história como um relato de um incidente histórico. Alguns estudiosos modernos do folclore notaram semelhanças entre Jonas e outras figuras lendárias, especificamente Gilgamesh e o herói grego Jasão.
Livro de Jonas


Jonas é o personagem central do livro de Jonas, no qual Deus ordena que ele vá à cidade de Nínive para profetizar contra ela "porque a sua maldade subiu até a minha presença",[6] mas Jonas, em vez disso, tenta fugir da "presença do Senhor" indo para Jafa (às vezes transliterado como Jopa ou Jope) e navegando para Társis.[7] Uma enorme tempestade surge e os marinheiros, percebendo que não é uma tempestade comum, lançam sorte e descobrem que Jonas é o culpado.[8] Jonas admite isso e afirma que se ele for jogado ao mar, a tempestade cessará.[9] Os marinheiros se recusam a fazer isso e continuam a remar, mas todos os seus esforços fracassam e acabam sendo forçados a jogar Jonas ao mar.[10] Como resultado, a tempestade se acalma e os marinheiros oferecem sacrifícios a Deus.[11] Jonas é milagrosamente salvo por ser engolido por um peixe grande, em cuja barriga ele passa três dias e três noites.[12] Enquanto estava no grande peixe, Jonas ora a Deus em sua aflição e se compromete a agradecer e a pagar o que prometeu.[13] Deus então ordena que o peixe vomite Jonas.[14]
Deus novamente ordena que Jonas viaje para Nínive e profetize a seus habitantes.[15] Desta vez, ele entra na cidade, gritando: "Daqui a quarenta dias Nínive será destruída".[16] Depois que Jonas atravessou Nínive, o povo de Nínive começou a acreditar em sua palavra e proclamar um jejum.[17] O rei de Nínive veste um pano de saco e senta-se sobre cinzas, fazendo uma proclamação que decreta o jejum, o uso de pano de saco, a oração e o arrependimento.[18] Deus vê seus corações arrependidos e poupa a cidade naquele momento.[19] A cidade inteira é humilhada e está submissa pelo povo (e até pelos animais), que são cobertos de saco e cinzas.[20]
Descontente e enfurecido por isso, Jonas se refere à sua viagem anterior para Társis, afirmando que, como Deus é misericordioso, era inevitável que Deus se afastasse das calamidades ameaçadas.[21] Ele então sai da cidade e construiu para si um abrigo, esperando para ver se a cidade será ou não destruída.[22] Deus faz com que uma planta (em hebraico: um kikayon) cresça sobre o abrigo de Jonas, para lhe dar alguma sombra do sol.[23] Mais tarde, Deus faz com que uma lagarta morda a raiz da planta e ela murcha.[24] Jonas, agora sendo exposto a toda a força do sol, quase desmaia e pede a Deus que o mate.[25]
- Deus chama Jonas para ir a Nínive, uma grande e ímpia cidade, e profetizar sobre sua iminente destruição.
- Jonas, por não querer pregar aos inimigos de Israel, foge em um navio em direção a Társis, tentando escapar da presença de Deus.
- Deus envia uma tempestade para deter Jonas. Para acalmar o mar, os marinheiros jogam Jonas ao mar, onde um grande peixe o engole.
- Dentro do peixe, Jonas ora, arrepende-se de sua fuga e se compromete a obedecer a Deus.
- Após três dias e noites, Deus manda o peixe vomitar Jonas em terra firme.
- Jonas, desta vez obediente, vai a Nínive e anuncia que a cidade será destruída em 40 dias.
- O povo de Nínive se arrepende, jejuando e clamando a Deus. O Senhor, vendo o arrependimento, poupa a cidade da destruição.
- A história demonstra a compaixão de Deus, que se estende até aos inimigos de Israel, mostrando que Ele deseja o arrependimento e a salvação de todos.
- O livro de Jonas serve como um lembrete da importância da obediência a Deus e da capacidade de se arrepender e receber perdão.
- No Novo Testamento, Jesus se refere ao "sinal de Jonas" (os três dias e noites no peixe) como um prenúncio de Sua própria morte e ressurreição.
O Livro de
JONAS
Autor Este livro. que é o quinto entre os doze Pro-
fetas Menores, recebe o nome do seu personagem
. principal. Jonas'. filho d.e Amitai ( 1.1). Nada se sab~ ~
respeito de Am1ta1. Alem desta narrativa, Jonas so e
mencionado em 2Rs 14.25, como "Jonas, filho de Amitai, o profeta,
o qual era de Gate-Hefer", o proclamador da graça de Deus para o
reino do Norte de Israel. durante o reinado de Jeroboão li (793-753
a.C.). De acordo com essa profecia, Jeroboão estendeu os limites
de seu reino para além das fronteiras da Síria. A mensagem divina
dirigida a Nínive que se encontra neste livro foi proferida por esse
mesmo Jonas, embora o autor da narrativa escrita seja desconhe-
cido.
Data e Ocasião Com base em 2Rs 14 25,
os acontecimentos registrados no Livro de Jonas
devem ser enquadrados no século VIII a.C. Contudo.
determinar a cronologia da composição do livro é
tarefa difícil, e o livro tem sido datado entre o século VIII e fins do
século Ili a.C. É importante ressaltar que não há nenhuma evidência
conclusiva que elimine a possibilidade da data da composição da
narrativa ter sido no século VIII (3.3, nota).
O reinado de Jeroboão li estabelece o contexto histórico da
história de Jonas. Esse monarca foi um dos grandes líderes
militares da história de Israel. De acordo com 2Rs 14.25-28, ele
impôs sua autoridade sobre os territórios de Damasco e Hamate.
restaurando assim a fronteira ao norte de Israel dentro dos limites
que possuía nos tempos de Salomão ( 1 Rs 8.65). É claro que o
reinado de Jeroboão, assim como o do seu contemporâneo judeu
Azarias (também chamado de Uzias, 792-740 a.C.). introduziu um
período de notável paz e prosperidade. Como Eliseu e Jonas
haviam profetizado (2Rs 13.19-25; 14 25). o reino do Norte des-
frutou de uma expansão territorial às custas da Síria. Pelas aparên-
cias externas do crescimento populacional, da expansão territorial
e da atividade comercial, Israel foi realmente abençoado por Deus.
Contudo. este não foi o quadro pintado alguns anos depois
pelos profetas Oséias e Amós, quando o reino caiu num estado de
decadência social, moral e religiosa. Suas mensagens. em parte,
consistiam em acusação e juízo da nação por misturar a adoração
prescrita pelo Senhor com a idolatria dos povos vizinhos (sincretis-
mo religioso) e pela injustiça social (Os 2.1-13; 4.1-5.14; Am
2.6-16; 3.9-15).
Apesar do foco narrativo fixar-se no profeta. o Livro de Jonas é
uma história sobre a misericórdia e o amor de Deus. O Senhor era o
Deus de Israel. e aquela nação tinha especialmente recebido a
misericórdia e a salvação da aliança de Deus. Mas Jonas,
juntamente com muitos dos seus compatriotas, reagiu com tama-
nho orgulho nacional e particularismo étnico que não conseguiu ver
o sublime alcance da graça de Deus. Jonas haveria de aprender,
junto com a nação, que Israel não possuía o monopólio do amor
redentor de Deus (At 10.34-35; Rm 3.29). A história confirma as
palavras do SI 145.8: "Benigno e misericordioso é o Senhor, tardio
em irar-se e de grande clemência."
Dificuldades de Interpretação
Alguns estudiosos têm questionado a unidade literá-
ria do Livro de Jonas sugerindo teorias de autoria
múltipla ou de mudanças substanciais feitas por um
redator posterior. Mais recentemente, foram levantadas questões
quanto à autenticidade do salmo de ação de graças de Jonas, en-
contrado em 2.2-9. Tais argumentos a respeito da falta de unidade
literária na composição não são convincentes.
Quanto à interpretação da história de Jonas propriamente dita.
quatro abordagens distintas têm sido sugeridas: alegoria, midrash,
parábola e narrativa histórica.
A alegoria é um método de ensino de verdades ou princípios
através de uma narrativa fictícia simbólica. Um bom exemplo é o
Pilgrim's Progress ("O Peregrino"). de John Bunyan, uma emocio-
nante história fictícia que transmite a verdade de que a vida cristã é
uma peregrinação espiritual. Contudo, o texto de Jonas não ofere-
ce nenhuma indicação conclusiva de que requeira uma interpreta-
ção alegórica.
Midrash é um tipo de comentário sobre as Escrituras tradicio-
nalmente realizado pelos estudiosos judeus durante os primeiros
mil anos da era cristã. Jonas é considerado por alguns como uma
espécie de midrash ou comentário precoce, em passagens como
Êx 34.6-7 (cf. Jn 4.2), comentário em que os acontecimentos
descritos não são necessariamente históricos. Essa abordagem
deixa de ser reconhecida diante das provas fidedignas da histori-
cidade do livro e parece conflitar com o testemunho de Cristo no
tocante às experiências de Jonas (Mt 12.39-42; Lc 11.29-32).
A interpretação do Livro de Jonas como uma parábola é,
talvez, a mais comum. A parábola é uma história breve e geral-
mente fictícia que transmite verdades morais, religiosas ou espi-
rituais. As parábolas são melhor ilustradas pelos ensinamentos
de Jesus (p. ex., Mt 13.45-46; Lc 10.29-37; 15 11-32). A pará-
bola de Natã encontrada em 2Sm 12.1-4 é um bom exemplo de
parábola no Antigo Testamento. Essa interpretação compreen-
de a narrativa de Jonas como uma história de fundo moral com
o objetivo de transmitir um ensinamento. Contudo, há numero-
sas objeções à interpretação do Livro de Jonas como uma pará-
bola, tal como a complexidade e a extensão incomuns da história.
Essa interpretação também priva o livro de sua fundamentação
histórica.
Apesar das surpresas de impacto e dos elementos sensacio-
nais neste livro, Jonas deve ser compreendido como uma narrati-
va histórica e profética. A história está centralizada em uma
figura específica e foi escrita como uma composição histórica. A
tradição judaica considerava essa narrativa como história, e as
alusões de Cristo a essa história (Mt 12.38-41; Lc 11.29-32) con-
ferem adicional suporte à historicidade do texto. Jesus não
JONAS 1 1042
considerava a história de Jonas como uma mera parábola, mas
como uma narrativa firmemente enraizada na realidade histórica.
Entretanto, alguns estudiosos questionam essa interpretação
histórica em diversos níveis, incluindo a impossibilidade da sobre-
vivência do profeta dentro do ventre do peixe, a improbabilidade da
dramática conversão dos ninivitas, o tamanho de Nínive naquela
época e o rápido crescimento da planta. Embora algumas dessas
objeções levantem questões legítimas, a maior parte das críticas
advém das conjeturas que negam a soberania de Deus na natureza
e na história, incluindo sua capacidade de intervenção sobrenatural
na ordem criada.
Características e Temas Além dos en-
sinamentos quanto à un1versal1dade étnica do amor e
I da misericórdia de Deus, o tema da soberania uni-
~--~1 versai de Deus sobre o homem e a criação se man-
Esboço de Jonas
1. A desobediência de Jonas e o seu livramento (caps. 1-2)
A. O Senhor envia Jonas (1.1-2)
B. O profeta foge do Senhor ( 1.3)
C. O Senhor persegue Jonas: a grande tempestade
(1.4-16)
D. O Senhor preserva Jonas ( 1.17)
E. A ação de graças e o livramento de Jonas (cap. 2)
A vocação de Jonas, a sua.fuga e o seu castigo
1 Veio a palavra do SENHOR a aJonas, filho de Amitai,
dizendo: 2 Dispõe-te, vai bà grande cidade de cNínive e
clama contra ela, porque da sua malícia subiu até mim.
3 Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para
Társis; e, tendo descido a e;ope, achou um navio que ia para
• CAPÍTUL01 Ja2Rs14.25 zbGn10.11-12Cls37.37dGn18.20
24.3 2 Lit. de sobre eles
•1.1-2.10 O livro do profeta Jonas pode ser dividido em duas partes principais.
sendo cada uma delas introduzida pela expressão, "Veio a palavra do SENHOR a
Jonas.'' A primeira divisão compreende duas seções: o chamado, a fuga, e o
julgamento de Jonas (cap. 1), e o salmo de ação de graças (cap. 2)
•1 .1·11 Esta passagem descreve a resposta desobediente de Jonas à sua co-
missão como profeta que deveria ir a Nínive, mas não nos diz o motivo de Jonas
ter fugido da presença de Deus (que não é revelado até 4.2). Aqui nós presencia-
mos a interação de Jonas com os marinheiros gentios, que envolve um tema pro-
eminente na segunda divisão do livro - a misericórdia do Senhor aos gentios.
Apesar da desobediência de Jonas e da sua hipocrisia, os marinheiros não des-
prezam o Deus de Jonas, mas vêem nitidamente a mão do Deus de Israel e res-
pondem com adoração. Em contraste com Jonas, os marinheiros gentios são
cuidadosos em evitar algum pecado pessoal perante Deus (v. 14). O profeta de
Deus é julgado, mas os gentios são poupados, um evento que prenuncia a reação
dos ninivitas e o cancelamento do juízo sobre eles na segunda divisão do livro.
•1.1 Veio a palavra do SENHOR a Jonas. Com algumas variações, esse tipo de
enunciação é usado outras 112 vezes no Antigo Testamento para descrever a
revelação de uma mensagem divina ao profeta.
Jonas, filho de Amitai. O receptor da revelação do Senhor é Jonas ("pomba"),
filho de Amitai ("leal" ou "fiel"I. Esta designação identifica o profeta como o per-
sonagem histórico de 2Rs 14.25, que proclamava que Jeroboão li (793-753 a.C.)
iria reaver o território dos sírios ao norte. Compare a mensagem de Jonas ao reino
de Jeroboão com as palavras de Amós e Oséias, que profetizaram durante o pe-
tém por todo o livro. Deus é apresentado como o Criador, que fez
o mar e a terra (1 9). A criação responde obedientemente a cada
comando seu (1.4,15,17; 2.10; 4.6-8). Assim como os assírios
nos dias de Isaías (Is 10.5-7). a criação serve à vontade do Cria-
dor.
No Novo Testamento, o tema de Jonas da misericórdia de
Deus sobre as nações é usado por Jesus como uma repreensão ao
Israel impenitente (Mt 12.38-41; Lc 11.29-32). Se os ninivitas se
arrependeram com a pregação do profeta Jonas. que foi salvo do
confinamento no ventre de um grande peixe, quanto mais Israel
deveria se arrepender com a pregação de Jesus. o Filho do Ho-
mem, que seria ressuscitado do túmulo. Em um certo sentido, por-
tanto, Jesus engrandece a misericórdia de Deus sobre os gentios
para despertar em Israel a inveja e o arrependimento; o apóstolo
Paulo faria o mesmo em suas pregações aos gentios (Rm
11.11-14).
li. Jonas obediente e libertado (caps. 3-4)
A. O Senhor envia Jonas pela segunda vez (3.1-2)
8. O profeta obedece (3.3)
C. A pregação de Jonas; Nínive se converte e é
libertada (3.4-1 O)
D. A ira de Jonas diante da compaixão de Deus (4.1-4)
E. Uma lição do amor de Deus (4.5-11)
Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir
com eles para fTársis, gpara longe da presença do SENHOR.
4 Mas no SENHOR 1lançou sobre o mar um forte vento, e
fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava a pon-
to de se despedaçar. s Então, os marinheiros, cheios de medo,
clamavam cada um ao seu deus e lançavam ao mar a carga
JeJs19.46fls23.1gGn4.16 4hSl107.25lenviou 5i1Sm
ríodo do declínio espiritual de Israel na última parte do mesmo século (Introdução:
Data e Ocasião).
•1.2 vai... Nínive. A soberania do Senhor sobre todas as nações está implícita
na ordem a Jonas. Ele é o Juiz de toda a terra (Gn 18.25). Nínive, a última capital
do Império Assírio, estava localizada no lado leste do rio Tigre, diretamente
oposta à moderna cidade de Mosul no Norte do Iraque. Este sítio arqueológico
tem sido amplamente escavado e ostenta uma longa e rica história.
clama contra ela. Jonas entendia que o seu pronunciamento acerca do
julgamento pelo Senhor contra o temido e odiado Império Assírio era revogável
(4.2, nota). Ele sabia que a sua mensagem oferecia oportunidade para o
arrependimento.
sua malícia subiu até mim. Na profecia de Naum (proferida posteriormente no
século VII a.C.J, a capital assíria, Nínive, é o foco da ira divina e é retratada como a
personificação do mal e da crueldade (Na 3.1-7). A máquina de guerra assíria foi
responsável por atrocidades cruéis; em 612 a.C., esse mesmo império iria cair
vítima de um cruel destruidor.
•1.3 Társis. A identificação precisa desta Társis é difícil, embora seja freqüen-
temente identificada com o porto de mineração de Tartesso, no Sul da Espanha.
Algumas vezes. porém. o termo designa o distante litoral mediterrâneo em geral.
da presença do SENHOR. Considerando que Deus está presente até mesmo
"nos confins dos mares" (SI 139.9), escapar era impossível.
•1.4 o SENHOR lançou sobre o mar um forte vento. O Deus de Jonas é o
Criador e Senhor do mares (Gn 1.10,21; Êx 14.21; Me 4.41).
1043 JONAS 1, 2
que estava no navio, para o aliviarem 2do peso dela. Jonas,
porém, havia descido ; ao porão e se deitado; e dormia profun·
damente. 6 Chegou-se a ele o mestre do navio e lhe disse:
Que se passa contigo? Agarrado no sono? Levanta-te, iinvoca
o teu deus; 'talvez, assim, esse deus se lembre de nós, para
que não pereçamos.
7 E diziam uns aos outros: Vinde, e m1ancemos sortes, para
15 E levantaram a Jonas e o lançaram ao mar; 1 e cessou o mar
da sua fúria. 16 uremeram, pois, estes homens em extremo ao
SENHOR; e ofereceram sacrifícios ao SENHOR e fizeram votos.
17 Deparou o SENHOR um grande peixe, para que tragasse
a Jonas; e vesteve Jonas três dias e três noites no ventre do
peixe.
que saibamos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lan· A oração de Jonas no ventre do peixe
çaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas. 8 Então, lhe disseram: 2 Então, Jonas, do ventre do peixe, orou ao SENHOR, seu
nDeclara-nos, agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Deus, 2 e disse:
Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual a tua terra? E de que Na minha angústia, aclamei ao SENHOR,
povo és tu? 9 Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo ao be ele me respondeu;
JSENHOR, o Deus do céu, oque fez o mar e a terra. 10 Então, os do ventre do abismo, gritei,
homens ficaram possuídos de grande temor e lhe disseram: Que e tu me ouviste a voz.
é isto que fizeste! Pois sabiam os homens que ele fugia da pre· 3 cpois me lançaste no profundo,
sença do SENHOR, porque lho havia declarado. no coração dos mares,
11 Disseram-lhe: Que te faremos, para que o mar se nos e a corrente das águas me cercou;
acalme? Porque o mar se ia tomando cada vez mais tempestu· dtodas as tuas ondas e as tuas vagas
oso. 12 Respondeu· lhes: PTomai-me e lançai-me ao mar, e o passaram por cima de mim.
mar se aquietará, porque eu sei que, por minha causa, vosso· 4 e Então, eu disse: lançado estou
breveio esta grande tempestade. 13 Entretanto, os homens re· de diante dos teus olhos;
mavam, esforçando-se por alcançar a terra, qmas não podiam, !tornarei, porventura, a ver
porquanto o mar se ia tomando cada vez mais tempestuoso o teu santo templo?
contra eles. 14 Então, clamaram ao SENHOR e disseram: Ah! s g As águas me cercaram até à alma,
SENHOR! Rogamos· te que não pereçamos por causa da vida des· o abismo me rodeou;
te homem, e rnão faças cair sobre nós este sangue, quanto a e as algas se enrolaram na minha cabeça.
nós, inocente; porque tu, SENHOR, 5 fizeste como te aprouve. 6 Desci até aos 1 fundamentos dos montes,
·-6 fSI ~~n71 J~2 1 ~ 7 m: 7~; ;;-m 14 ;4~ ~3~- 8 ~ J-:-7 19; 1 S~ 1;;;3- 9 olN~ 9 6]~SI ~46;-At~ 24 J;;ebr. YHWH -··-
12 p Jo 11.50 13 q [Pv 21.30] 14 rot 21.8 s SI 1153; [Dn 4 35] 1 s l[SI 89.9; 107.29]; Lc 8.24 16 UMc 4.41; At 5 11 17 V[Mt
12.40; Lc 11.30]
CAPÍTULO 2 2 a 1 Sm 30.6; SI 120.1; Lm 3.55 b SI 65.2 3 cs1 88.6 d SI 42.7 4 e SI 31 22; Jr 7.15f1 Rs 838; 2Cr 638; SI 5 7 S gs1
69.1. Lm 3.54
•1. 7 lancemos sortes. O lançar de sortes era uma forma comum de adivinha·
ção no mundo antigo, um método usado para descobrir a vontade dos deuses.
Este método de discernir a vontade do verdadeiro Deus não foi proibido no antigo
Israel, pois o Senhor governava até mesmo sobre as sortes (Nm 26.55; Js
18.6· 1 O; Ne 10.34; Pv 16.33; At 1.24-26)
•1.9 Sou hebreu. Ver nota em Gn 14.13. Jonas se identifica em termos étnicos.
O ternno "hebreu" era usado pelos israelitas para identificar a si mesmos diante de
estrangeiros (Gn 40 15; Êx 119; 3.18; 10.3)
temo ao SENHOR. Jonas também se identifica em termos religiosos. O Senhor
seu Deus não é apenas uma divindade pessoal. familiar ou nacional. Ele é o Deus
supremo e soberano, o Criador da terra e do mar.
o Deus do céu. Um título antigo (Gn 24.3.7) também comumente usado no
período persa depois do exílio 12Cr 36.23; Ed 1.2; Ne 1.4-5; 2.4).
•1 .17 Deparou o SENHOR. Lit. "O Senhor designou". A mesma palavra hebraica
também ocorre em 4.6-8; em cada ocorrência indica um exemplo surpreendente
da soberania de Deus sobre o mundo natural
um grande peixe. A espécie de baleia ou peixe que engoliu a Jonas não pode
ser identificada com segurança. Sugestões incluem a baleia cachalote ou um
grande tubarão. O peixe era o instrumento de Deus para resgatar Jonas das
profundezas do mar ("o ventre do abismo," 2.2).
três dias e três noites. Jesus se referiu ao Livro de Jonas a fim de comunicar
verdades relacionadas com a sua própria mensagem e missão (Mt 12.38-41;
16.4; Lc 11.29-32). Ele fala do "sinal do profeta Jonas" não só com referência aos
três dias e três noites em que Jonas esteve no peixe (Mt 1239-40). mas também
com relação à eficácia da pregação de Jonas. Sem contemplar nenhum milagre,
os ninivitas reconheceram que a mensagem de Jonas tinha autoridade divina, e
assim responderam com arrependimento.
•2.1-1 O A resposta de Jonas ao julgamento divino é expressa na forma de um
salmo de ação de graças (v. 9). O lamento do profeta concentra-se no caráter de·
sesperador da sua situação usando termos típicos nas descrições poéticas da
morte ou da proximidade da morte. Em sua difícil situação, ele volta os seus olhos
para o santo templo do Senhor, o sinal físico da presença salvífica do Senhor no
meio do seu povo. Esse salmo é um testemunho comovente para o coração de
Israel e para o coração do profeta, porém ele ainda tinha muito que aprender. A
sua visão da misericórdia de Deus ainda era pequena.
•2.1 Jonas ... orou. Assim como o estilo das narrativas do Antigo Testamento, a
história de Jonas é interrompida com um poema (vs. 2-9), um salmo de ações de
graça e celebração pela libertação e misericórdia do Senhor. A estrutura literária é
típica de um salmo de ação de graças (a) petição por livramento 12 2); (b)
exposição do problema (2.3-6); (c) descrição da libertação 12.6· 7); e ldl louvor
pela libertação 12 8-9).
•2.2 clamei ... e ele me respondeu. Usando o recurso poético do paralelismo,
o salmo de Jonas é apresentado em dois versos que falam da oração do profeta e
da resposta do Senhor. Jonas reconhece que ele foi resgatado "do ventre do
abismo" (uma sepultura nas profundezas do mar).
•2.3-6 Esses versículos contêm uma vívida lembrança da angústia da proximi-
dade da morte, suas causas e seus resultados. O sofrimento de Jonas era resul-
tado do julgamento divino sobre a sua desobediência. O quadro do sepulcro nas
águas é apresentado vividamente: o envolvimento nas algas marinhas, o silên·
cio das águas profundas, e as ondas passando alto por cima da vítima.
•2.4 lançado estou de diante dos teus olhos. Para o profeta, o supremo ter·
ror da morte era a separação da presença do Senhor (SI 88.4·5, 10-12).
tornarei, porventura, a ver o teu santo templo. D templo de Jerusalém era
a localização terrena da presença divina. Jonas desejava ardentemente a co-
munhão com Deus que o templo proporcionava. O profeta agora lamenta ter
perdido a mesma presença divina da qual ele antes havia procurado evadir-se
113.10)
JONAS 2, 3 1044
desci até à terra,
cujos ferrolhos se correram sobre mim, para sempre;
contudo, hfizeste subir da sepultura a minha vida,
ó SENHOR, meu Deus!
7 Quando, dentro de mim, desfalecia a minha alma,
eu me lembrei do SENHOR-,
ie subiu a ti a minha oração,
no teu santo templo.
8 Os que se entregam ià idolatria vã
abandonam aquele que lhes é 2misericordioso.
9 Mas, com a voz do agradecimento, 1
eu te oferecerei sacrifício;
mo que votei pagarei.
nAo SENHOR pertence oa salvação!
to Falou, pois, o SENHOR ao peixe, e este vomitou a Jonas
na terra.
Jonas prega em Níni~e
3 Veio a palavra do SENHOR, segunda vez, a Jonas, dizendo:
2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Nfnive e proclama
contra ela a mensagem que eu te digo. 3 Levantou-se, pois, Jo-
nas e foi a Nínive, segundo a palavra do SENHOR. Ora, Nínive
era cidade mui importante diante de Deus 1 e de três dias para
percorrê-la. 4 Começou Jonas a percorrer a cidade caminho
de um dia, e apregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive
será subvertida.
O arrependimento dos ninillitas
s bQs ninivitas creram em Deus, e proclamaram um je-
jum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o me-
nor. 6 Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do
seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco
e e assentou-se sobre cinza. 7 dE fez-se proclamar e divulgar
em Nínive: Por mandado do rei e seus 2 grandes, nem ho-
mens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa al-
guma, nem os levem ao pasto, nem bebam água; 8 mas sejam
cobertos de pano de saco, tanto os homens como os animais,
e clamarão fortemente a Deus; e ese converterão, cada um do
seu mau caminho e Ida violência que há nas suas mãos.
9 gOuem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará
do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?
to hViu Deus o que fizeram, como se converteram do seu
a~~~- ~~~~~------~~-~-~-~~-~~-~
6 h Jó 33.28; [SI 16.1 O; Is 38.17] 1 Lit extremidades 7 i2Cr 30.27; SI 18.6 8 i2Rs 17_ 15; SI 31.6; Jr 10.8 2 Lit a misericórdia ou bondade
deles, 9 1 SI 50.14,23; Jr 33.11; Os 14.2 m Jó 22.27; [Ec 5.4-5] n [Jr 323] o SI 38; [Is 45.17]
CAPITULO 3 3 1 O sentido exato não é conhecido 4 a [Dt 18 22] 5 b [Mt 12.41; Lc 11 32] ó e Jó 2.8 7 d 2Cr 20.3; Dn 329; JI
2.15 2nobres 8 eis 58.6/ls 59.6 9g2sm 12.22; JI 2.14; Am 515 10 hÊx 32.14; Jr 18.8; Am 7.3,6
•2.6 Desci. Jonas estava à porta da morte. A sua lenta e silenciosa descida atra-
vés das profundezas, como uma viagem ao mundo subterrâneo, o tinha conduzi-
do às "portas da morte" (SI 9 13)
fizeste subir da sepultura a minha vida. Aqui "sepultura" é usada para des-
crever o domínio da morte (Já 33.22,24; SI 49.9; Is 51.14). Apesar da situação
sem esperança, o arrependido profeta é resgatado do domínio da morte e restau-
rado à comunhão com Deus.
•2.7 eu me lembrei do SENHOR. O contexto indica que essa oração foi respon-
dida; a importância e a eficácia da oração são novamente enfatizadas, como no v.
2 (cf Hb 416)
•2.8 Os que se entregam à idolatria vã. Lembrando-se da ineficácia das ora-
ções dos marinheiros e da dos seus deuses (1.5), Jonas condena aqueles que co-
locam a sua fé em ídolos.
•2.9 Ao SENHOR pertence a salvação. Como Josué antes dele (Js 24.14-15).
Jonas declara a sua lealdade ao Senhor e o exalta como a única fonte de salvação
e livramento. Ao conceder a salvação a Jonas, o Senhor levou o profeta da deso-
bediência ao arrependimento; ao conceder a salvação aos ninivitas, ele os levará
da idolatria à fé (3.5-1 O); ao conceder a salvação aos gentios dos dias atuais, ele
soberanamente os leva à fé e ao arrependimento (At 11 .17 -18).
•2.10 Falou, pois, o SENHOR ... este vomitou a Jonas. A criação novamente
responde com obediência às ordens soberanas do Criador (1.4,15,17) O peixe,
que poderia ter sido a arma de Deus para a morte do profeta, pela graça se tornou
em instrumento de libertação.
•3.1-4.11 Nesta segunda divisão do livro, Jonas prega a mensagem que Deus
lhe ordenou, e o povo de Nínive responde com verdadeiro arrependimento (cap.
3). Quando o Senhor deixa de executar o juízo que os ameaçava, nós passamos a
perceber o verdadeiro motivo da primeira fuga de Jonas: ele temia que Deus
mostrasse a sua misericórdia para com os odiados assírios (4.2). Nas lições práti-
cas que se seguem, a extensão da misericórdia e da compaixão de Deus é revela-
da (4.5-11)
•3.3 levantou-se, pois, Jonas e foi. Tendo compreendido que o chamado de
Deus é irrevogável (cf. Rm 11 29), Jonas reagiu positivamente à renovação do
mesmo. Embora desta vez ele tenha obedecido a Deus, Jonas está "desgostoso"
com a perspectiva do arrependimento dos ninivitas (4.1-2).
Nlnive era. Alguns têm sugerido que o uso do passado ("era") indica que a cida-
de não existia mais no momento da redação deste livro. Tomando-se em conta a
destruição da cidade em 612 a.C. pelos medos e babilônios, essa interpretação
dataria a narrativa em algum momento após o final do século VII a.C. Contudo, o
uso do passado aqui não exclui uma data no século VIII, pois ele pode simples-
mente indicar a situação da cidade quando o profeta lá chegou.
cidade mui importante ... de três dias para percorrê-la. O hebraico aqui é de
difícil tradução. Muitos estudiosos interpretam essas expressões como uma refe-
rência ao tamanho físico de Nínive. A exploração arqueológica tem mostrado que
a cidade tinha entre cerca de 12 km de circunferência com uma população esti-
mada em 120.000 pessoas. Outros sugerem que a primeira fórmula deveria ser
traduzida por "uma cidade muito importante" ou mais lit. como "uma cidade im-
portante para Deus" (enfatizando a sua significância ao invés do seu tamanho).
Esta última interpretação se encaixa melhor no contexto do livro. A segunda ex-
pressão (lit "jornada de três dias") pode indicar a duração duma visita apropriada
(em termos de protocolo diplomático no antigo Oriente Próximo) a um emissário
com destino a uma cidade tão importante
•3.5 Os ninivitas creram em Deus. Os piores temores de Jonas se tornaram
realidade quando o povo creu, se arrependeu, proclamou um jejum, e se vestiu de
pano de saco (a vestimenta tradicional de lamentação no antigo Oriente Próximo).
O arrependimento foi rápido e abrangeu a toda a cidade.
•3.6 rei de Nínive. Aparentemente uma referência ao poderoso rei da Assíria.
Embora fosse altamente improvável que os registros assírios contivessem essa
ocorrência incomum, alguns estudiosos têm associado esse evento com as refor-
mas religiosas de Adade-Nirari Ili (810-783 a.C.). Também tem sido sugerido o
reino de Assurdan Ili (772-755 a.C.)
levantou-se ... assentou-se sobre cinza. A reação do rei foi tão imediata e es-
pontânea como a dos seus súditos. A autoridade real deu lugar à humildade peni-
tente. Ele trocou as suas vestes por pano de saco, o seu trono por uma cama de
cinzas (cf. Jó 42.6; Is 58.5).
•3. 7 mandado do rei. Com o edito real ordenando a oração, rituais de lamenta-
ção e jejum para os homens e os animais, o arrependimento de Nínive estava
completo. A inclusão dos animais demonstra a sinceridade e a totalidade do seu
arrependimento. Em tempos posteriores, era costume entre os persas incluir ani-
mais domésticos nos rituais de lamentação.
•3.8 e se converterão ... violência. Essa repreensão real se dirigia ao mais pro-
eminente dos pecados de Nínive. A violência física e a injustiça social eram mar-
cas registradas do Império Assírio (Na 31 ).
•3.9 O rei dá expressão pessoal e coletiva à esperança de que o arrependimento
verdadeiro irá impedir o juízo divino. A estrutura de 3.5-9 se enquadra no típico
1045 JONAS 3, 4
mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito
Ynes íãf\ã. e não o fez.
O descontentamento de Jonas
4 Com isso, desgostou-se Jonas extremamente e ficou irado.
2 E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que
eu disse, estando alnda na minha terra? Por isso, me adiantei,
afugindo para Társis, pois sabia que és bDeus clemente, e miseri-
cordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te
arrependes do mal. 3 cpeço-te, pois, ó SENHOR, tira-me a vida,
porque d melhor me é morrer do que viver. 4 E disse o SENHOR:
É razoável essa tua ira? 5 Então, Jonas saiu da cidade, e assen-
tou-se ao oriente da mesma, e ali fez uma enramada, e repousou
debaixo dela, à sombra, até ver o que aconteceria à cidade.
A lição do SENHOR
6 Então, fez o SENHOR Deus nascer uma 1planta, que su-
biu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua
cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. Jonas, pois, 2se
alegrou em extremo por causa da planta. 7 Mas Deus, no
dia seguinte, ao subir da alva, enviou um verme, o qual fe-
riu a planta, e esta se secou. 8 Em nascendo o sol, Deus
mandou um vento calmoso oriental; o sol bateu na cabeça
de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que pediu para si
a morte, dizendo: e Melhor me é morrer do que viver!
9 Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por
causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até à
morte. to Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que
te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que
Jnuma noite nasceu e numa noite pereceu; 11 e não hei de
eu ter compaixão da !grande cidade de Nínive, em que há
mais de cento e vinte mil pessoas, g que não sabem discernir
entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos ani-
mais?
CAPÍTULO 4 2aJn1.3 bÊx34.6; Nm 14.18; SI 86.5,15; JI 2.13 3crns19.4; Jó 6.8-9 dJn 4.8 6 f Hebr.kikayon, a identidade exata é
desconhecida 2 Lit. alegrou-se com grande alegria 8 e Jn 4.3 1 O 3 Lit. foi o filho de uma noite 11 f Jn 1.2; 3.2-3 g Dt 1.39; Is 7.16
modelo veterotestamentário da narração do arrependimento coletivo IJr 36.3; JI
2); la) ameaça de julgamento, (b) reação penitente, e lei decisão divina de reter o
juízo.
•3. 10 Viu Deus o que fizeram, A advertência profética (v. 4) tinha uma condi-
ção implícita, a saber, que o julgamento era iminente - se a cidade não se ar-
rependesse. Ao converter-se do "seu mau caminho", os ninivitas cumpriram
essa condição. A mudança dos planos do Senhor li.e., a sua escolha soberana
de fazer com que a sua própria ação dependesse da resposta humana) é total-
mente compatível com a soberania e a imutabilidade de Deus, visto que ele de-
creta tanto os meios bem como os fins da sua soberana vontade (Jr 187-1 O).
Ver nota em Gn 6.6.
•4, 1-11 D livro termina com a lição recebida pelo furioso Jonas acerca da miseri-
córdia divina e da compaixão do próprio Deus. E notável que não somos informa-
dos da reação de Jonas diante dessa instrução. Ao invés disso, nós ficamos com
o contraste entre a atitude ressentida de Jonas e a grande misericórdia de Deus
para com os ninivitas.
•4, 1 desgostou-se Jonas extremamente. O hebraico é particularmente vívi-
do llit. "era mau a Jonas como um grande erro"). A emoção de Jonas é expressa
na linguagem mais forte possível: o seu maior temor era que o Senhor iria conce-
der perdão ao mais odiado inimigo de Israel.
•4.2 és Deus clemente ... te arrependes do mal. A razão para a fuga de Jo-
nas para Társis é revelada. Apesar da sua desobediência patente e da sua estrei-
teza de mente, Jonas entendeu o caráter de Deus. Ele aqui reproduz uma fórmula
litúrgica que descreve a misericórdia de Deus a um Israel que não a merece lex.,
Êx 34.6; Nm 14.18; Ne 9.17; SI 103.8; JI 2.13). Somente aqui e em JI 2.13 a refe-
rência ao arrependimento divino l"que se arrepende do mal") finaliza a fórmula
13.1 O, nota), uma inclusão apropriada para o contexto do arrependimento e livra-
mento de Nínive.
•4.5 Jonas saiu da cidade,,. fez uma enramada. Grato pelo seu próprio livra-
mento, Jonas ainda se recusa a aceitar o dos ninivitas. Esperando que o Senhor
executasse o julgamento, Jonas sai da cidade para um lugar estratégico de onde
poderia assistir à destruição da cidade.
•4.6 fez o SENHOR Deus nascer uma planta. Ver nota em 1.17. O abrigo de
Jonas não era adequado para proporcionar proteção do ardente sol do Oriente
Próximo, provavelmente devido à escassez de madeira nessa região árida. O tipo
de vegetação aqui referido é incerto; alguns sugerem a mamoneira, que cresce
rapidamente a uma altura de cerca de 4,5 m.
•4.7-8 A mesma mão divina que, em sua misericórdia, havia providenciado o
grande peixe e a sombra, agora traz um verme para secar a planta, e um vento
quente do leste (provavelmente o temido siroco do mundo mediterrâneo) para
atormentar o já amargurado profeta.
•4.9-11 A intenção divina das lições práticas é agora revelada. A grandiosa com-
paixão de Deus pelo povo e os animais que ele criou e sustentou lv. 11) é contras-
tada com a mesquinha preocupação de Jonas com a planta (v 1 O) O leitor
lembra da compaixão de Jesus quando ele contemplava as multidões (Mt 9.36;
Me 6.34; 8.2), e a sua afirmação em Mt 10.29 de que nem um pardal cairá se não
for essa a vontade do Pai. Em seus primórdios, a Igreja do Novo Testamento, que
em grande parte era judaica, iria debater-se novamente com a questão da dimen-
são da misericórdia de Deus, quando o Senhor abria os corações dos gentios para
obedecer ao evangelho IAt 11.18; 15.14; 28.28).
Jonas
Análise
Devido ao seu conteúdo e espírito, o livro de Jonas reve-
la a universalidade e a compaixão da graça de Deus. Isso fica
indicado em 3.10 e é dito de modo geral em 4.11.
O livro é biográfico. Começa e termina com o Senhor fa-
lando com Jonas. Em primeiro lugar, Jonas recebe uma comis-
são de julgamento; finalmente, o Senhor retrata a Sua
misericórdia e compaixão. Entre essas duas expressões do ca-
ráter do Senhor jaz a reação de Jonas à justiça e à compaixão
de Deus. Jonas recusou-se a aceitar a comissão do Senhor, a
fim de que os pagãos não viessem a arrepender-se e Deus não
viesse a mostrar misericórdia. O coração magnânimo de Deus,
perdoando os pagãos arrependidos, aparece em violento con-
traste com o espírito estreito, cheio de preconceitos e indispos-
to a perdoar, de Jonas.
Autor
Visto que o livro não apresenta qualquer asseveração sobre
o seu autor, pode-se conjecturar razoavelmente que seu autor
foi o próprio Jonas. Ele é filho de Amitai (1.1), sendo indubi-
tavelmente o mesmo filho de Amitai que profetizou durante o
reinado de Jeroboão II (cf 2 Rs 14.25).
Esboço
O PROFETA REBELDE, 1.1-17
O Senhor Chama, jonas se Rebetaç 1.1-3
O Senhor Interpõe uma Tempestade, 1.4-6 ' ■'
Os Marinheiros Intervêm, 1 .7-16 ‘
O Senhor Envia um Grande Peixe; 1.17
O PROFETA RESTAURADO, Z . l— 3.10
jonas Ora, 2 .1-9
O Senhor Livra a jonas, 2.10
jonas Obedece à Chamada, 3.1-4 “ ■ ■
O Rei e os Súditos Ninivitas se
Arrependem, 3.5-9
O Senhor Adia o Julgamento, 3.10
O PROFETA SE RETIRA 4.1-11
O Senhor Desagrada a lonas, 4.1 -5
jonas Desagrada ao Senhor, 4.6-1 0
O Senhor Demonstra Grande Misericórdia, 4.11
A vocação de Jonas,
a sua fu g a e o seu castigo
I
Veio a palavra do S e n h o r a Jonas“,
filho de Amitai, dizendo:
2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Ní-
nive e clama contra ela, porque a sua malícia
subiu até mim. ^
3 Jonas se dispôs, mas para fugir da pre-
sença do S e n h o r , para Társis; e, tendo des-
cido a Jope, achou um navio que ia para
Társis; pagou, pois, a sua passagem e embar-
cou nele, para ir com eles para Társis, para
longe da presença do S e n h o r .“
4 Mas o S e n h o r lançou sobre o mar um
1.1 °2Rs 14.25
1.2
0Cn 10.11-12;
|n 3.2-3; Ap 18.5
1.3 cGn 4.16;
202.16;
161.12; At 9.36
1.4 4S1107.25
1.5 rISm 24.3
1.6 fS1107.28
forte vento, e fez-se no mar uma grande tem-
pestade, e o navio estava a ponto de se despe-
daçar/
5 Então, os marinheiros, cheios de m edo,,
clamavam cada um ao seu deus e lançavam ao
mar a carga que estava no navio, para o ali-
viarem do peso dela. Jonas, porém, havia des-
cido ao porão e se deitado; e dormia
profundamente.e
6 Chegou-se a ele o mestre do navio e lhe
disse: Que se passa contigo? Agarrado no
sono? Levanta-te, invoca o teu deus; talvez,
assim, esse deus se lembre de nós, para que
não pereçamos/
7 E diziam uns aos outros: Vinde, e lance-
1.1 jonas, filho de Amitai. Este profeta viveu em Samaria du-
rante o reinado de jeroboão II (782-753 a.C.) quando Israel
ainda não percebia que a Assíria estava prestes a destruí-la
(cf Am 7.10, que mostra a tentativa de Amós em dar-lhe o
alarme).
1.2 Nínive. Capital do império assírio (Gn 10.12), ao nordeste
da Palestina, jonas tinha que pregar contra os seus pecados,
que eram tão grandes, que exigiam a intervenção divina (o
modo de dizer isto é "subiram até Deus", embora seja óbvio
que Deus sempre veja tudo).
1.3 Társis. Provavelmente uma cidade que ficava no sul da
Espanha, de onde os fenícios traziam o metal que ali se refi-
nava, em troca de outras mercadorias. A fuga de jonas tinha
por finalidade escapar de uma incumbência difícil, e, talvez,
evitar a conversão e a preservação daquela nação que seria
uma ameaça para Israel. Jope era realmente o porto marítimo
mais acessível a judá e a Israel; de lá, Jonas pretendia ir ao
lugar mais afastado de Nínive que ele conhecia.
1.7 Lancemos sortes. Para se lançar sortes, pequenas pedras
nas quais se escrevia alguma coisa eram colocadas em um
recipiente, sacudidas juntas, para então se tirar uma delas,
que seria a resposta certa. Há vários exemplos do lançar sortes
na narrativa do Antigo Testamento: Lv 16.8; js 18.6;
1 Sm 14.42; Nm 10.34. Na Bíblia, este ato foi ligado à oração
da fé, como se vê no último relato sobre o assunto, em
At 1.23-26. Hoje não há mais necessidade de se lançar sor-
tes, pois os crentes têm a Bíblia e o Espírito do Senhor para
guiá-los.
JONAS 1.8 1280
mos sortes, para que saibamos por causa de
quem nos sobreveio este mal. E lançaram sor-
tes, e a sorte caiu sobre Jonas.9
8 Então, lhe disseram: Declara-nos, agora,
por causa de quem nos sobreveio este mal.
Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual a
tua terra? E de que povo és tu?h
9 Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo
ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e
aterra.1'
10 Então, os homens ficaram possuídos de
grande temor e lhe disseram: Que é isto que
fizeste! Pois sabiam os homens que ele fugia
da presença do Senhor, porque lho havia
declarado.
11 Disseram-lhe: Que te faremos, para
que o mar se nos acalme? Porque o mar se ia
tomando cada vez mais tempestuoso.
12 Respondeu-lhes: Tomai-me e lançai-
me ao mar, e o mar se aquietará, porque eu sei
que, por minha causa, vos sobreveio esta
grande tempestade./
13 Entretanto, os homens remavam, esfor-
çando-se por alcançar a terra, mas não po-
diam, porquanto o mar se ia tomando cada
vez mais tempestuoso contra eles.*
14 Então, clamaram ao Senhor e disse-
ram: Ah! Senhor! Rogamos-te que não pere-
çamos por causa da vida deste homem, e não
faças cair sobre nós este sangue, quanto a nós,
inocente; porque tu, Senhor, fizeste como te
aprouve.1
15 E levantaram a Jonas e o lançaram ao
mar; e cessou o mar da sua fúria.m
16 Temeram, pois, estes homens em ex-
tremo ao Senhor; e ofereceram sacrifícios ao
Senhor e fizeram votos."
17 Deparou o Senhor um grande peixe,
1.7 gjs 7.14;
1 Sm 10.20-21;
Pv 16.33
1.8 l>|s 7.19;
ISm 14.43
1.9'S1146.6
1.12/Jo 11.50
1.1B *Pv 21.30
1.14'Dt 21.8
1.15-"SI 89.9
1.16 "Mc 4.41
1.17 oMt 12.40
2.2 pSI 65.2
2.3 4SI 42.7
2.4 O Rs 8.38
2.5 sSI 69.1
2.6 'S116.10
2.7 "S118.6
para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três
dias e três noites no ventre do peixe0.
A oração de Jonas no ventre do peixe
2
Então, Jonas, do ventre do peixe, orou ao
Senhor, seu Deus,
2 edisse:P
Na minha angústia,
clamei ao Senhor,
e ele me respondeu;
do ventre do abismo, gritei,
e tu me ouviste a voz.
3 Pois me lançaste no profundo, o
no coração dos mares,
e a corrente das águas me cercou;
todas as tuas ondas e as tuas vagas
passaram por cima de mim.
4 Então, eu disse: lançado estou''
de diante dos teus olhos;
tomarei, porventura, a ver
o teu santo templo?
5 As águas me cercaram até à alma,1
o abismo me rodeou;
e as algas se enrolaram
na minha cabeça.
6 Desci até aos fundamentosf
dos montes,
desci até à terra,
cujos ferrolhos se correram
sobre mim, para sempre;
contudo, fizeste subir da sepultura
a minha vida,
ó Senhor, meu Deus!
7 Quando, dentro de mim,"
desfalecia a minha alma,
eu me lembrei do Senhor;
e subiu a ti a minha oração,
no teu santo templo.
1.9 Temo ao Senhor. A Bíblia fala de dois tipos de temor:
1) Há o medo dos homens e das coisas, demonstrado pelos
marinheiros no v 10; 2) Há o temor do Senhor, que é a pie-
dade, o respeito para com as coisas eternas, que traz consigo
o ódio ao mal. S119.9; Pv 1.7; 8.13. Este temor foi demons-
trado por jonas de uma maneira bem imperfeita, por causa
da sua desobediência (v 3) e seu descontentamento
(4.10-11).
1.12 Por minha causa, jonas, a esta altura, já sabia que a
sua desobediência era a causa do problema (cf v 4 com
Hb 12.6,11).
1.14 £ não faças cair sobre nós este sangue. Os homens esta-
vam pedindo a Deus que não os culpasse pela morte de Jo-
nas, ao lançá-lo ao mar. fizeste como te aprouve. Cf S1115.3;
135.6.
1.17 Deparou... um grande peixe. Deus havia preparado um
meio de restaurar jonas à vida, e levá-lo a cumprir sua missão.
Note-se que não era uma baleia (que não é um peixe, mas
sim um mamífero, e que aliás não tem garganta de tamanho
suficiente para tragar um homem). Este foi um dos muitos
milagres que sempre acompanharam a interferência divina na
história humana, e das quais a mensagem bíblica está repleta;
foi mencionado pelo Senhor jesus Cristo e por Ele interpre-
tado (Mt 12.39,40).
2 .2 -6 jonas estava com certeza de morrer nas profundezas
do mar.
2.7 Eu me lembrei do Senhor. O desespero, seguido pela fé,
numa situação tão difícil, ajudou Jonas a ser treinado como o
missionário que ele era.
1281 JONAS 4.1
8 Os que se entregam à idolatria vã"
abandonam aquele
que lhes é misericordioso.
9 Mas, com a voz do agradecimento,"'
eu te oferecerei sacrifício;
o que votei pagarei.
Ao Senhor pertence a salvação!
10 Falou, pois, o Senhor ao peixe, e este
vomitou a Jonas na terra.
2.8 ^Rs 17.15;
lrlO.8
2.9 "SI 3.8;
Hb 13.15
3.4*Mt 12.41;
Lc 11.32
Jonas prega em Nínive
3
Veio a palavra do Senhor, segunda vez,
a Jonas, dizendo;
2 Dispõe-te, vai à grande cidade de Ni-
nive e proclama contra ela a mensagem que
eu te digo.
3 Levantou-se, pois, Jonas e foi a Nínive,
segundo a palavra do Senhor. Ora, Nínive
era cidade mui importante diante de Deus e de
três dias para percorrê-la.
4 Começou Jonas a percorrer a cidade ca-
minho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda
quarenta dias*, e Nínive será subvertida.
O arrependimento dos ninivitas
5 Os ninivitas creram em Deus, e pro-
clamaram um jejum, e vestiram-se de
3.5 rMt 12.41
3.6 *|ó 2.8
3.7 02020.3
3.8 6 Is 58.6
3.9 c2Sm 12.22
3.10 ajr 18.8
panos de saco. desde o maior até o menor.)'
6 Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele
levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes
reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se
sobre cinza.*
7 E fez-se proclamar e divulgar em Ní-
nive: Por mandado do rei e seus grandes, nem
homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas
provem coisa alguma, nem os levem ao pasto,
nem bebam água;°
8 mas sejam cobertos de pano de saco,
tanto os homens como os animais, e clamarão
fortemente a Deus; e se converterão, cada um
do seu mau caminho e da violência que há nas
suas mãos.
9 Quem sabe se voltará Deus, e se arre-
penderá, e se apartará do furor da sua ira, de
sorte que não pereçamos?0
10 Viu Deus o que fizeram, como se con-
verteram do seu mau caminho; e Deus se arre-
pendeu do mal que tinha dito lhes faria e não
fez.d
O descontentamento de Jonas
4
Com isso, desgostou-se Jonas extrema-
mente e ficou irado.
2.8 Abandonam aquele que lhes é misericordioso. Os idólatras
e os desobedientes se afastam da fonte da misericórdia, que
é o próprio Deus (cf S116.11; 34.8; 36.9; Is 5S.7).
2.9 O que votei pagarei, jonas já reconhecia que a obediência,
que conserva a comunhão com Deus, vale muito mais do que
a satisfação da vontade própria, da alegria da carne, que ine-
vitavelmente leva à desgraça.
2.10 O peixe só restaurou jonas à terra, depois de em seu
coração se ter restaurado o desejo de pôr em prática a sua
vocação missionária. Agora estava em condições físicas e espi-
rituais para ouvir a palavra do Senhor que lhe veio a segunda
vez (3.1), uma palavra mansa que oferecia uma segunda
oportunidade. Foi perdoado da desobediência do passado,
havendo então uma verdadeira submissão da parte de jonas.
3.3 Três dias para percorrê-la. Aqui se refere à cidade de Ní-
nive e os seus arrabaldes, inclusive às cidades menores de
Reobote-lr, Calá e Resém, que na época do livro de Gênesis
ainda se contavam como cidades separadas (Gn 10.11-12), a
não ser que a expressão "a grande cidade" se refira ao distrito
formado pelas quatro, um distrito de 50 a 100km de diâme-
tro. Esta área incluía sítios e pastos, tanto dos ricos proprietá-
rios, como da utilidade pública.
3.4 Caminho de um dia. A viagem dos bairros à capital.
3.5 Creram em Deus. Em primeiro lugar, acreditaram no aviso
que o profeta lhes trouxe, reconhecendo que seus caminhos
não atinavam com uma vida digna diante de Deus e que
mereciam a destruição. Era o passo fundamental da fé
(cf Rm 10.17), assim como o arrependimento é o primeiro
passo para a aceitação do evangelho (Mc 1.15). Este arrepen-
dimento via-se entre os ninivitas nos símbolos externos de
proclamar um jejum e se vestir de saco (vestimenta grosseira,
pobre e desconfortável, feita de cabelo de cabritos, ou de
crina).
3.6 Rei de Nínive. Provavelmente Adad-nirari III,
810-783 a.C., que adorava um único Deus, ou ainda podia
ser Assurdã III, 771-754 a.C., durante cujo reinado houve
duas pragas e um eclipse total do sol. É claro que o rei de
Nínive também era imperador da Assíria. Assentou-se sobre
cinza. Sinal de profundo abatimepto (Et 4.1; jó 2.8). Uma das
mensagens deste livro é que até os pagãos se deixam tocar
pela pregação da palavra de Deus, e com arrependimento
verdadeiro.
3.7 Seus grandes. As autoridades ao redor do trono, que re-
presentavam o rei perante o povo e o povo perante o rei.
3.9 Se arrependerá. Heb niham "ter dó", "ter compaixão",
"arrepender-se", "consolar-se". Só o homem é quem peca e
se arrepende depois do mal que fez; quando a palavra se
aplica a Deus, quer dizer; bondosamente reter a punição que
os homens mereciam, sendo-lhes gracioso.
4.1 Desgostou-se lonas, jonas preocupava-se com o fato de
sua profecia não se ter cumprido, por causa do arrependi-
mento dos ninivitas. Não sabia que até há júbilo diante dos
anjos de Deus por um único pecador que se arrepende
(Lc 15.10).
JONAS 4.2 1282
4.2 fEx 34.6
4.3 HRs 19.4
4.8 9joh 4.3
4.11 hDt 1.39;
]n 1.2
livrar do seu desconforto. Jonas, pois, se ale-
grou em extremo por causa da planta.
7 Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da
alva, enviou um verme, o qual feriu a planta,
e esta se secou.
8 Em nascendo o sol, Deus mandou um
vento calmoso oriental; o sol bateu na cabeça
de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que
pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é
morrer do que viver!9
9 Então, perguntou Deus a Jonas: E razoá-
vel essa tua ira por causa da planta? Ele res-
pondeu: É razoável a minha ira até à morte.
10 Tomou o Senhor: Tens compaixão da
planta que te não custou trabalho, a qual não
fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa
noite pereceu;
11 e não hei de eu ter compaixão da
grande cidade de Nínive, em que há mais de
cento e vinte mil pessoas, que não sabem dis-
cernir entre a mão direita e a mão esquerda, e
também muitos animais?h
2 E orou ao Senhor e disse: Ah!
S e n h o r ! Não foi isso o que eu disse, estando
ainda na minha terra? Por isso, me adiantei,
fugindo para Társis, pois sabia que és Deus
clemente*, e misericordioso, e tardio em irar-
se, e grande em benignidade, e que te arrepen-
des do mal.
3 Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a
vida, porque melhor me é morrer do que
viver.f
4 E disse o Senhor: É razoável essa
tua ira?
5 Então, Jonas saiu da cidade, e assentou-
se ao oriente da mesma, e ah fez uma enra-
mada, e repousou debaixo dela, à sombra, até
ver o que aconteceria à cidade.
A lição do Senhor
6 Então, fez o Senhor Deus nascer uma
planta, que subiu por cima de Jonas, para que
fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o
4.2 Que Deus é misericordioso até para com os gentios )onas
já havia entendido; o que estava fora da visão dele é que nada
devia impedir que a mensagem do amor de Deus fosse pre-
gada até aos confins da terra, para que nada limitasse o al-
cance da graça divina.
4.6 Uma planta. Talvez era a mamoneira, que produz o óleo
de ncino. Cresce rapidamente, tem folhas largas, mas tam-
bém morre com facilidade, apesar da sua aparência de quase
ser um arbusto.
4.8 jonas aprendeu a dar valor a uma planta, mas ainda teve
que entender que a compaixão de Deus se estende a todas as
suas criaturas.
4.11 Cento e vinte mil pessoas sem diretrizes religiosas for-
mam um objeto mais digno da compaixão do missionário, do
que o conforto próprio.


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