Leia a Bíblia e ‘O Grande Evangelho de João’
“A Luz Completa”
“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele
vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13)
“Eis a razão, porque agora transmito a Luz
Completa, para que ninguém venha a desculpar-se
numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha
presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado
com a pureza integral de Minha doutrina e de seus
aceitadores.
Quando voltar novamente, farei uma grande
selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois
todos os que procurarem com seriedade acharão a
verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I – 91:19-20)
A Voz de Betânia
Abril de 2017
Ano XXIII – N.º 40
“E todos os que criam estavam juntos,
e tinham tudo em comum.” (Actos 2:44)
Neste número:
- O Silêncio
- “Recados do Pai”
- Excertos d’O Grande Evangelho de João
- Explicação de Textos da Escritura Sagrada
- Amor, Perdão e Busca
O SILÊNCIO
Ouvir o silêncio!
Nos dias em que vivemos não são somente os idosos que têm
problemas auditivos, mas milhões de jovens também padecem desta
enfermidade.
Quando andamos na rua ou nos transportes públicos, vemos
que muita gente está desapercebida do que a rodeia porque os
auriculares estão nos seus ouvidos e cada um ouve algo que o
desperta e faz esquecer os outros ruídos que não desejam ouvir. Este
alheamento traz consequências físicas e muitas vezes tem levado à
morte, porque as pessoas ficam absortas e são atropeladas porque
não se apercebem do perigo. Comportam-se como autómatos.
Este mês o Pai desperta-nos para reflectirmos sobre o silêncio,
não tanto o silêncio físico, mas o silêncio espiritual. Existem diversos
provérbios que dizem o que nos foi lembrado por Ele: “O silêncio é
de ouro a palavra é de prata.” Realmente, se o ouro na simbologia
bíblica representa o poder, então o silêncio tem poder.
2
Disse o Senhor: “Cada dia é um só na vida de cada um e o
silêncio me apraz mais do que tudo, porque no silêncio Eu
comunico, no silêncio Eu me revelo, no silêncio buscais a paz.”
Na nossa vivência espiritual colectiva reservamos algum
tempo semanal para orarmos pelas nossas vidas, pela obra de Deus
e pelas necessidades dos que nos rodeiam. No entanto notamos que
nessas reuniões, falamos (oramos) sempre – falamos com Deus,
muitas vezes explicando-Lhe o que Ele deve fazer e como actuar
para satisfazer os nossos pedidos. Raramente paramos para estar em
silêncio. Porquê?
Porque não conseguimos ouvir a voz de Deus e somente
ouvimos as nossas palavras. Pela fé cremos que Deus nos ouve e
responde aos nossos pedidos e são muitíssimas as provas que
atestam esta verdade, mas Deus deseja que O ouçamos ao invés de
ser Ele a ouvir-nos sempre.
Na citação que fazemos neste boletim da Explicação de Textos
da escritura, o próprio Jesus diz sobre o Seu comportamento em
relação à sua comunhão com o Pai: “Além disto, Ele (Jesus) dedicava
diariamente três horas ao repouso em Deus. Com isto, despertou
cada vez mais a Divindade plena, latente dentro do Seu coração, e a
submetia segundo o grau da Sua actividade.”
No convívio com Jesus, as pessoas que o rodeavam sabiam
que Ele conhecia os seus pensamentos e não carecia que alguém Lhe
dissesse algo, no entanto, às vezes era o próprio Senhor a pedir que
se manifestassem para que os demais pudessem ouvir e conhecer os
pensamentos do interlocutor.
Num boletim anterior (Julho de 2016) fizemos menção de
“Como escutar a Voz de Deus”, citando diversos capítulos d’O Grande
Evangelho de João. Nessa altura debruçámo-nos sobre a importância
da introspecção, mas hoje é o silêncio que que é alvo da nossa
reflexão, pois o Senhor nos diz que Lhe é mais agradável o silêncio
do que as palavras.
No silêncio podemos ouvir-nos e abster-nos do atordoamento
do mundo, pois não carecemos de argumentar com ninguém e nesta
atitude, Deus pode falar connosco, se tivermos os nossos sentidos
despertos para O ouvir.
Segundo o Senhor, é no silêncio que surge a revelação que vai
dar à nossa palavra o poder de movimentar a acção. Pensamos,
reflectimos, ponderamos e pela palavra, que de certa forma é a
força, agimos e surge a obra.
3
O grande exemplo é-nos dado por Jesus que, sendo Deus
humanizado, precisou de trinta anos de vivência no “silêncio”
(afastado do mundo como uma pessoa comum) e depois mais
quarenta dias de “silêncio” no deserto, para que pudesse agir
durante três anos e alguns meses, completando a Sua Obra
Redentora.
Comecemos a experimentar a bênção do silêncio com Deus,
apropriando-nos do conselho dado por Jesus no Evangelho: “Mas
tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta,
ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai que vê secretamente te
recompensará.” [1] Pois se o Pai é Espírito, o nosso relacionamento
com Ele tem forçosamente de ser através do espírito, conforme Jesus
esclareceu no diálogo com a mulher de Samaria: “Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”
[2]
“O silêncio é bênção, a palavra é poder.” Depois do silêncio
surge a palavra, projectando para o exterior aquilo que foi ouvido
ou pensado; e a palavra proferida tanto pode produzir bênção como
maldição.
O apóstolo Tiago, na sua carta, explica de forma extraordinária
como a língua (a palavra falada) tem um real poder. Diz ele: “Vede
também as naus que, sendo tão grandes, e levadas de impetuosos
ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a
vontade daquele que a governa. Assim, também a língua é um
pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas.” [3]
Somos convidados pelo Senhor a usar o manancial de
conhecimento que nos tem sido dado, considerando sempre que
tudo tem de ser efectuado no Amor de Deus.
Então, usemos as nossas palavras para transmitir “A Luz
Completa”, seguindo o conselho sábio do Senhor: “Pelas palavras
podeis movimentar o mundo pois elas expressam o que quereis e
sentis, elas têm poder nelas, porque revelam coisas do espirito.”
Terminamos esta reflexão com Palavras do Pai: “Ponderai
aquilo que dizeis, excluí juízos e maledicência, evitai palavras
amargas e agressivas, não condeneis, mas sim amai em palavras
também, porque tudo é Amor. Amém.”
Estes conselhos do Pai são facilmente assimilados por nós,
quando estamos no silêncio, ouvindo a Sua Voz e não, como tantas
vezes, ocupados em aumentar pela leitura a nossa bagagem de
conhecimento intelectual.
4
Prossigamos na senda da eternidade, mantendo-nos neste
caminho de disciplina e alcançaremos bênçãos aqui e no Além.
Fraternalmente em Cristo.
Pr. Egídio
[1] Mateus 6:6 [2] João 4:24 [3] Tiago 3:4-5.
***
“RECADOS DO PAI”
“Quando o Sol se levanta todos os dias para vós, existe uma
nova alvorada no vosso espírito. Cada dia é um só na vida de cada
um e o silêncio me apraz mais do que tudo, porque no silêncio Eu
comunico, no silêncio Eu me revelo, no silêncio buscais a paz. As
palavras têm o dom de tudo destruir ou construir, de amar e de
magoar, de chamar ou de expulsar. Quando comunicais expressais o
que sentis, por isso Meus filhos deveis prestar mais atenção a esse
instrumento tão valioso que tendes que é a voz e que, articulada
com o pensamento, vos revela.
Um filho Meu deve primeiro analisar o que tem, tudo o que lhe
dei e depois então ponderar o seu uso. Pior que não usar é usar mal.
Pelas palavras podeis movimentar o mundo pois elas expressam o
que quereis e sentis, elas têm poder nelas porque revelam coisas do
espírito. Revelam pensamentos, expressam emoções.
O silêncio é de ouro, a palavra é de prata. O silêncio é bênção,
a palavra é poder.
Aprendei filhos Meus a usar bem o que tendes. Ponderai
aquilo que dizeis, excluí juízos e maledicência, evitai palavras
amargas e agressivas, não condeneis, mas sim Amai em palavras
também, porque tudo é Amor. Amém.”
***
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EXCERTOS D’O GRANDE EVANGELHO DE JOÃO
SEM APLICAÇÃO DA DOUTRINA DO SENHOR NÃO
HAVERÁ CONHECEDORES DA MESMA
(O Senhor): “Aquilo que o homem necessita saber e crer é, além
disso, anotado no momento por João e Mateus. Quem o aceitar como norma
da sua vida, preparar-se-á para receber o Espírito.
Continuando, porém, inerte após tudo isto que de Mim ouviu, e não
se empenhando em viver conforme ensinam os Mandamentos, será dono da
letra ora anotada pelos Meus escrivães e por Rafael, que a escreveu para ti e
alguns outros; jamais, porém, penetrará no espírito da mesma.
De nada adiantará alguém exclamar com fé: Senhor, Senhor, pois tais
confessores estarão diante de Mim como criaturas que não Me conhecem, e
também não chegarão a tal ponto.
Afirmo-vos em verdade e para todas as eternidades: Quem não
se tornar perfeito na aplicação da Minha Doutrina, permanecendo
apenas ouvinte e, vez por outra, admirador e elogiador da mesma,
não receberá o Meu Espírito, e todo o Meu ensinamento pouco ou
mesmo nada lhe adiantará. Pois, em seguida à morte, estará com a
alma desnuda e lembrar-se-á tanto de Mim e do Meu Verbo como se
jamais tivesse tido informação a respeito, facto mui natural.
Por exemplo: Certa pessoa muito ouviu falar da grande Roma; é
informada do caminho para lá; tem os meios e oportunidade para visitar
aquela metrópole e conhecê-la inteiramente, por ter sido várias vezes
convidada por amigos que lá estiveram. Entretanto, por não dispor de
tempo e por ser muito comodista, receia os tropeços da viagem e,
finalmente, acha tal desnecessário, pois os seus amigos tantas vezes e tão
minuciosamente a descreveram, que na sua fantasia se apresenta como se lá
estivesse muitas vezes.
Eis a ideia de tal homem. Se lhe apresentássemos um quadro
autêntico da dita cidade, sem título, ele o fitaria como o boi olha para uma
nova porteira; e se o deixássemos adivinhar, levaria muito tempo para
afirmar ser o quadro, realmente, a cidade de Roma.
Digo mais: Admitamos que ele, casualmente, passe por lá sozinho e
todos lhe afiancem achar-se em outra cidade qualquer – ele acabará por
acreditá-lo.
Não é, portanto, suficiente a criatura procurar conhecimento,
seja do que for, através de relatos e leituras, pois todas essas noções
permanecem mudas e sem valor para a vida, caso não sejam postas
em contacto com a vida da alma, por meio da acção.
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A criatura que encetasse a viagem para Roma, da qual muita coisa
extraordinária lhe houvesse sido contada previamente, quando lá chegasse
iria analisar tudo, e então teria a plena verdade gravada no fundo da sua
alma, tal qual a existência da metrópole.
Caso nunca a tivesse visto, a sua imaginação se modificaria por um
relato novo e diferente; pois um quadro fantástico revezaria outro, até que
finalmente a pessoa não consegue mais fazer uma ideia razoável sobre o
assunto.
Ao passo que, tendo tido a experiência pessoal, centenas de
conversadores poderiam dar-lhe novas e estranhas descrições da sua
situação, que ela se rirá e talvez se aborreça com as mentiras atrevidas de
alguns que pretendam fazer-se importantes, expulsando-os de casa; pois
nela, vive a Roma verdadeira e não pode ser apagada por uma descrição
imaginária.
E isto porque se gravou a verdade plena, através de muito esforço e
trabalho, em sua alma e não somente no cérebro. Assimilou, assim, o
verdadeiro espírito do assunto, pela alma; o quadro fiel e verdadeiro vive,
pois, dentro dela e não mais pode ser anulado por outro, fantástico.
Por este exemplo demonstrou-se a diferença existente entre a
aparência enganadora e a verdade plena, em todas as relações. O que não se
tornou quadro vivo na alma poderá ser facilmente substituído. O mesmo
sucede com a Minha Doutrina.”
A IMPORTÂNCIA DA ATITUDE CRISTÃ
(O Senhor): “Podereis anotar a Doutrina, palavra por palavra, com
sinais indeléveis para todos os tempos, de sorte a impedir se venha a perder
uma só vírgula, prepará-la a todos os povos, que exclamarão, uníssonos: Eis
um ensinamento maravilhoso, digno de Deus. Se ninguém pusesse mãos à
obra, agindo dentro dos seus princípios e exigências, acaso seria ela de
utilidade? Em absoluto! Poderá um medicamento curar um enfermo, se ele
não o tomar de acordo com a prescrição do médico?
Porém, se a pessoa pouco souber deste Meu Verbo e, no
entanto, agir prontamente conforme ensina, terá benefício maior e
mais vivo que o outro que, embora fale de Mim e da Minha
Doutrina com o máximo respeito, jamais se decide à acção
correspondente. O primeiro verificará em sua alma o reduzido
conhecimento, e da pequena semente surgirá em breve uma grande colheita
vinda do espírito, impossível de ser destruída por um poder maldoso;
enquanto o elogiador e conservador fiel da Minha Doutrina, instigado pela
fome espiritual, açambarcará todos os outros ensinamentos – e mesmo
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assim, morrerá de fome. Seria possível uma alma reconhecer-Me no
Além, se ela não se tiver apossado, pela acção, do espírito
verdadeiro das Minhas palavras em toda a sua plenitude?
Admitamos que alguém apenas soubesse ser preciso amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, e chegasse a meditar o
seguinte: Que ensinamento grandioso! Deve existir um Ser supremo que,
pelas Suas obras, Se manifesta cheio de bondade e sabedoria; por isso deve
ser considerado, respeitado, honrado e amado muito mais que tudo na
Terra. O meu próximo é, tanto como eu, uma criatura de Deus e vive neste
mundo com os mesmos direitos. Não pode ser menosprezado, mas, em
virtude do meu raciocínio, sou até mesmo obrigado a fazer-lhe o que espero
ele me faça. Pela desconsideração, igualmente me desconsideraria, porque
também sou apenas um homem e nada mais. Reconheço isto como máximo
princípio de vida e respeitá-lo-ei rigorosamente.
Ele, então, começa a agir, a fim de convencer os que o rodeiam,
através do exemplo e ensino simples e modesto, educando a sua família
como modelo de criaturas verdadeiras e devotas. Quais serão os efeitos de
tal empreendimento louvável? Viverão em paz, e nenhum se elevará acima
do outro. O compreensivo se dá ao trabalho, com toda a paciência e amor, de
educar os incompreensivos, chamando-lhes a atenção para os milagres da
criação divina, e se alegra por ter fortificado o fraco. Isto se dando pela
acção, também é assimilado pela vida da alma, que assim se torna mais forte
e activa.”
A SABEDORIA COMO EFEITO
DA ACÇÃO AMOROSA
(O Senhor): “Quanto mais activa a alma, tanto mais lúcida se torna,
pois o fogo é o elemento básico da vida psíquica; quanto mais
poderosamente esse elemento começar a agir, tanto maior luz espargirá. A
alma se tornando plena de fogo, aumenta também a sua irradiação,
podendo, através de tão elevada luz de vida, penetrar mais e mais nos
segredos internos do espírito.
Esta percepção e compreensão mais apurada estimulam a alma no
amor e na admiração mais profunda de Deus, e tal sentimento é a primeira
fagulha do Espírito Divino dentro da psique: ela cresce de modo poderoso e,
em breve, a alma e o Espírito de Deus serão unidos, e ela será por Ele levada
a toda a Verdade e Sabedoria.
Uma vez alcançado tão profundo saber, como vos falei e exemplifiquei
durante vários dias, dizei-Me se nisto cabe a responsabilidade de ter o
homem recebido as Minhas palavras exactas e inalteradas? Não! Ouviu
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apenas as duas Leis do Amor; o resto foi a sua própria conquista, obtida
pelo vivo e consciente cumprimento das mesmas.
Alguns de entre vós se perguntam no íntimo, não obstante ter Eu Me
explicado de modo compreensivo: Como pode o simples cumprimento de
duas leis elevar a alma a tamanhas alturas de sabedoria? Eu
respondo: Por ser a alma, desde o início, assim organizada.
De que modo amadurece uma uva, apesar de ser simples planta? Pelo
efeito da luz e calor que despertam e accionam os elementos da Natureza
dentro da videira. Pela acção cada vez mais efectiva, onde se dá um atrito
constante, tornam-se eles mais fogosos e luminosos, estimulando a sua
inteligência individual; quanto mais esta se aclara, tanto mais eles se
reconhecem como pertencentes à mesma ordem, começando então a
organizar-se e a unir-se. Quando tiver alcançado a justa medida, a uva
estará madura e saborosa.
Se o sumo for bem guardado num vasilhame, os elementos
equilibrados não mais permitirão a invasão de um corpo estranho que
contenha elementos de ordem diversa, podendo perturbar o equilíbrio do
mosto. Tão logo perceba algo de heterogéneo, ele fermenta e se agita até que
tenha expelido o elemento estranho ou este se tenha submetido à sua ordem.
Isto feito, desperta o espírito da nova luz e calor pela ordem de todos os
elementos do mosto purificado, transformando-o num vinho
espiritualmente forte e puro.
Eis o efeito do Sol, isto é: da sua luz e calor. O mesmo acontece com a
criatura e a sua alma. Podendo levar a sua alma a uma maior actividade
pelo cumprimento de uma Lei da Ordem Divina, todas as suas esferas de
vida se tornam mais claras e calorosas. Isto faculta-lhe maior compreensão e
pureza, reconhecendo a Força Divina que nela se esparge mais e mais,
produzindo a sensação de vida espiritual.
Uma vez que reconheça este poder, terá aceitado a Deus, de onde
emana tal força; assim a alma será levada a amá-Lo cada vez mais. Este
amor expele tudo o que seja estranho à sua ordem vital mais pura e perfeita,
unificando-se com a ordem do Espírito Divino dentro dela. Sendo este o
efeito lógico e seguro, subentende-se que tal psique aumente em força e
poder provindos de Deus, tornando-se, assim, um verdadeiro filho do Ser
supremo.
Quando um dia deixar o seu corpo, entrando no Além em plena
consciência, de pronto reconhecerá Deus porque, em vida, já se unira a Ele,
elevando-O à consciência plena e lúcida pela simples razão de ter a
consciência do Espírito de Deus se tornado consciência perfeita da própria
alma.”
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O PROFUNDO SABER, SEM ACÇÃO
(O Senhor): “Se isto tudo só pode dar-se conforme acabo de explicar,
torna-se fútil a preocupação de se querer conservar puro o que vos foi
transmitido. Necessita o homem apenas uma semente pequenina, qual grão
de mostarda; se ele a depositar no solo da vida do seu coração, e a cuidar
activamente, surgirá uma árvore cujos galhos os pássaros celestes poderão
habitar.
Acaso os fariseus não possuem os livros completos, de Moisés e dos
profetas? Que lhes adiantam? Pois mesmo assim são lobos vorazes com pele
de cordeiro, para melhor devastarem as manadas pacíficas.
Afirmo-vos: Todo o exterior, por mais puro que seja, mata;
somente o espírito possui vida e vivifica tudo o que penetra; por
isso, reduzireis a Minha Doutrina de modo acessível, de acordo com
as necessidades gerais dos homens. Quem agir dentro dela, desperta em
si o espírito de Deus, à medida da sua actividade, e este então vivificará a
alma na luz e no fogo da Verdade Plena; deste modo, a psique será levada a
todas as profundezas da Sabedoria Divina, integrando-se daquilo que vos
falei, e ainda de outras coisas mais.
Calculai, Eu vos querer revelar, de modo analítico, toda a Minha
Criação, do mais sublime ao mais ínfimo, para cuja finalidade convocaria
muitos milhares de anjos, a fim de anotarem tal Revelação. Para tanto,
necessitaríamos quantidade tão enorme de pergaminho, a não caber num
enxame globular; e ainda mesmo todo ele escrito, dizei-Me, quando teríeis
concluído tal leitura? Presumo compreenderdes a vossa tolice.
Viajai para Mênfis, Tebas, Karnac e Alexandria, onde encontrareis
bibliotecas genuínas; mas vos garanto não haver pessoa que as lesse em
quinhentos anos. Seria necessário para tanto, no mínimo, a idade de
Matusalém. E qual o benefício de tal leitura? A sua memória começaria a
falhar de dia para dia, de hora em hora e de minuto em minuto, portanto
não tiraria o menor proveito para a sua vida.
Percebeis agora o caminho diverso que vos demonstro com a Minha
doutrina, pela qual se consegue, em curto tempo, o entendimento em toda a
sabedoria celeste?
Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida! Quem Me tiver
aceitado na alma, com amor - não só pela fé derivante da leitura,
mas pela acção perfeita - será por Mim procurado em espírito, e Eu
revelar-Me-ei a ele, iluminando-o qual Sol nado aclara os vales
obscuros da Terra.
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Com um só golpe de vista do espírito, ele perceberá mais, nas suas
bases profundas, do que pela leitura de milhares de anos, na hipótese de ele
viver tanto tempo.
Vós mesmos ouvistes muita coisa e assististes durante vários dias,
enquanto passei ensinando e agindo no vosso meio, e as vossas almas se
tornaram mais alerta e no vosso coração penetraram o amor, a fé e a
confiança plenas. Porém, se assim permanecerdes, pouca utilidade tereis
lucrado para a vossa psique, e o vosso conhecimento e saber estacionariam.
Deveis, de agora em diante, tornar-vos activos dentro do Meu Verbo;
isto vos animará e iluminará a vossa alma, permitindo ao Meu Espírito
nela habitar, para levá-los à sabedoria completa.
Nisto se baseia a Nova Escola da Vida Verdadeira e os únicos
conhecimentos de Deus e de si mesmo; denomina-se a Minha Doutrina um
Verdadeiro Evangelho, porque ensina as criaturas a caminharem na trilha
justa e genuína, para alcançarem a Vida Eterna, o Amor Único e a
Sabedoria de Deus.
A Doutrina é curta, e quando compilada num livro pode ser
lida em poucas horas. A leitura cuidadosa somente trará o
conhecimento externo à pessoa – facto necessário no princípio.
Este acto é idêntico ao primeiro passo de uma viagem; pois se devo
encaminhar-Me para Damasco sem dar o primeiro passo, subentende-se
não poder efectuar os seguintes. Ainda mesmo dando até ao quarto passo,
de nada Me adianta caso estacione, achando mui cansativo prosseguir até
chegar àquela cidade.
Demonstrei-vos nitidamente o que vos cabe fazer para alcançardes
realmente a Vida Eterna e toda a sua justiça. Agi deste modo, que a Minha
promessa se cumprirá em todos; pois de tudo aquilo que até hoje revelei, isto
é o mais importante para a vossa vida!
Pela revelação dos inúmeros milagres das Minhas criações, muito
haveis aprendido; contudo sabeis apenas o que ouvistes e assististes, nada
mais. Por esta explicação apontei-vos, minuciosamente, o que todos devem
fazer, a fim de alcançarem a ilimitada contemplação de todos os milagres
das criações infinitas de Deus, que perdurarão eternamente.”
(O Grande Evangelho de João – V – 121-124)
***
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EXPLICAÇÃO DE TEXTOS DA ESCRITURA SAGRADA
(Revelação dada pelo Senhor ao profeta Jakob Lorber)
Capítulo 8
“E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como
se cuidava) filho de José.”
(Lucas 3:23)
Quem é Ele? O próprio Senhor desde eternidades e sempre O será!
Como podia contar quase trinta anos se Ele era eterno? O Eterno criou a Si
mesmo para uma criatura humana, pela primeira e última vez, e como tal
também contava o tempo que desde eternidades estava Nele.
Ele iniciou a Sua missão doutrinária; como Deus ou como Homem?
Sendo tomado como filho do carpinteiro, fica provado que começou a Sua
doutrinação como Homem. Deus se relacionava Nele – Jesus, filho de José –
assim como o espírito se relaciona com cada homem. Ele tem que ser
despertado primeiro por uma actividade adequada, surgida do amor, até
poder agir de própria autoridade como ser independente. Portanto, o filho
de José iniciou a sua Missão doutrinária como Homem e não como Deus. A
Divindade se apresentava às vezes quando Jesus a liberava pelas acções.
Sem elas, Ela nunca se apresentou.
Como fora possível que este Homem de trinta anos iniciasse uma
missão para a qual são necessários grandes estudos e erudição? De onde
Lhe vinha a sabedoria?
- Nós o conhecemos bem; como filho de José aprendeu o Seu ofício e
sabemos que nunca frequentou escolas; também estamos lembrados que
jamais, em qualquer ocasião, fez a leitura de algum livro. Era simples
operário; no entanto tornou-Se professor e a Sua doutrina é enfática e cheia
de sabedoria. Quanto tempo faz que construiu um estábulo com os irmãos?
Vede as Suas mãos calejadas. No entanto, é professor e até profeta sem ter
frequentado a escola dos essénios.
Por tal testemunho que foi dado sobre Ele em Cafarnaum se conclui
que Nele não se manifestava a Divindade, de contrário os comentários
seriam outros.
De onde este Homem puro alcançou tamanha capacidade doutrinária
se nunca leu e estudou? Ele a devia simplesmente à Sua acção. Esta nascia
unicamente do Seu grande Amor constante para Deus e o próximo. Ele
oferecia toda a acção a Deus, visando exclusivamente o benefício do
próximo. Além disto, Ele dedicava diariamente três horas ao repouso em
Deus.
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Com isto, despertou cada vez mais a Divindade plena, latente dentro
do Seu coração, e a submetia segundo o grau da Sua actividade. Quando
atingiu os trinta anos, a Divindade estava tão consciente Nele a ponto de
receber a faculdade excepcional, através do Espírito da Sabedoria de iniciar
a missão que Lhe fora dada.
Este foi o prólogo. E como deve soar o epílogo? Muito curto, isto é:
“Fazei vós também o mesmo.”
Não julgueis que se possa despertar o Espírito divino através de
muitas leituras e estudos; pelo contrário, agindo deste modo ele é morto e
enterrado. Sede activos segundo as regras da vida, que o vosso espírito se
tornará vivo, encontrando dentro de si tudo aquilo que não teria encontrado
pela leitura de mil livros.
O espírito estando vivo, também podeis ler, e pela leitura ou o ouvir
do Meu Verbo colhereis frutos de semente ou base viva. Sem o anterior
despertar do espírito, lucrareis somente a casca vazia do fruto sem semente
viva, isto é, sem o entendimento espiritualmente vivo.
O corpo é apenas a casca externa que cai e apodrece; a alma é o
alimento e o corpo do espírito. Se ledes apenas para enriquecer o
conhecimento intelectual, qual será o lucro para o espírito ainda não activo
na medida certa? Eis porque repito: Não sejais apenas ouvintes, mas
praticantes do Verbo, que vivereis conscientemente o conteúdo divino
dentro de vós.
***
AMOR, PERDÃO E BUSCA
Sabemos que o supremo amor de Deus é um amor espiritual
de pureza e magnanimidade absolutas.
Tão grande que a nossa mente não consegue entendê-lo
porque está para além da nossa compreensão.
E como tal, é perdão. Deus é Amor e Perdão!
Ele não nos olha com olhos humanos, mas observa as nossas
fraquezas, lamentando os nossos fracassos com infinita misericórdia.
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Para nós humanos, é mais fácil amar do que perdoar.
Esquecemos, mas não perdoamos … difícil de entender, não é
verdade?
Porque somos imperfeitos e massa corrupta que facilmente
se deixa aliciar e moldar pelas ofertas do mundo.
Ora o entendimento vem através do conhecimento, e o
conhecimento através da busca, se desejamos aprender qual é o
trilho correcto que nos conduz ao Pai.
À medida que vamos conhecendo a Verdade, tornamo-nos
mais inclinados a perdoar as ofensas que nos fazem, reconhecendo
que possivelmente também ofendemos os outros com mais
frequência do que julgamos; pois o nosso ego, que é arguto e subtil,
tende a ser generoso e parcial no que nos diz respeito.
Nós é que somos as vítimas, considerando-nos, muito
raramente, culpados do que quer que seja.
Por isso é importante pedir a orientação Divina para sermos
capazes de ser justos quando julgamos alguém; este é um processo
gradual. Os seus resultados não são de efeito imediato. Pois tal
como um fruto leva várias estações para se tornar comestível e
agradável ao paladar, nós também temos de assimilar a pouco e
pouco o que vamos aprendendo, e amadurecer espiritualmente.
É como tudo na vida:
Há quem fique satisfeito com uma refeição pré-cozinhada;
pondo-a no forno ou micro-ondas em poucos minutos está pronta
e, acompanhando-a com um refrigerante, o comensal sente-se
satisfeito.
Outros há que, embora mais lenta e elaborada, portanto,
mais trabalhosa, preferem preparar a sua refeição de forma
convencional, cientes de que o resultado final será mais saudável e
lhes será de maior proveito.
Então, ele começa por limpar e depois colocar madeira no seu
forno, aguarda que se transforme em brasas vivas, após o que coloca
nele o cordeiro que preparou para o seu alimento, e põe também ao
lado um pão que irá cozer em simultâneo.
Não inverte as situações, pondo a mesa primeiro.
Antes disso, coloca os seus alimentos no forno, e enquanto
estão cozendo e assando, então vai colocar o jarro de vinho, os
copos, os talheres e os pratos onde será servida a refeição que
preparou com esmero.
Porque para tudo existe uma ordem, ou sequência natural.
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Espiritualmente o processo é idêntico:
Há quem fique contente com comida rápida, sem conteúdo, e
há outros que buscam o amor e o perdão; buscam a pureza da
verdade sem artifícios.
Alegórica e espiritualmente falando: O processo de limpar o
forno, é limpar o nosso interior, por forma a torná-lo pronto a
receber o que nele irá ser colocado.
A lenha é o madeiro da cruz; as brasas, o amor
incomensurável de Cristo; e o Cordeiro representa Jesus, Deus
connosco, que aceitou vir ao mundo, tornar-se homem e morrer na
cruz para nos salvar. Sem mácula, deixou-se imolar por tanto nos
amar. Ao verter o Seu precioso sangue no monte do Calvário, Ele
redimiu todos os nossos pecados, permitindo desta forma o acesso
ao Pai e à vida eterna que nos estava vedada.
O pão, que está ao lado no forno da Verdade, é o Seu corpo
que foi entregue por nós e que representa o Seu Verbo; sem o
comermos, ninguém terá lugar com Ele no Paraíso.
O vinho, que representa o Seu sangue, já está na mesa
aguardando para ser bebido, completando a consumação.
Não devemos ter pressa em aceitar o que ouvimos ao fazermos
as nossas opções de vida, sem analisarmos tudo em profundidade.
Há quem pense que só irá entregar-se ao serviço da obra do
Senhor quando tiver alcançado fortuna que lhe permita fazê-lo
desafogadamente e sem restrições materiais. Outros porém fazem o
que podem com as ferramentas disponíveis, atentos à
Palavra: “Olhai para as coisas do Alto e todas as outras vos serão
acrescentadas” (Mateus 6:13)
Há quem tenha as suas prioridades um pouco confundidas. Já
vi muitos crentes fiéis lançarem mão do arado, focados no Senhor, e
o Pai foi-lhes abrindo as portas e a obra realizou-se milagrosamente.
Busquemos pois o reino de Deus, jamais pensando em obter
algo em troca. Cuidando das coisas do Reino, Ele certamente
cuidará de nós. Haverá fracassos pelo caminho? Com certeza.
Mas esses fracassos levam-nos a reconhecer as nossas
limitações, como podemos ler na Escritura: “Foi-me bom ter sido
afligido, para que aprendesse os teus estatutos” (Salmo 119:71)
Deus espera que possamos reconhecê-lo como único e
verdadeiro Senhor e Salvador, com a total liberdade de entrarmos
na Sua presença e estar com Ele. Deus quer que cada um dos seus
filhos possa, não só ter uma maior intimidade com Ele, mas ser
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capaz de “viajar” ao mais profundo do Seu coração e ouvir o Pai
dizer: “Eu te amo; estou sempre a teu lado.”
Devemos dar prioridade ao que realmente tem valor, pois os
nossos sentimentos e convicções orientam a nossa caminhada neste
mundo. Todo o cuidado é pouco com a manifestação da alma; os
pensamentos, sentimentos e emoções podem afectar-nos para o bem
ou para o mal. Escolhamos o Bem. Se desejamos alcançar um
coração sábio, busquemos o Amor e o Perdão com todas as forças
do nosso ser, pois só assim a nossa vida tem sentido.
E não esqueçamos a revelação recebida do Alto em Fevereiro
de 2016, onde o Senhor nos diz: “Vós sois os Meus pés e as Minhas
mãos na terra, através dos quais o bem é realizado; sois a parte
humana que se move e actua no Meu Amor.”
Irmã Manuela
***
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Leia a Bíblia e ‘O Grande Evangelho de João’
“A Luz Completa”
“Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele
vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há-de vir.” (Evangelho de João 16:13)
“Eis a razão, porque agora transmito a Luz
Completa, para que ninguém venha a desculpar-se
numa argumentação errónea de que Eu, desde a minha
presença física nesta terra, não Me tivesse preocupado
com a pureza integral de Minha doutrina e de seus
aceitadores.
Quando voltar novamente, farei uma grande
selecção e não aceitarei quem vier escusar-se. Pois
todos os que procurarem com seriedade acharão a
verdade.” (O Grande Evangelho de João – volume I – 91:19-20)
IGREJA EVANGÉLICA BETÂNIA
Rua de Damão, 289 e 297
4465-119 SÃO MAMEDE DE INFESTA
– PORTUGAL –
www.refugiobetania.org
refugiobetania@gmail.com
NIF: 510 601 960
IBAN: PT50 0036 0188 9910 0037 251 13
SWIFT: MPIOPTPL
(Distribuição gratuita)
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